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O que você está fazendo no fim do mundo? Está ocupado? Poderia nos salvar? - Sukasuka (resenha)

“Prometemos ficar juntos para sempre.
E esse voto me trouxe felicidade.
Eu percebi o quanto o amava
E essa realização me trouxe felicidade.
Ele me disse que me faria feliz.
E aquelas palavras me trouxeram felicidade.
Ele trouxe uma quantidade incrível de felicidade
e alegria para minha vida.
É por isso que posso dizer com toda certeza,
e ninguém pode me convencer do contrário,
que eu sou a garota mais feliz do mundo agora. ”

      A ficção possuí centenas de histórias de amor. A ficção também possuí dezenas de histórias de guerra. Não são raras, ainda, as narrativas de um futuro pós-apocalíptico onde nem a Terra, nem os humanos são mais os mesmos. Entretanto, talvez, seja um pouco menos corriqueiro o surgimento de histórias que consigam unir todos esses elementos. 

    Shûmatsu Nani Shitemasuka? Isogashii desu ka? Sukutte Moratte Ii desu ka? (O que você está fazendo no fim do mundo? Você está ocupado? Poderia nos salvar?, em tradução livre para o português), mais comumente conhecido como Sukasuka é uma narrativa que combina todos os ingredientes citados acima. A obra, uma série de light novel roteirizada por Akira Kareno e ilustrada por Ue, foi adaptada para anime durante a temporada de abril desse ano e conta com doze episódios.

   A história de Sukasuka se passa num futuro distante, quinhentos anos após a extinção dos humanos pelas mãos de terríveis Bestas. As raças sobreviventes agora residem em ilhas flutuantes no céu, fora do alcance de todos. Apenas um pequeno grupo de garotas, as Leprechauns, são aptas a utilizar as armas antigas necessárias para afastar as Bestas, garantindo a segurança da população. Essas meninas vivem uma vida instável e passageira, onde um chamado para a morte pode ocorrer a qualquer momento. No meio disso tudo surge um personagem improvável: um jovem que perdeu tudo em sua batalha final quinhentos anos atrás, o último ser humano vivo que acaba de despertar de um longo sono congelado. O humano, Willem, irá se envolver com as Leprechauns e juntos eles irão compreender gradualmente o que significa família e procurar proteger suas vidas.

   Sukasuka é uma história que, logo nos primeiros cinco minutos de episódio já deixa bem claro a que veio. A narrativa inicia-se com uma espécie de prólogo, para então retroceder e começar a contar a história propriamente. Neste curto prólogo já é possível perceber que Sukasuka será uma história permeada por drama e pelo elemento da morte, perfeito para emocionar o expectador.

      Não é spoiler dizer que Sukasuka termina em tragédia, uma vez que desde o início o expectador já tem uma boa ideia de qual será o final da narrativa; na verdade, tragédia é uma palavra ótima para descrever a obra. Um dos elementos utilizados para classificar uma tragédia é a ideia de uma história que “começa bem e termina mal”, e pode-se dizer que, de uma certa forma, Sukasuka é um pouco assim. Um pouco, claro, afinal não se pode dizer que uma narrativa onde garotas adolescentes lutam contra bestas, podendo morrer a qualquer momento, comece “bem”. 

    Entretanto, deixando de lado a definição de tragédia, Sukasuka continua lindo e emocionante. Apesar da alta carga dramática, capaz de causar até mesmo uma espécie de tensão na narrativa, a obra não soa melodramática nem piegas. Não é um drama forçado, ou uma novela mexicana, a carga sentimental é inserida devagar, em doses quase homeopáticas, preparando o expectador para o que estar por vir. Mais do que isso, ainda que você saiba o que está por vir, em alguns momentos aparece um ou outro raio de esperança.

    Para além disso, existem ainda momentos cômicos que servem para aliviar a tensão e o romance existente entre os protagonistas, fio condutor de toda a narrativa, é muito bonito, fofo e convincente.

   Veja bem, têm-se um mundo onde os humanos não existem mais, as raças que sobraram vivem em ilhas suspensa e há bestas sanguinárias prontas para atacar a qualquer instante. As únicas capazes de garantir a segurança desse mundo são garotas absurdamente jovens. Junto de tudo isso, têm-se um casal que precisa ser desenvolvido de uma forma que torne o elemento trágico convincente, de uma forma que comova o expectador. E dá certo! O casal é convincente, a narrativa é convincente, os personagens e a mensagem que tentam passar, tudo convence.

   Muito provavelmente, parte dos créditos pelo bom funcionamento da história deve ir para os personagens, em especial os dois protagonistas e as Leprechauns. Willem Kmestch é o grande protagonista da história. Ele é o último humano vivo e acaba de acordar de um sono muito longo, porém possui vários arrependimentos por ter falhado várias vezes em proteger as coisas que amava. Sem ter o que fazer ou para onde ir, Willem acaba arranjando um emprego como gerente de um armazém onde se encontram armas especiais. É nesse trabalho que se encontra novamente com Chtolly, uma garota com quem ele já havia cruzado na cidade antes.

       Chtolly Nota Seniorious, por sua vez, é uma das Leprechauns. Sua função é lutar contra as Bestas e por isso sua vida pode acabar a qualquer instante. Ela é uma garota muito dedicada, que cuida muito bem das Leprechauns mais novas, além de ser absurdamente forte. Não é surpresa nenhuma ela se apaixonar por Willem após encontra-lo novamente. 

    No que diz respeito à demais Leprechauns, elas são várias, cada uma com sua peculiaridade. As mais novas são absurdamente fofas e as mais velhas possuem um grande senso de responsabilidade com relação ao trabalho que desempenham. Porém, o que as une de forma inquestionável é o pouco valor que dão às suas próprias vidas.

     No mundo em que estão inseridas as Leprechauns são armas vivas, sua função é simplesmente proteger as ilhas flutuantes. Elas sabem que podem sucumbir a batalha em qualquer momento e não hesitam em descartas suas vidas para derrotar um oponente que seja muito forte.

      Toda a questão do pouco valor que as jovens garotas dão a si mesmas, somado à ambientação da história, mais o desenvolvimento da relação entre o Willem e Chtolly dão base à narrativa de Sukasuka e tornam a obra tão atrativa. É bonito, dramático, triste e deveras sofrido, sem deixar de ser engraçado e aquecedor em vários momentos. As relações que as Leprechauns travam entre si e as transformações que o convívio entre elas e Willem realizam em ambos é algo muito bom de se acompanhar.

