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Criando uma heroína chata - Saenai Heroine no Sodatekata Flat (resenha)

“Blessing Software não desaparecerá”

      “Quando um otaku dá tudo de si, é melhor abrir caminho”, essa foi a mensagem que ficou ao final da primeira temporada de Saenai Heroine no Sodatekata. Pouco mais de um ano depois, o anime retorna para uma segunda temporada, Saenai Heroine no Sodatekata Flat, fazendo o que já era bom ficar melhor ainda. 

     Para quem, infelizmente, não conhece convém explicar um pouco do enredo:  Saenai Heroine no Sodatekata, mais popularmente conhecido como Saekano, é baseado em uma light novel escrita por Fumiaki Maruto e ilustrada por Kurehito Misaki. O enredo gira em torno do protagonista Aki Tomoya, um otaku que após um impressionante encontro com uma garota numa ladeira, resolve fazer um galge moldando sua heroína na garota que avistou no fatídico dia. Para conseguir realizar o jogo, Tomoya conta com o apoio de Kasumigaoka Utaha, Sawamura Eriri, Hyodo Michiru e Kato Megumi, a garota com quem ele teve o “encontro predestinado”. Juntos, eles formam a equipe de doujin, Blessing Software.

      Nesta temporada, todos os personagens já tão conhecidos e amados pelo público que acompanha Saekano retornam ainda melhores. Dessa vez, o anime teve uma maior carga emocional e aprofundou melhor as personalidades e relações entre alguns personagens. Foi uma narrativa mais profunda e impactante do que a primeira temporada, isso sem deixar o humor de lado e sem perder a mão. 

      Os destaques do arco foram, com certeza: o desenvolvimento da personalidade da Kato, o relacionamento entre Kato e Tomoya, e o relacionamento entre Utaha e Eriri. A primeira temporada foi um pouco mais focada na representação do Tomoya e em mostrar o tipo de pessoa que ele é, otaku profissional, por assim dizer. Aki Tomoya é um cara que não tem vergonha de ser quem é de verdade, um otaku muito bom em ser otaku, e essa é uma das suas maiores qualidades. A temporada anterior também apresentou as personalidades das heroínas, dando um pouco mais de destaque para Eriri e Utaha.

        Nessa segunda temporada, entretanto, foi a vez de Kato brilhar. Kato Megumi é, como bem se sabe, a heroína do jogo; ela é a garota usada como molde para desenvolver a protagonista do jogo que a Blessing Software desenvolve. Para além disso, a palavra “boring” não seria capaz de descrever Megumi com exatidão. Na primeira temporada ela é mostrada como uma garota sem muitas emoções, o tédio em pessoa, a primazia da apatia... àquela que não se encaixa em nenhum estereótipo. Chamá-la de chata ou de personagem sem graça ainda seria um equívoco, pois a garota não se encaixa nem mesmo nesse tipo. Enfim, Kato foi a garota que encantou a todos por ser simplesmente ela mesma.

       Porém, essa Kato de Saekano Flat veio para desmontar todas as certezas que você tem sobre ela. Kato demonstra emoções, não uma, mas várias... O bastante para deixar Tomoya confuso e o espectador com o coração na mão. Da raiva à gentileza, Megumi trilha um caminho que a torna uma personagem cada vez mais interessante, fazendo-a cair de vez nas graças do público.

      Como consequência disso, sua relação com Tomoya vai se desenvolvendo pouco a pouco, enchendo tanto o protagonista, quando o público, de certezas e incertezas. Os dois protagonizaram cenas lindas nos mais variados sentidos. Sentimentais, emocionantes e, obviamente, absurdamente engraçadas. A química da dupla só fez aumentar nesses onze episódios, deixando o espectador curioso para saber o que mais vai acontecer nas próximas etapas da narrativa.


