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Resenha: O Dia do Curinga


   E o livro da vez é, O Dia do Curinga! Eu sei, eu sei, fazia tempo que eu não vinha resenhar um livro, mas a espera acabou. Eu, verdadeiramente, ando sendo uma péssima leitora e lendo bem pouco, ou lendo livros que eu não tenho vontade de resenhar, mas esse livro, eu não podia deixar de falar dele. O Dia do Curinga é um daqueles livros meio especiais. Quando eu estava na oitava série, meu professor de Matemática, cujo nome não me recordo, mas sei que o apelido era Perdigão, mandou eu ler esse livro. Só que eu nunca tinha encontrado o livro, até o final do ano passado.... Portanto, vamos falar de O Dia do Curinga?! 

   De autoria de Jostein Gaarder, O Dia do Curinga conta a história de Hans-Thomas, um garoto de doze anos, e seu pai, um filósofo meio beberrão. Eles estão em uma viagem a caminho de Atenas para trazer de volta, Anita, mãe de Hans, que os deixou a oito anos. Entretanto, paralela à viagem e à história deles outra história se desdobra, uma história contida em um misterioso livro que vai parar na mão de Hans-Thomas de um jeito inusitado e curioso. Nas páginas do livro desdobram-se mitos gregos, maldições de família, náufragos e cartas de baralho que ganham vida, transformando a viagem de Hans-Thomas em uma iniciação à busca do conhecimento.

   O Dia do Curinga é um livro, um tanto, complexo e quase confuso, porém muito fascinante. Durante todo o livro você se vê diante de questionamentos filosóficos, conversas extremamente inteligentes e curiosas, Filosofia é uma coisa que não falta no livro. Inicialmente, ele é meio parado, mas assim que o livro misterioso entra na história tudo muda. A narrativa paralela que se desdobra e a maneira como ela vai se encaixando aos poucos com a história do próprio Hans-Thomas torna tudo muito instigante. Você quer ler mais e mais e mais, você precisa entender qual a relação existente entre as duas narrativas. Você precisa saber o que está acontecendo nas páginas do livrinho misterioso, mas para isso você precisa de Hans-Thomas.

   Ler O Dia do Curinga foi como retornar às minhas aulas de Filosofia do colegial, talvez mais, talvez eu tenha experimentado algo novo, algo que eu nunca experimentei antes. Ao final do livro você entende o valor de um Curinga, o que é um Curinga.... Você quer ser também um Curinga! Na verdade, toda a abordagem das cartas de baralho é genial. Todas as sacadas que envolvem as cartas de baralho são muito boas. Um baralho é algo verdadeiramente comum. Todo mundo já viu um, todo mundo já utilizou um. Todo mundo sabe que o baralho contém 52 cartas divididas em quatro naipes diferentes, mas ninguém dá atenção para o que você pode pensar a partir disso. E então, junto a essas 52 cartas nós temos o Curinga e em nenhum momento eu tinha percebido o quão importante pode ser um Curinga. O Curinga não é de Ouros, nem de Copas, nem de Paus, nem de Espadas; ele não é Ás, não é Rei, Valete ou Dama; um Curinga não tem nenhuma relação ou parentesco com nenhuma das outras 52 cartas, ele é completamente diferente, e ainda assim ele está lá, no mesmo baralho, junto com as outras. E muitas vezes, um Curinga é, exatamente, o que precisamos! Me digam se não é genial? Como ninguém nunca tinha pensado nisso antes?!

   É muito difícil falar sobre O Dia do Curinga, porque para explicar sobre o livro é necessário falar muitos spoilers, se não nada faz sentido, de fato. Eu ainda estou absorvendo tudo o que eu li, acreditem. Basicamente, em O Dia do Curinga se desenrolam duas narrativas paralelas e a segunda narrativa serve para iniciar Hans-Thomas na arte de filosofar. As coisas que ele lê no livrinho vão entrando na cabeça do menino e ele não consegue não pensar sobre elas. Ao mesmo tempo, você, enquanto leitor, não consegue não pensar na história contida no livrinho e nem na própria história de Hans-Thomas. Confuso, complexo, inexplicável, mas instigante.


   Enfim, depois de ler O Dia do Curinga eu fiquei com ainda mais vontade de ler O Mundo de Sofia, pois ambos são do mesmo autor. Isso sem contar o fato de que eu nunca mais vou olhar para um baralho normalmente de novo. Depois de O Dia do Curinga um baralho nunca mais será apenas um baralho. Para quem gosta de livros fáceis de ler, porém que façam pensar é uma ótima pedida. Para quem tem mania de filosofar e adora uns bons questionamentos aleatórios é super recomendável. Sendo sincera, todo mundo devia ler O Dia do Curinga, pois só lendo você vai conseguir entender um pouco o que eu estou tentando falar aqui. São muitos questionamentos, são tantas coisas nas quais pensar... Só lendo para saber, mesmo. Portanto, leiam O Dia do Curinga. Há cada ano que passa ocorre um Dia do Curinga e nesse dia coisas inimagináveis acontecem!

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