      Sukasuka é aquela história que desde o primeiro instante o expectador já sabe o que o aguarda, sem grandes surpresas. Aos poucos, a narrativa vai construindo o caminho que o levará para o derradeiro fim. E embora já se saiba o que esperar, cada passo da jornada é valioso e ao chegar ao destino têm-se uma espécie de sensação de dever cumprido, misturado com um aperto no peito de saudade e a certeza de que valeu a pena toda a trajetória.


“Prometemos que sempre ficaríamos juntos
E essa promessa me trouxe paz.
Percebi o quanto ela significava para mim.
E perceber isso me deixou alegre.
Eu disse a ela que a faria feliz.
E aquelas palavras me deram satisfação.
Ela me deu tantas coisas
que eu achei que nunca teria.
Mas eu...”





Criando uma heroína chata - Saenai Heroine no Sodatekata Flat (resenha)

“Blessing Software não desaparecerá”

      “Quando um otaku dá tudo de si, é melhor abrir caminho”, essa foi a mensagem que ficou ao final da primeira temporada de Saenai Heroine no Sodatekata. Pouco mais de um ano depois, o anime retorna para uma segunda temporada, Saenai Heroine no Sodatekata Flat, fazendo o que já era bom ficar melhor ainda. 

     Para quem, infelizmente, não conhece convém explicar um pouco do enredo:  Saenai Heroine no Sodatekata, mais popularmente conhecido como Saekano, é baseado em uma light novel escrita por Fumiaki Maruto e ilustrada por Kurehito Misaki. O enredo gira em torno do protagonista Aki Tomoya, um otaku que após um impressionante encontro com uma garota numa ladeira, resolve fazer um galge moldando sua heroína na garota que avistou no fatídico dia. Para conseguir realizar o jogo, Tomoya conta com o apoio de Kasumigaoka Utaha, Sawamura Eriri, Hyodo Michiru e Kato Megumi, a garota com quem ele teve o “encontro predestinado”. Juntos, eles formam a equipe de doujin, Blessing Software.

      Nesta temporada, todos os personagens já tão conhecidos e amados pelo público que acompanha Saekano retornam ainda melhores. Dessa vez, o anime teve uma maior carga emocional e aprofundou melhor as personalidades e relações entre alguns personagens. Foi uma narrativa mais profunda e impactante do que a primeira temporada, isso sem deixar o humor de lado e sem perder a mão. 

      Os destaques do arco foram, com certeza: o desenvolvimento da personalidade da Kato, o relacionamento entre Kato e Tomoya, e o relacionamento entre Utaha e Eriri. A primeira temporada foi um pouco mais focada na representação do Tomoya e em mostrar o tipo de pessoa que ele é, otaku profissional, por assim dizer. Aki Tomoya é um cara que não tem vergonha de ser quem é de verdade, um otaku muito bom em ser otaku, e essa é uma das suas maiores qualidades. A temporada anterior também apresentou as personalidades das heroínas, dando um pouco mais de destaque para Eriri e Utaha.

        Nessa segunda temporada, entretanto, foi a vez de Kato brilhar. Kato Megumi é, como bem se sabe, a heroína do jogo; ela é a garota usada como molde para desenvolver a protagonista do jogo que a Blessing Software desenvolve. Para além disso, a palavra “boring” não seria capaz de descrever Megumi com exatidão. Na primeira temporada ela é mostrada como uma garota sem muitas emoções, o tédio em pessoa, a primazia da apatia... àquela que não se encaixa em nenhum estereótipo. Chamá-la de chata ou de personagem sem graça ainda seria um equívoco, pois a garota não se encaixa nem mesmo nesse tipo. Enfim, Kato foi a garota que encantou a todos por ser simplesmente ela mesma.

       Porém, essa Kato de Saekano Flat veio para desmontar todas as certezas que você tem sobre ela. Kato demonstra emoções, não uma, mas várias... O bastante para deixar Tomoya confuso e o espectador com o coração na mão. Da raiva à gentileza, Megumi trilha um caminho que a torna uma personagem cada vez mais interessante, fazendo-a cair de vez nas graças do público.

      Como consequência disso, sua relação com Tomoya vai se desenvolvendo pouco a pouco, enchendo tanto o protagonista, quando o público, de certezas e incertezas. Os dois protagonizaram cenas lindas nos mais variados sentidos. Sentimentais, emocionantes e, obviamente, absurdamente engraçadas. A química da dupla só fez aumentar nesses onze episódios, deixando o espectador curioso para saber o que mais vai acontecer nas próximas etapas da narrativa.


       Todavia, não só de Kato viveu Saekano Flat, embora ela tenha sido uma das estrelas, Utaha e Eriri também tiveram seus momentos. E que momentos! Essa temporada explanou um pouco melhor como iniciou-se a relação entre Utaha e Eriri e foi além, estreitando os laços entre as duas. Apesar das desavenças, as garotas se respeitam mutuamente como criadoras de conteúdo e as cenas que evidenciaram tal afirmação foram de encher os olhos, inclusive de lágrimas.

        Os onze episódios que compuseram essa segunda temporada foram, absurdamente, lindos. A carga sentimental era exata, as expectativas sempre superadas e a introdução de novos dilemas e dramas foi sútil, dando um ritmo gostoso de acompanhar à narrativa. Se na temporada anterior já não haviam motivos para tédio, nessa então, nem se fale. A cada episódio, a cada piscar de olhos, o expectador se via diante de algo que, se não era inesperado, era no mínimo cativante, talvez até extasiante.  

      O padrão técnico de qualidade foi mais ou menos o mesmo da temporada anterior. A animação é acima da média e linear, ganhando muito com relação às cores e à ambientação. A trilha sonora também foi bastante bonita; o conjunto música + animação, tanto da abertura, quanto do encerramento foi muito legal de se ver.

           Infelizmente, nessa temporada não houveram muitos momentos da Michiru nem da Izumi, de fato as duas desaparecem completamente na metade da temporada, em prol do desenvolvimento das personagens e relações citadas. Mas, em uma terceira temporada, elas podem vir a retornar com uma força maior.

       Saekano é uma daquelas obras que em um primeiro olhar não parece apresentar nada de novo sob o sol. É a história de um grupo de otakus desenvolvendo um jogo e possuí um protagonista e várias heroínas, um padrão harém. Porém, os personagens são ótimos e carismáticos, com um bom desenvolvimento, e a narrativa tem uma carga emocional muito interessante.

       Acompanhar Saekano é uma experiência muito agradável, cada episódio é interessante à sua maneira e te deixa empolgado pelo próximo. A narrativa é capaz de envolver o público, contendo momentos consideravelmente impactantes.

