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Resenha: Daytripper

“É apenas quando você aceita que vai morrer que consegue realmente se libertar...
...e aproveitar a vida ao máximo.
Este é o grande segredo.
Este é o milagre.”


    Você já parou para pensar quais são os dias mais importantes da sua vida? Quais são os momentos que você nunca, em hipótese alguma, irá esquecer? Esse é um dos questionamentos levantados em Daytripper, dos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá. A história em quadrinhos tem como protagonista Brás de Oliva Domingos, milagroso filho de um mundialmente famoso escritor brasileiro. Brás passa os dias escrevendo obituários enquanto sonha se tornar um autor de sucesso — ele escreve o fim da história de outras pessoas enquanto sua própria nem começou. Mas quando sua vida irá começar? E, quando isso acontecer, será que ele irá perceber? Começará ela aos 21 quando ele conhece a garota de seus sonhos? Ou aos 11 quando dá seu primeiro beijo? Quando seu primeiro filho nasce? Quando pode ter encontrado sua voz como escritor?  Cada dia na vida de Brás de Oliva Domingos é como uma página de um livro e cada um deles revela as pessoas e coisas que fazem Brás ser Brás. Como em toda grande história seus dias têm reviravoltas que ele nunca foi capaz de prever... 

    A palavra que melhor descreveria tudo que Daytripper é capaz de representar seria “lindo” ou talvez “lírico”, sem deixar de ser surpreendente. A sinopse da história te dá uma leve ideia do assunto abordado na obra, entretanto, a história completa vai muito mais além. Ver a vida de Brás se desenrolando diante dos seus olhos te faz pensar em sua própria vida e não só nisso, te faz pensar na vida como algo geral, como uma quase entidade. O que você tem feito da vida, afinal? Como você deveria viver a sua vida? O que é, exatamente, viver? São uma enorme gama de questionamentos que parecem não ter solução e talvez não tenham mesmo.

  
  A maneira como a obra se apresenta e te insere nessa atmosfera questionadora é, deveras, cativante. Esteticamente falando é tudo muito bonito. Cada ilustração, desde as menores até as mais grandiosas, soa cheia de significados. As expressões das personagens, as cores, os traços... tudo se junta para criar um clima que te aproxima do protagonista e de seus dilemas, fazendo com o que o leitor se veja e se imagine naquela situação. O que não é tão difícil assim, dado ao fato que a temática “vida” é algo que toca à grande maioria das pessoas.  

   Outro ponto de destaque de Daytripper é a qualidade literária discursiva da obra; não são só as ilustrações, não é só a temática, a linguagem escrita também é muito bem executada. A imagem criada pela língua se conecta com as ilustrações tornando a experiência de leitura mais profunda e agradável.

   Os personagens também geram uma simpatia considerável, desde o protagonista Brás, passando por sua esposa, seu pai e seu inseparável amigo, Jorge. Todos os personagens têm suas marcas características e suas próprias formas de lidar com suas vidas. Esses personagens fazem parte da jornada de Brás, ao mesmo tempo que fazem sua própria jornada. 

   Daytripper é, sem dúvidas, uma história linda e emocionante, com um toque lírico e uma arte de encher os olhos. Os acontecimentos da vida de Brás e a forma como ela é contada convidam o leitor a pensar em sua própria vida e refletir a temática da obra: quais os dias mais importantes da sua vida? Afinal, quando a vida começa?




Resenha: Maus


   E a resenha de hoje é Maus! De autoria de Art Spiegelman, Maus é um romance gráfico, ou seja, um livro em quadrinhos. Por que usar o termo correto se eu posso falar o português claro, né? Enfim, o livro é sobre o holocausto e eu só li porque "tacaram" ele na minha cara. Como assim? Bom, eu estava expressando minha profunda obsessão pela Segunda Guerra Mundial e o holocausto, aí uma amiga minha (que mora comigo) me tacou o livro na cara e me mandou ler. Se eu recusaria algo assim? Nunca! 

    Em Maus, Art conta a história de como seus pais sobreviveram ao holocausto. Na verdade, ele conta muita coisa sobre os pais dele; como eles se conheceram, toda a perseguição que os judeus sofreram na Polônia e como isso afetou os pais dele, os tempos que eles passaram no campo de concentração, enfim, é muita coisa mesmo.

   O que mais me impressionou e cativou em Maus, foi a maneira como as pessoas são retratadas. Art não retrata os personagens como pessoas, mas sim como animais. Os judeus são ratos, os poloneses porcos, os alemães gatos e os americanos cachorros, é muito, muito fera mesmo! O livro é incrivelmente genial. Eu nunca tinha lido um "livro em quadrinhos" antes. Eu li algumas HQs infantis e alguns, vários, mangás; porém, uma HQ desse porte foi a primeira vez.

   Não haveria uma forma melhor de retratar a história dos pais de Art do que em desenhos. É tudo muito bem feito, é impactante, é fantástico! Quando são mostradas as pilhas de corpos e outras cenas "fortes", por assim dizer, principalmente no que se refere aos campos de concentração, tudo fica muito realista... O que faz todo o sentido e é esperado, afinal, trata-se de uma história real. Cara, é muito triste...

   Por incrível que pareça eu não chorei; talvez porque o holocausto me choca tanto que nem existem mais lágrimas pra chorar. Aquelas pessoas eram reais, elas passaram por tudo aquilo, elas morreram de verdade é... é revoltante é... ai, cara, não sei explicar todos meus sentimentos com relação a tudo isso. O holocausto é um dos maiores cúmulos da crueldade que já aconteceu na história da humanidade e isso ainda afeta as pessoas e os acontecimentos é... ai, não sei explicar mesmo!


   Voltando a Maus: se você tem fixação pela Segunda Guerra você precisa ler. É uma super experiência, é super comovente, é muito perfeito. Eu queria muito conseguir explicar tudo o que eu senti lendo, porém é inexplicável! Okay, isso soou confuso, mas é que só lendo você consegue entender, exatamente, o que eu tô tentando dizer... Então, como a minha resenha não é capaz de expressar toda a genialidade e grandeza de Maus, vou encerrá-la com uma frase da minha amiga que me emprestou o livro: "Leiam Maus, porque Maus é do caralho!"