       Todavia, não só de Kato viveu Saekano Flat, embora ela tenha sido uma das estrelas, Utaha e Eriri também tiveram seus momentos. E que momentos! Essa temporada explanou um pouco melhor como iniciou-se a relação entre Utaha e Eriri e foi além, estreitando os laços entre as duas. Apesar das desavenças, as garotas se respeitam mutuamente como criadoras de conteúdo e as cenas que evidenciaram tal afirmação foram de encher os olhos, inclusive de lágrimas.

        Os onze episódios que compuseram essa segunda temporada foram, absurdamente, lindos. A carga sentimental era exata, as expectativas sempre superadas e a introdução de novos dilemas e dramas foi sútil, dando um ritmo gostoso de acompanhar à narrativa. Se na temporada anterior já não haviam motivos para tédio, nessa então, nem se fale. A cada episódio, a cada piscar de olhos, o expectador se via diante de algo que, se não era inesperado, era no mínimo cativante, talvez até extasiante.  

      O padrão técnico de qualidade foi mais ou menos o mesmo da temporada anterior. A animação é acima da média e linear, ganhando muito com relação às cores e à ambientação. A trilha sonora também foi bastante bonita; o conjunto música + animação, tanto da abertura, quanto do encerramento foi muito legal de se ver.

           Infelizmente, nessa temporada não houveram muitos momentos da Michiru nem da Izumi, de fato as duas desaparecem completamente na metade da temporada, em prol do desenvolvimento das personagens e relações citadas. Mas, em uma terceira temporada, elas podem vir a retornar com uma força maior.

       Saekano é uma daquelas obras que em um primeiro olhar não parece apresentar nada de novo sob o sol. É a história de um grupo de otakus desenvolvendo um jogo e possuí um protagonista e várias heroínas, um padrão harém. Porém, os personagens são ótimos e carismáticos, com um bom desenvolvimento, e a narrativa tem uma carga emocional muito interessante.

       Acompanhar Saekano é uma experiência muito agradável, cada episódio é interessante à sua maneira e te deixa empolgado pelo próximo. A narrativa é capaz de envolver o público, contendo momentos consideravelmente impactantes.

        Foi um dos animes mais gostosos de acompanhar da temporada de abril, um mix de emoções semanal, que deixou a todos com gostinho de quero mais. Engraçado, carismático e portador de fortes emoções, Saekano foi em 2015, e ainda é uma ótima pedida. Saekano Flat balançou não só as estruturas e as emoções de seus personagens, como também daqueles que assistiram ao anime, provando que o adjetivo “chato” do título (saenai) não serve para descrever a obra.


“Por favor, faça-me novamente uma heroína

Que todos ficarão com inveja”











3 comentários:

  1. Interessante, nunca tinha ouvido falar desse anime, fui dar uma olhada na sua resenha da primeira temporada e me interessei bastante (só estou preocupado com a parte do ecchi).
    Hey, deixando claro que sou a pessoa que havia lhe perguntado se podia dar sugestões de animes para resenha.
    Aqui alguns na ordem que mais me interessam (se puder, me fale se você tem algum gênero que não suporta):
    1 - Shinsekai yori
    2 - Serial Experiments Lain
    3 - Love Stage
    4 - Deadman Wonderland
    5 - Mahou Shoujo Ikusei Keikaku
    Me fale se já assistiu algum e, é claro, não precisa se incomodar de assistir todos.

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    Respostas
    1. Olá, lembro de você, sim.

      Olha, Saekano só tem ecchi forte nos episódios 0 que iniciam as duas temporadas, de resto eu acho bem normal. Ou pelo menos a história toda compensa.

      Desses animes que você indicou eu já assisti Mahou Shoujo Keikaku, mas nunca escrevi sobre ele. Os outros vou tentar dar uma olhada assim que tiver um tempinho, achei que ia ficar mais folgada com as férias, mas continua tudo meio corridinho ainda.

      Acho que não tem nenhum gênero que eu deteste, experimento de tudo ou quase tudo, acho.

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    2. Valeu, desculpe se eu estiver exigindo demais de você e do seu tempo. :P
      PS: Detesto usar emoticons, mas queria deixar claro que não estava sendo irônico, haha.

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