        Foi um dos animes mais gostosos de acompanhar da temporada de abril, um mix de emoções semanal, que deixou a todos com gostinho de quero mais. Engraçado, carismático e portador de fortes emoções, Saekano foi em 2015, e ainda é uma ótima pedida. Saekano Flat balançou não só as estruturas e as emoções de seus personagens, como também daqueles que assistiram ao anime, provando que o adjetivo “chato” do título (saenai) não serve para descrever a obra.


“Por favor, faça-me novamente uma heroína

Que todos ficarão com inveja”











Resenha: Nejimaki Seirei Senki: Tenkyou no Alderamin

“Todo herói morre de cansaço”

   Toda temporada de animes que se inicia é como uma espécie de primavera, ainda que ela não se passe na dita estação. A cada nova temporada várias séries diferentes estreiam e, acompanhando-as, iniciam-se também uma infinidade de comentários, expectativas, decepções — as vezes acontece — e surpresas! Estas últimas podem ser agradáveis ou não, no caso de Alderamin, agradável é o mínimo para descrevê-lo. A série foi a agradável surpresa da temporada de julho de 2016. 

   Nejimaki Seirei Senki: Tenkyou no Alderamin é originalmente uma série de light novel escrita por Bukuto Uno e ilustrada por Sanbasou (volumes de um a cinco) e Ryuutetsu (volume seis em diante). Além do anime, há também um mangá baseado na série escrito por Taiki Kawakami. O enredo da história é o seguinte: A República de Kioka está em guerra com seu vizinho, o Império Katjvarna. Nessa região, devido a algumas circunstâncias, havia um jovem se preparando a contragosto para o exame de Oficial Militar de Alta Classe. O jovem em questão é Ikta Solork. Ele é um preguiçoso que odeia guerras. Ninguém previu que o gentil Ikta se tornaria um soldado referido até mesmo como um grande comandante. Ele sobreviveu a um mundo envolto em guerra com seu gênio superior. As cortinas se abrem ilustrando sua vida, dinâmica e dramática, e sua esplêndida e fantasiosa história militar.

   Alderamin se passa num cenário de guerra, porém, isso não chega a ser algo assim tão diferente. A história não é a primeira, nem será a última a estar imersa num universo dessa espécie. Entretanto, Alderamin é instigante. Conforme a narrativa vai se desenvolvendo, existem passagens que podem servir de ganchos para várias discussões e reflexões. Os diálogos, os fatos e os personagens levantam questões interessantes como a relação entre religião e Estado, qual o papel da religião na vida de um povo, a honra de um soldado, até que ponto um soldado deve seguir as ordens de seus superiores, a relação entre religião e ciência, como a ciência pode ser libertadora... Entre outras coisas mais. Alderamin tem uma narrativa instigante, com uma carga de densidade considerável, sem deixar de ser divertido à sua maneira. O anime é capaz de te deixar ansioso para o próximo episódio e, durante a duração deste você não sente o tempo passar. É interessante, agradável, instigante. 

   Além da narrativa bem construída, talvez um dos animes adaptados de novel possuidor de uma das narrativas mais bem construídas até o ponto em que foi adaptado, os personagens de Alderamin também são muito interessantes. A começar pelo protagonista, Ikta. Apesar de ser preguiçoso e, até mesmo, um pouco mulherengo, ele é grande estrategista. Ikta também costuma ser fiel à suas concepções e tem um lado muito gentil. É um protagonista carismático, por vezes até mesmo engraçado, que faz com que o espectador simpatize com ele. A forma como ele vence os inimigos através de suas estratégias também é algo fascinante.

   Ikta tem como melhor amiga Yatorishino Igsem. Yatori é a protagonista feminina da série, ela faz parte de um clã que integra o exército há muitos anos, famoso por lutar utilizando duas espadas. A garota possuí longos cabelos vermelhos e é extremamente fiel ao seu dever como soldado. Muitas vezes, Yatori vê a si mesma apenas como uma arma pronta a servir o exército, porém Ikta está sempre a postos para lembra-la que ela é um ser humano. A relação de Yatori e Ikta é outro ponto positivo de Alderamin. Os dois são grandes amigos desde muito tempo, legítimos companheiros, a dupla perfeita. O que existe entre os dois é uma parceria total, é muito bonita a maneira como eles se tratam, se ajudam e se preocupam um com o outro. Yatori é uma mulher forte e gentil, sempre pronta para dar uns puxões de orelha em Ikta quando preciso; Ikta, por sua vez, está ao lado de Yatori para o que der e vier dentro e fora do exército. Juntos eles são quase imbatíveis.

   Outra personagem importante de Alderamin é a princesa, Chamille Kitra Katvarnmaninik. Inicialmente ela tem treze anos e aparenta ser muito frágil. De fato, por ser uma princesa, ela nunca é colocada na frente de batalha. Chamille tem uma áurea um pouco mimada e levemente antipática em alguns momentos, entretanto, ela está longe de ser uma completa ingênua. Ela conhece Ikta e Yatori num navio a caminho do exame para Oficial Militar; no mesmo navio se encontram também Torvay Remion, Matthew Tetdrich e Haroma Becker.

   Torvay Remion é membro de uma família conhecida por manejar rifles de ar. Por conta disso ele é muito bom com armas, embora não tenha muita confiança em si mesmo. Torvay é muito gentil e cumpre seu dever com muito afinco; aos poucos ele vai se tornando mais confiante e amadurecendo cada vez mais. 

   Matthew Tetdrich, por sua vez, faz parte de uma família menos conhecida do que Yatori e Torvay. Matthew tem muita vontade de provar seu valor e é muito barulhento. Ainda assim, ele é muito corajoso e sabe que é capaz de fazer as coisas. Já Haroma Becker tem habilidades no campo da medicina; é uma garota muito bonita e doce, e uma médica responsável.

   Ikta, Yatori, Chamille, Torvay, Matthew e Haroma formam um grupo muito interessante. Algumas circunstâncias, logo no início da história, fazem com que eles tenham de trabalhar juntos. Por conta disso, eles acabam se tornando companheiros e essa relação progride conforme a narrativa caminha. Eles confiam em sua capacidade e na capacidade uns dos outros, formando uma boa equipe em várias situações.

   Em relação a parte mais “técnica” de Alderamin não existem muitas coisas para se criticar. A animação é boa e linear; já a trilha sonora casa perfeitamente com o clima da animação. A abertura é agitada o suficiente para deixar o espectador preparado para o episódio que virá a seguir e as músicas de fundo durante as batalhas dão um toque e um clima especiais para a cena toda.

