
O livro foi escrito durante a Segunda Guerra Mundial, mas diferente das
outras histórias que li da época, A Dama do Lago não se foca na guerra. O
cenário mundial é citado algumas vezes, mas não é nada que interfira
diretamente no enredo.
A Dama do Lago tem dois pontos que me chamaram bastante atenção:
primeiramente, o mistério, em si, é mesmo muito bom. Porém a narração.... Vou
começar pelo ponto que eu poderia chamar de negativo, a narração. O livro não é
mal escrito, mas a quantidade de vezes que expressões como "e eu
disse" ou "e ele (a) disse" aparecem me incomodou bastante.
Muitas vezes a narração estava super fluindo, a história super se desenrolando
aí BAM vinha uma dessas frases e rolava aquela quebra sabe? Talvez eu esteja
acostumada com outros tipos de livros, livros onde as falas são introduzidas de
forma um pouco mais natural.... Não sei, o fato é que isso me incomodou. Outro
ponto incomodo, ainda no quesito narração, é que o livro é narrado em primeira
pessoa. Porém, algumas vezes, eu tinha a impressão de que o narrador meio que
se perdia e soava mais como um narrador de terceira pessoa. Então, eu ficava
meio confusa e tinha de reler. Por conta disso, eu não gostei tanto do livro
quanto poderia ter gostado.
Entretanto, nem só de narração vivem livros de mistério; na verdade,
livros de mistério vivem muito da trama em si e essa merece elogios. A Dama do
Lago é o tipo de livro no qual você consegue prever alguns poucos elementos.
Por conta disso você começa a pensar que vai prever também a resolução do caso.
Quando o livro chega na metade, o leitor acha que já sabe como tudo vai acabar,
mas não sabe. O autor usa um recurso bem interessante que é fingir revelar o
culpado de tudo, mas, no fim, dar a cartada final e mostrar que as coisas não
eram bem assim. Gostei muito dessa forma de apresentar os fatos. No penúltimo
capítulo eu achava que já sabia de tudo e só estava lendo porque faltava pouco
mesmo. Eu já estava começando a me indignar e não acreditando que o desfecho
seria aquele, porém, no último capítulo percebi estar bem errada. Eu fui feita
de boba pelo autor e isso, num livro de mistério, é ótimo. Livros com casos a
serem solucionados devem ser assim mesmo, fazer não só os personagens, mas o
próprio leitor de bobo. Enganar todo mundo, pelo menos de forma parcial e A
Dama do Lago faz isso de uma forma muito boa e elegante. Já li outros livros do
gênero antes e me arrisco a dizer que este, em quesito desenvolvimento dos
fatos, é o que mais possui reviravoltas. Foi mesmo prazeroso resolver esse
mistério ao lado de Marlowe.
Num panorama geral o livro é bom. Exceto o que comentei quanto à
narração, não achei nada de muito negativo. Acho que a resolução do caso
compensa os pontos fracos da narração. Considero A Dama do Lago uma boa opção
para aqueles que gostam de um romance policial, uma narrativa de mistério,
cenas com tiros e uma ambientação entre os anos trinta e quarenta.
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