   Nejimaki Seirei Senki: Tenkyou no Alderamin foi a agradável surpresa da temporada passada. Com uma narrativa instigante sem deixar de ser divertida, personagens cativantes e cenas regadas com uma boa trilha sonora, o anime conquista, lentamente, o espectador. Alderamin conta a história do caminho militar de Ikta Solork em meio à guerra entre a República de Kioka e o Império de Katjvarna. Quais serão os desafios desse caminho e como essa guerra acabará?

“Para alguém que odeia soldados, a família imperial e heróis, é um papel perfeito para você. Por isso não hesite, Ikta Solork”.

Resenha: Re: Zero Kara Hajimeru Isekai Seikatsu


    Vez por outra, no maravilhoso (ou nem tanto) mundo do entretenimento, aparece alguma obra que causa uma grande comoção. Uma daquelas que dá, literalmente, muito o que falar. Esta obra pode ser um filme, um livro, uma música, uma banda ou um anime, por que não? De tempos em tempos aparece aquele anime que todo mundo comenta, que a grande maioria assiste e cujos comentários sobre são, em sua maioria, positivos. O famigerado anime que une todas as tribos. Esse é o caso de Re: Zero Kara Hajimeru Isekai Seikatsu. 

    Estreante da temporada de abril desse ano, Re Zero foi muito assistido e, obviamente, muito comentado. A história é originalmente uma série de light novel escrita por Tappei Nagatsuki e ilustrada por Shinichirou Otsuka; a série conta, atualmente, com oito volumes publicados. O enredo gira em torno de Natsuki Subaru, um jovem que é subitamente invocado para um mundo desconhecido. Sem ter a menor noção do que fazer ou para onde ir nesse misterioso local, Subaru acaba por conhecer uma jovem meio-elfa de cabelos prateados. Não muito tempo depois os dois são assassinados; então, Subaru acorda e descobre quem tem a habilidade de “retornar pela morte”. Sempre que morre o garoto acorda em um ponto anterior ao dos acontecimentos que lhe levaram ao trágico final, ele retém todas as suas lembranças até o momento que morreu, porém somente ele sabe das coisas que aconteceram e que ainda estão por vir. Após voltar no tempo pela primeira vez, Subaru decide que fará de tudo para salvar a garota de cabelos prateados.

    Num primeiro olhar Re: Zero não tem nada de mais; é um enredo que não foge muito de uma grande gama de coisas que encontramos por aí. Entretanto, desde já adianto que Re: Zero tem alguns toques especiais. Primeiramente, preciso deixar claro que é bem difícil para mim falar desse anime. Eu assisti os vinte e cinco episódios; durante e depois de assistir tudo refleti muito sobre minha opinião com relação à obra em si. Creio que, mesmo agora, ela ainda esteja se firmando. Cada vez que relembro toda a trajetória do anime e as sensações que ele me causou compreendo melhor o que penso sobre a obra.

Para começar, vou tentar fazer um balanço das minhas impressões sobre o enredo do anime. Um apanhado geral para depois discutir alguns outros pontos. Comecemos pelo começo, então. Quando fiz minha lista de animes da temporada de abril Re: Zero não estava entre eles. A sinopse não me chamou a atenção, eu já estava com muitos animes na lista, apenas passei por cima. Então, o anime estreou. Vi várias pessoas comentando sobre o primeiro episódio, em especial sobre a atitude do protagonista. Acabei ficando curiosa e fui conferir. A minha impressão do primeiro episódio foi: legal. Foi um episódio com uma boa animação, introduzindo a história da narrativa e um final com um gancho capaz de deixar o telespectador curioso. Quanto ao Subaru, também não tinha nenhuma opinião grandiosa. Ele parecia meio idiota, só. Em suma, era legal, mas nada espetacular.  Na semana seguinte assisti o segundo episódio, que não me empolgou nem metade do que o primeiro. Pensei “é, vai ficar só nessa dele morrendo e voltando para tentar salvar a garota mesmo...”; então, veio o terceiro episódio. Esse me empolgou. Teve ação, enfim uma batalha verdadeiramente boa, e a bela garota de cabelos prateados ganhou mais destaque deixando a posição passiva na qual, até então, estava sendo deixada. Fiquei feliz ao perceber que a história seria menos repetitiva do que eu havia pensado, eu estava enganada, ainda bem. Então, veio o episódio quatro e cinco e vi Subaru ficar preso num arco de repetição péssimo para ele. Entretanto, do quarto ao sexto episódio, a história não havia me tocado. Era tecnicamente bem executado, eu entendia o sofrimento do Subaru, mas faltava alguma coisa; talvez pelo fato de minha relação com Subaru ficar entre a indiferença e a antipatia. A chegada do episódio sete serviu para dar uma sacudida nas coisas; o final do sétimo episódio foi bom o suficiente para me deixar consideravelmente curiosa para o próximo. Os episódios seguintes também me agradaram, embora não alcançassem o mesmo impacto que o sétimo. Ainda assim, foram episódios nos quais não percebi o tempo passando. No episódio doze o anime entrou em uma nova fase e, é logo depois disso, que a história entra num patamar cujo adjetivo bom se torna, definitivamente, justo. Os episódios referentes à seleção real na capital não foram os meus favoritos, entretanto foi a partir deles que minha antipatia pelo protagonista aumentou. Mais do que isso, minha indiferença desapareceu e eu comecei a sentir raiva, de fato, do Subaru. Ele me irritava o tempo todo. Porém, é a partir do episódio quinze que as coisas dão uma guinada de vez, culminando no episódio dezoito que é genuinamente bom. Este episódio, o episódio de número dezoito, é inegavelmente bom. A trilha sonora, os diálogos, a emoção que é passada, a tensão.... Tudo é feito para tocar o expectador e consegue. Os episódios seguintes, apesar de não tão avassaladores, também são satisfatórias. Terminando sempre de uma forma que te deixa curioso para assistir o próximo. Nesse recurso, destaque para o episódio vinte e quatro que tem um plot twist que pode ser esperado, mas que causa um impacto quando acontece. Em resumo, a trajetória da narrativa de Re: Zero é evolutiva. Ainda que a história não seja a melhor do mundo, ela é evolutiva e tem recursos capazes de prender a atenção.

     Pensando na narrativa enquanto enredo, como já disse, não é nada espetacular. Inclusive, tem algumas falhas visíveis, e não estou me referindo a coisas que ainda podem ser corrigidas nos volumes posteriores da série. Como exemplo é possível citar a personagem Felt. Ela aparece nos primeiros episódios, desaparece, retorna no episódio da seleção real e, mais uma vez, some sem deixar vestígios. Ainda no plano do sumiço temos o desaparecimento da personagem Rem, já nos últimos episódios, sem nenhuma explicação de para onde ela foi.

     Um outro aspecto que sempre me incomodou em Re: Zero é o fato do Subaru amar a Emilia, a garota de cabelos prateados, sem nenhum motivo aparente. Não adianta tentar justificar, no fim das contas a ideia passada é que ele a ama porque ela é bonita, nada além disso. A posição passiva em que Emilia é colocada também acaba me desagradando um pouco. A garota tem potencial, ela é capaz de cuidar de si mesma, mas acaba ficando sempre apagada, tendo grandes cenas em pouquíssimos momentos.

Pensando o enredo num todo, de uma certa forma, ele é uma grande salada. Tem elfos, tem empregadas, maldições, bruxa misteriosa, culto religioso... Tem de tudo para todos os gostos. Porém, talvez eles se conversem e se equilibrem de alguma forma.

Entretanto, se o enredo de Re: Zero não é um dos mais bem trabalhados do mundo, os personagens são um aspecto mais bem feito. Assim como a trajetória da história, os personagens de Re: Zero também são evolutivos. Eles se desenvolvem. Não todos, claro, mas alguns e isso já é algo bom o bastante. Pensemos, por exemplo, a Rem. A garota aparece logo na primeira metade da narrativa juntamente com sua irmã, Ram. Aos olhos de todos Rem não passava de uma personagem secundária, mas ela cresce de uma forma maravilhosa. A garota se torna mais densa, mais importante e conquista o público de uma forma incrível.

     Outro personagem que também se desenvolve é o próprio protagonista. Ele me fez passar do desinteresse para a implicância, então a raiva, e mesmo assim me fez torcer por ele. Particularmente, ainda não gosto muito do Subaru, mas ele é capaz de causar reações. As pessoas gostam ou desgostam dele, isso é bom. Causar reações e sensações no público significa que o personagem é mais complexo, é sinal de que ele é capaz de fazer o expectador pensar sobre ele e seu papel na narrativa. É uma das coisas que caracteriza um bom personagem.

   Em Re: Zero, nem todos os personagens são desenvolvidos, mas quando ocorre o desenvolvimento ele é bem feito. Esse é, para mim, um dos melhores pontos da narrativa. Foi isso que fez com que eu não abandonasse a história, mesmo quando não estava totalmente convencida por ela. 

    Outra coisa que eu gosto em Re: Zero é a grande quantidade de boas personagens femininas que a história possuí. Rem, a empregada da mansão que acaba por roubar a cena completamente; Emilia, a meio-elfa que apesar de parecer estar sempre meio apagadinha tem momentos que acentuam uma personalidade; Beatrice, a responsável pela biblioteca da mansão, com um humor nem sempre muito bom; Crusch, uma das candidatas à seleção real, com um semblante e atitudes duronas, mas uma pessoa fantástica... E por aí vai. São personagens femininas boas, elas não são apenas objeto decorativo. Pensando na imagem inicial que Re: Zero me passou, isso me soou, no mínimo, surpreendente.


     De uma forma geral, Re: Zero ganha o status que têm por conta, justamente, desse fato: a surpresa. Num primeiro olhar, não é comum se esperar muita coisa de Re: Zero. A obra é evolutiva. Evolutiva enquanto narrativa, evolutiva enquanto desenvolvimento de personagem, evolutiva com relação aos finais dos episódios... Depois do quinze, o fechamento do episódio sempre acaba te deixando ansioso para o próximo. Isso é ótimo para uma série que ainda está em lançamento. Dessa forma o anime ganha o público, as pessoas querem saber o que vai acontecer. Esse é um mérito que não se pode tirar de Re: Zero.

Tecnicamente, o anime também é bem executado. A animação é boa e linear; dá uma caidinha nos episódios mais para o final, mas só para deixar para fazer as coisas bem-feitas no último episódio. A trilha sonora também é legal e combina muito com as cenas. Esse é outro ponto positivo da obra, pensando nela como série de anime.

    Num todo, Re: Zero foi um bom anime. Não tem o enredo mais impecável do mundo, mas tem coisas positivas o suficiente para fazer ganhar a atenção e agradar ao público. De zero a dez, Re: Zero mereceria, a meu ver, uma nota entre sete e oito, dependendo do que você vai presar mais na hora de dar o veredito. Se eu recomendaria Re: Zero para as pessoas? Com certeza, a história tem elementos para todos os gostos, o que torna possível que agrade uma grande quantidade de pessoas.

    Em suma, foi divertido acompanhar Re: Zero. O anime me surpreendeu bastante, eu não esperava nada mesmo, e foi uma boa experiência aguardar os episódios, curiosa. Afinal, Re: Zero é isso mesmo: uma salada de várias coisas; um genuíno anime capaz de unir todas, ou ao menos várias, tribos.

Resenha: Haruchika - Haruta to Chika wa Seishun Suru


Nada se compara ao prazer de encontrar uma mídia com uma temática que te agrada absurdamente. Nada se compara à satisfação de ser fisgado por uma ideia, uma premissa, uma promessa... Nada se compara à frustração de ver as suas expectativas não sendo atendidas. Infelizmente, foi exatamente isso o que aconteceu com Haruchika.

Haruchika: Haruta to Chika wa Seishun Suru foi um anime pelo qual me interessei pela sinopse, embarquei pelo PV e fui desanimando pouco a pouco conforme o seu desenrolar. A história gira em torno de Haruta e Chika, dois adolescentes membros do clube de instrumentos de sopro de sua escola que está prestes a fechar. Os dois são amigos de infância e passam seus dias praticando seus instrumentos e tentando recrutar novos membros para o clube. Até que um certo incidente acontece e eles se juntam para resolver o mistério.

Quando li que Haruta e Chika faziam parte de um clube de metais fiquei instantaneamente animada. Sou apaixonada por histórias que envolvem música, sejam elas encontradas em filmes, animes ou livros; o clube de metais me chamou a atenção. Quando assisti o PV achei o visual e o clima tão bonitos que não pensei duas vezes antes de adicioná-lo a minha lista. Ao assistir o primeiro episódio, a abertura me soou tão bonita de forma que não pude deixar de pensar que ia mesmo gostar muito do anime. Infelizmente, eu me enganei.

Antes de continuar, queria deixar claro que vou tentar ser o mais justa possível ao falar de Haruchika. Não acho que a palavra ruim seja a correta para descrevê-lo, prefiro a palavra frustrante. Eu me senti, de uma certa forma, enganada pelo anime. Ele me prometeu uma coisa e me deu algo diferente, porém, esse algo diferente não foi capaz de me conquistar.

A premissa inicial de Haruchika é ser um anime sobre música. A sinopse te promete isso, o PV te promete isso, a abertura te promete isso, existem personagens na história que querem ser músicos profissionais... Toda a conjuntura inicial da história te diz: isso é um anime sobre música; é uma história sobre um clube de metais. Entretanto, no desenrolar da narrativa o clube de metais é completamente deixado pra escanteio. Ele não recebe o menor destaque, se tornando apenas um plano de fundo. Em um determinado momento, percebe-se que não faria a menor diferença se Haruta e Chika fossem membros de um clube de economia doméstica ao invés de um clube de metais. A história é sobre resolver mistérios, não sobre música.

Nesse momento talvez alguém me acuse de estar sendo inflexível. Talvez, só talvez, eu não devesse me importar com o fato do clube de metais se tornar algo quase irrelevante para a história. Porém, vamos pensar um pouco: imagine que você compra um doce e na embalagem está dizendo que é chocolate com essência de morango. Você o compra porque está com vontade de comer chocolate, mas, uma vez que a embalagem é aberta, você se vê diante de um doce de morango com uma única gota de chocolate. Por mais gostoso que seja o doce de morango você fica chateado, afinal, você queria chocolate, não doce de morango. O que acontece com Haruchika é exatamente isso.

Sendo sincera, o doce de morango não é excepcionalmente gostoso; embora seja bem-feito, seu sabor é apenas aceitável. Explicando melhor: alguns mistérios são bem bolados, outros são medianos. Ironicamente, ou não, o mistério do primeiro episódio é bom. Ele é bem pensado, dá um nó interessante na sua cabeça e você se sente envolvido o bastante para tentar resolvê-lo. A partir do segundo episódio as coisas já não fluíram tão bem, alguns mistérios foram bem interessantes, outros tinham um baita potencial e tiveram desfechos medianos ou até mesmo decepcionantes.  

Já em relação ao clube de metais que ficou de plano de fundo, a ambição dos integrantes de conseguirem tocar em um grande concerto é desenvolvida de uma maneira qualquer. Antes que você perceba o concurso do qual a banda participa já está acontecendo e, após uma única piscadela, eles já estão na parte final da competição. Dá pra ficar bem espantado com a rapidez do andamento dessa parte secundária da história. Entretanto, não vou negar que a apresentação deles foi bonitinha.

Deixando um pouco de lado a narrativa e seu desenrolar gostaria de falar um pouco dos personagens. Vou citar apenas três deles, pois os outros vão aparecendo pouco a pouco e alguns aparecem de um jeito até que interessante, portanto, prefiro deixá-los escondidos.

Comecemos pelo Haruta, um dos protagonistas. Ele é um personagem interessante, é perspicaz, inteligente e observador. Basicamente, quem resolve os mistérios é o Haruta. O garoto tem sempre uma resposta na ponta da língua e sente um prazer imensurável em provocar Chika, sua amiga de infância. Ele também é apaixonado por Kusakabe, o professor responsável pelo clube de metais. Isso é algo que eu gosto em Haruchika, pela primeira vez um personagem homossexual está inserido numa história onde a narrativa não é focada em sua homossexualidade e o foco não é sua relação afetiva. Não que haja algum problema com yaoi e shounen-ai, longe disso, apenas é interessante e importante ter um personagem assumidamente gay numa narrativa onde o foco não é romance. Afinal, existem personagens heterossexuais em todos os tipos de história e já passou da hora de personagens gays serem inseridos nessas mesmas histórias de uma forma natural e respeitosa. Quando o Haruta diz pra Chika que é apaixonado pelo Kusakabe ela se preocupa com o fato de tê-lo como rival, não com o fato dele ser um garoto gostando de alguém do mesmo sexo. Também é importante frisar que o Haruta não tem os trejeitos excessivamente afeminados, ou caricatos, ele é um personagem como qualquer outro. E é personagem bem construído e carismático.

Quanto à Chika, a primeira coisa que preciso dizer sobre ela é que se trata de uma tsundere. Entretanto, ela é uma espécie de tsundere em negação, talvez. Chika é agressiva, desastrada e barulhenta, mas tenta aparentar calma, concisão, maturidade e ser fofa. De fato, fofa ela é, já madura, concisa e calma... A garota até que tenta, mas Haruta sempre a provoca obrigando-a a mostrar seu lado irritadiço. Essas cenas são bem engraçadas, as cenas dela e do Haruta são engraçadas. Ela também é apaixonada pelo Kusakabe e tem um bom coração e bastante vontade de ajudar os outros. Por algum motivo ela me irrita um pouco, mas não é como seu a considerasse uma personagem ruim. Só tenho uma predileção pelo Haruta mesmo.

O terceiro personagem mais importante da história, por assim dizer, é o Kusakabe. Ele é o professor responsável pelo clube de metais do colégio de Haruta e Chika. Kusakabe tem uma boa aparência e um ar calmo e misterioso, também é bastante dedicado e preocupado com os alunos. Ele foi considerado um gênio no meio musical e era um famoso maestro que acabou por largar tudo para se tornar professor. Existe um mistério rondando essa sua renúncia repentina ao seu futuro promissor; mistério esse que permeia toda a narrativa sendo citado em doses homeopáticas. Por um lado, isso é bom porque não torna a questão cansativa, por outro lado dá quase para esquecer desse elemento da história. Entretanto, na metade da narrativa aparece um novo fato que reaviva essa questão que, felizmente, é resolvida até o final do anime.

Embora considere os personagens de Haruchika interessantes, eles não foram suficientes para barrar meu desagrado. Entretanto, eu prometi ser justa com o anime, então é importante falar que ele é bem executado. A trilha sonora é legal, a animação é bem-feita (pelo menos não me lembro de ter visto nada desagradável nesse aspecto em nenhum dos episódios. Sim, eu assisti todos eles), a abertura e o encerramento são bonitos. Técnica e visualmente Haruchika é agradável; não é um anime malfeito... Bom, talvez o desfecho do último episódio pudesse ter sido feito de uma forma um pouquinho diferente; não digo quanto à narrativa em si, mas sim quanto à organização do fechamento do episódio em si. Entretanto, não acho que apenas isso seja suficiente pra criticar execução geral do anime, nesse quesito arriscaria dizer que ele foi impecável.  Ainda assim, apesar de ser bem-feito, o produto da narrativa não me deixou aproveitar essa boa execução. Talvez eu esteja sendo muito chata e inflexível, sim talvez eu esteja, mas o desenvolvimento da história não conseguiu me tocar. A narrativa não me encanta. Quando penso em Haruchika penso em “propaganda enganosa”, por isso não digo que ele é necessariamente ruim, mas sim frustrante.

Haruchika pode vir a ser uma experiência interessante para alguém que esteja procurando um anime sobre mistérios e que entre nessa com consciência disso, para quem espera outra coisa talvez não funcione muito bem. Pelo menos não funcionou comigo. Eu esperava que o anime fosse muito bom, porém foi frustrantemente mediano. Mas tudo bem, a vida segue, afinal, nem sempre que temos as expectativas correspondidas, não é mesmo?  


Resenha: Chuunibyou Demo Koi ga Shitai!


    Chuunibyou. A síndrome da oitava série. Aquela época da vida em que os adolescentes resolvem ser diferentes de tudo e de todos, chegando até mesmo a fingirem que possuem poderes especiais. Esse é um dos elementos chaves que permeiam o enredo de Chuunibyou Demo Koi ga Shitai! Originalmente uma light novel escrita por Torako, com ilustrações de Nozomi Osaka, a obra ganhou uma adaptação para anime em outubro de 2012, um filme em 2013 e uma segunda temporada em janeiro de 2014. 

    A história gira em torno de Togashi Yuuta, um garoto que está para entrar no Ensino Médio. Entretanto, durante o Fundamental, Yuuta sofria do famoso chuunibyou. O garoto se autodenominava Dark Flame Master e acreditava ter poderes especiais. Agora, prestes a começar o Ensino Médio, Yuuta só quer deixar seu passado embaraçoso para trás e ter uma vida escolar diferente. Porém isso não será assim tão fácil graças à existência de Takanashi Rikka, sua vizinha e colega de classe, que ainda sofre de chuunibyou e conhece sua antiga identidade.

    Chuunibyou é um anime que eu queria assistir já faz um bom tempo, mas vivia enrolando, sempre encontrando uma desculpa diferente. Como são duas temporadas eu decidi fazer um post só para as duas de uma vez, então, sim, isso pode acabar se tornando um texto muito longo. Vou tentar dar o mínimo de spoiler possível, mas não posso garantir que vai ser cem por cento livre de spoilers, principalmente na parte da segunda temporada. Então, vamos lá.

Chuunibyou Demo Koi ga Shitai!



 Ah, a primeira temporada! Eu gosto muito dessa primeira temporada, eu gosto mesmo, mais do que da outra. Eu gosto porque apesar de Chuunibyou ser um slice of life, apesar de aparentemente ser só garotinhas fofas fazendo gracinha e o Yuuta respirando pesadamente pós alguma peripécia da Rikka, essa temporada aborda, sim, algo mais sério.

   A forma como o chuunibyou da Rikka, mas também o chunnibyou em si, é tratado é algo que fez com que eu gostasse ainda mais da história. Além dos personagens, além das piadas, além da animação de qualidade já esperada de um anime da Kyoto Animation. No momento em que eu percebi que havia, sim, uma perspectiva de abordagem do chuunibyou ali, no meio de tudo aquilo, eu gostei ainda mais de todo o conjunto da obra e do enredo.

    Como essa é a primeira temporada, é nela que são apresentados os personagens e todo o panorama da história. Acho os personagens de Chuunibyou todos muito carismáticos. Todos são fofos, engraçados e adoráveis à sua maneira. Todos. Tanto, que considero indispensável falar deles. 

    Começando por Togashi Yuuta, o protagonista mor, por assim dizer. O Yuuta, como a própria sinopse já mostra, sofria de chuunibyou durante seu Ensino Fundamental. O garoto se autodeclarava Dark Flame Master e acreditava ter poderes especiais. Acontece que o tempo passa, o Yuuta amadurece, e deixa de lado a síndrome da oitava série. Então, ele começa a se sentir envergonhado dos seus tempos de Dark Flame Master e quer deixar tudo aquilo para trás. Yuuta busca uma nova vida escolar, um recomeço, por isso ele vai para uma escola onde ninguém o conhece. Ele não quer ser apontado por ninguém como "o garoto que dizia ter poderes e estava sempre sozinho agindo como se desprezasse todo mundo". Entretanto, para além de um ex-chuunibyou, o Yuuta tem algo mais. Acho que ele tem, talvez, uma gentileza enraizada nele. Isso sem contar que ainda não abandonou completamente seu lado chuuni, se é que isso é possível, e a maneira como ele se relaciona com a Rikka é também muito interessante. Acho que talvez a palavra compreensivo exemplifique um pouco. Ele compreende a Rikka, isso é legal. 


    E falando em Takanashi Rikka, o que podemos dizer da garota que estraga todos os planos do Yuuta? Rikka e seu tapa-olho utilizado para selar seu poder. Rikka, a Wicked Eye. Rikka e suas frases que ninguém entende. Rikka que parece que nunca fala nada com nada. Rikka sempre tão fofinha... Acho a Rikka fantástica, mesmo. Ela é fofa, é engraçada, tem um bom desenvolvimento, principalmente nessa primeira temporada, tem um passado e usa um tapa-olho! Eu disse que gosto da relação que o Yuuta tem com a Rikka e isso, obviamente, se estende para a relação que a Rikka tem com o Yuuta. Ela não desiste, trata o Yuuta como Dark Flame Master mesmo que ele não queira mais ouvir esse nome; a Rikka enxerga a última pontinha de chuunibyou presente no Yuuta e esse é o começo de uma relação muito legal, mesmo.



Tratando-se de Rikka, não é possível deixar de lado sua serva, Sanae Dekomori. Se autodenominando Mjolnir Hammer, Dekomori conheceu Rikka pela internet e, desde então, se tornou sua serva. Ela é, simplesmente, a mais fofa. Não tem pra ninguém, não adianta. Aquelas marias-chiquinhas loiras, os pesos nas pontas, aquela voz fantástica... A Dekomori é uma peste! E isso é maravilhoso! Demorei um bom tempo pra decidir se tinha com ela uma relação de puro amor ou se eu queria esganá-la. A primeira opção ganhou. Dekomori é engraçada, uma serva dedicada e responsável por grande parte dos escapes cômicos ao longo do anime. Como? Atormentando a pobre Nibutani.

    E quem é Shinka Nibutani? Bom, no começo ela é apenas uma bela garota da turma do Yuuta. Os cabelos longos e brilhantes, a mais bonita da turma, as maiores notas... Nibutani é a estudante perfeita. Mas não, não é bem assim. A garota tem um passado: por mais incrível que pareça, ela também já sofreu de chuunibyou. Sua identidade era Mori Summer, uma maga de mais de cem anos. O objetivo dela é o mesmo de Yuuta, deixar todo esse negócio de chuunibyou para trás e recomeçar. Entretanto, com a presença de Rikka e, consequentemente, de Dekomori, uma grande devota de Mori Summer, não é nada fácil. Assim como Yuuta, Nibutani morre de vergonha do seu passado, ela chega a rolar, literalmente, no chão de vergonha. Também possuí um lado muito agressivo e um grande desejo de aceitação, mas é uma pessoa bem prestativa e uma amiga dedicada.


    Pode não parecer, mas no meio de todos esses chuunibyou e ex-chuunibyou existem pessoas normais. Ou quase normais, afinal, não sei se normal é uma palavra muito boa para descrever Kumin Tsuyuri. A garota é um ano mais velha que os demais personagens, sendo, portanto, a veterana, vulgo senpai. A Kumin só dorme. Ela praticamente dorme o anime todo; tem uma voz super calma e sonolenta, e é muito fofa. Toda essa fofura e gentileza consegue conquistar o coração de um de seus kouhai, Makoto Isshiki. E não, ela não tem chuunibyou. 

    Acho que quando o assunto é o Makoto, normal também não descreve muito bem. Apesar de não possuir a síndrome da oitava série Makoto é muito engraçado. Na verdade, ele é muito idiota. E também tem um pouco daquele estereótipo de garoto que vai para o ensino médio e quer "fazer sucesso com as mulheres", por assim dizer. Makoto é o primeiro amigo que o Yuuta faz na escola.

Além dos personagens adolescentes, considero importante a presença de Takanashi Touka. Ela é uma cozinheira profissional e não tem um bom relacionamento com a irmã, Rikka. A Touka também soa muito séria e agressiva, mas esse jeitão dela a torna engraçada em muitos momentos. E no fim das contas ela só quer ajudar a Rikka sair dessa de chuunibyou e mais algumas outras coisas que tem de assistir o anime para descobrir.

    Ainda falando de irmãos, vou citar Kuzuha e Yumeha, as irmãs mais novas do Yuuta. A Kuzuha tem um ar muito responsável e, de fato, ela é mesmo bem responsável. Já a Yumeha é muito novinha e só é fofa mesmo; porém protagoniza umas cenas super engraçadas.

    Somando enredo, personagens, trilha sonora, animação e todas as coisas de sempre, a primeira temporada de Chuunibyou é mesmo algo incrível. Tem humor, tem "romance", tem coisas fofas e tem, sim, uma parte mais séria. Anteriormente, eu falei sobre a forma que o chuunibyou é abordado na trama e esse acho que é o grande diferencial para mim. É o toque à mais que me fez apreciar verdadeiramente essa temporada e entrar super animada e com o pé direito na próxima.

Chuunibyou Demo Koi ga Shitai! Ren

  
     A segunda temporada não é, a meu ver, tão boa quanto a primeira. Não que seja ruim, isso não, a primeira só me agradou um pouco mais. Nessa nova temporada houve um desenvolvimento maior das relações entre os personagens. Uma vez que se teve a resolução do conflito existente na primeira temporada, a segunda acabou sendo um pouco mais leve. O foco é um desenvolvimento interpessoal num sentido mais romântico, como sempre muito bonitinho e engraçado pra caramba.

    Uma série de fatores levam Yuuta e Rikka a morarem juntos. Uma coabitação secreta que poderia dar em muita coisa caso a Rikka não sofresse de chuunibyou. Em contrapartida, uma antiga amiga de Yuuta aparece: Shichimiya Satone. A garota andava com Yuuta nos tempos do Fundamental, sua identidade chuuni é Sophia Ring SP Saturn VII e, sim, ela ainda sofre de chuunibyou.



A Satone é a grande nova personagem da trama, ela aparece para meio que dar uma desestabilizada nas coisas. Eu digo meio porque não acontece, exatamente, uma grande mudança nem nada. A voz dela é um pouco irritante, mas ela é muito animada, meio hiperativa e bem engraçada.

    Confesso que quando a Satone apareceu pensei que o anime poderia acarretar uma grande ship war, afinal, nessa segunda temporada a Rikka e o Yuuta têm um contrato de namorados; mas não senti muito essa vibe emanando. Eu diria, inclusive, que a presença da Satone ajudou muito em algumas coisas. Essa temporada tem uma carga de desenvolvimento de relações, isso vale tanto para o relacionamento do Yuuta e da Rikka, quanto para o da Dekomori e da Nibutani. Inclusive, a Nibutani se desenvolve muito nessa temporada.

    Essa segunda temporada foi muito amorzinho, muito amorzinho mesmo. Ela tem um foco um pouco maior no romance, então rolam muitas cenas bonitinhas e engraçadas, já que metade do elenco sofre ou já sofreu de chuunibyou. Entretanto, mesmo nos relacionamentos não românticos acontecem muitos escapes cômicos também. É uma temporada muito engraçada. Talvez o grande contraste seja este. A segunda temporada é mais leve, é mais amorzinho e risos mesmo. Mas, ainda assim, foi bem legal de assistir. 

     Além da Satone não há nenhuma outra grande interferência. A turma continua toda a mesma: Yuuta, Rikka, Nibutani, Dekomori, Kumin e Makoto. Talvez o que tenha aumentado são as cenas de briga entre a Dekomori e a Nibutani, que me causaram altas gargalhadas. Eu amo a interação delas, parecem cão e gato, é muito legal.

     Portanto, o saldo final da segunda temporada também é positivo. Mesmo eu não sentindo aquele "foco mais sério" por trás, foi muito bonitinha e engraçada. São doze episódios muito bem feitos que vale sim passar suas horas assistindo.

Conclusão


    Num geral, somando as duas temporadas com tudo o que foi apresentado nelas, Chuunibyou tem um saldo muito positivo. É um anime com uma história bonitinha e interessante, que têm um bom desenvolvimento e uma boa execução tanto em relação ao enredo, quanto em relação às coisas mais técnicas. Me diverti bastante assistindo Chuunibyou; eu ri, eu chorei (muito, no final da primeira temporada), tive overdose de fofura... Em suma, foi uma experiência super válida e, no final de tudo, ainda ficou aquele gostinho de "quero mais".  



"De fato, nós carregamos o chuunibyou durante toda a nossa vida."