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Resenha: K. - Relato de uma busca



"Tudo nesse livro é invenção, mas quase tudo aconteceu."

  
   E o livro da vez é K. - Relato de uma busca. De autoria de Bernardo Kucinski, K. conta uma história que é ao mesmo tempo real e ficcional. O livro narra a busca de um homem, identificado somente como K., pela filha desaparecida durante a Ditadura Militar. A filha de K. era professora na Faculdade das Químicas da Universidade de São Paulo. A história do livro, apesar de ser uma literatura, é também a história da irmã do autor do livro. 

    Essa foi a primeira vez que li um livro cujo tema central tivesse relação com a Ditadura Militar brasileira. Já li livros sobre Nazismo, desaparecimentos, regimes totalitários, mas sobre a Ditadura, de fato, foi a primeira vez. No livro de Kucinski, literatura e realidade se misturam. A realidade é contada de forma literária. É ficção, mas é real. É real, mas é ficção. A filha desaparecida existiu, ela andou pelas ruas por onde andamos, ela respirou o ar que respiramos, ela era irmã de Kucinski, o pai à procurou.... Ainda que o conteúdo das páginas de K. seja literário, de uma forma ou de outra, a história é real. Seja pela ligação que a narrativa tem com esse caso específico, seja pela ligação que ela tem com todos os casos de desaparecimentos recorrentes durante a Ditadura.

    A maneira que a narrativa é conduzida torna a leitura rápida e interessante. Mas ainda assim, ela te afeta. O relato é, de fato, muito literário, entretanto, a gente sabe que aconteceu de verdade.... Que acontecia de verdade! Pessoas sumiram, pessoas morreram, pessoas nunca foram encontradas.... As famílias, que procuraram as vítimas desesperadas, não têm nem mesmo um corpo. Eles não puderam nem mesmo ser enterrados...

    K. são um relato fantástico. É a história de um pai, que como tantos outros pais, procurou a filha sem desanimar. A história de alguém que, mesmo quando sabia que a informação era falsa, não podia deixar de ir verificar. Simplesmente porque têm de ir. Simplesmente porque não ir, é pior do que ir e descobrir que tudo não passavam de mentiras.

    Ao ler esse livro, ao ler esse pedaço de uma história, uma dentre tantas, eu percebi com uma totalidade o quão cruel a Ditadura era capaz de ser. Eu sempre soube, mas agora eu tenho certeza, de que a Ditadura Militar foi um dos períodos, talvez o período, mais cruel e vergonhoso de toda a nossa história. E ainda temos de ver gente clamando pela volta dela...

     Não bastava sumir com a pessoa, não bastava fazer as coisas horríveis que se faziam, não, era necessário espezinhar a dor daqueles que esperavam por notícias. Era preciso mentir que fulano tinha sido visto não sei aonde, preso em tal lugar, o corpo encontrado lá no fim do mundo...

    O livro, verdadeiramente, te faz pensar em muitas coisas. Ele é a prova viva de tudo que a gente ouve na escola, de tudo que a gente lê, de tudo que a gente estuda. K. mostra que, de fato, tudo aquilo foi real. A Ditadura aconteceu, as pessoas morreram, as pessoas desapareceram e, muitas delas, até hoje não se sabe o que aconteceu ao certo. É tudo muito doloroso.

    Em termos literários, Kinski está de parabéns. É simples, mas muito bem elaborado. É sem firula, mas têm estilo. Convence, cativa, comove.... É bom! A maneira como o relato é conduzido impede o leitor de entrar numa grande onda de tristeza e desespero, sem que se perca o foco e a seriedade da narrativa.


    Quando eu ganhei esse livro, no Natal, eu não tinha ideia de sobre o que ele tratava, mas hoje posso dizer que foi uma experiência e tanto lê-lo. Nas páginas de K. foram imortalizas as memórias de uma história que não deve, nunca, passar desapercebida.

Resenha: Neon Genesis Evangelion



   E, enfim, depois de muito protelar e arranjar desculpas, eu assisti Evangelion! Cheguei à conclusão que precisava, MESMO, assistir o anime quando até minha mãe já tinha assistido e eu não. Então, deixei a preguiça de lado, larguei de mimimi, parei de dar desculpas e fui assistir. Depois de 26 episódios e muitas exclamações apenas uma expressão seria capaz de expressar o meu sentimento após embarcar nessa: Que brisa do rato! 

   Exibido de Outubro de 95 até março de 96, Neon Genesis Evangelion se passa num futuro apocalíptico. A história gira em torno de uma organização paramilitar chamada NERV, criada para combater seres conhecidos como Anjos, utilizando "robôs" gigantes, as Unidades Evangelion (ou EVAs). Os EVAs são pilotados por crianças nascidas durante a época do Segundo Impacto, sendo um deles Ikari Shinji. Shinji, Asuka e Rei são os responsáveis por pilotar os EVAs da NERV, derrotar os Anjos e impedir o Terceiro Impacto que levaria à destruição da humanidade.

    Em resumo, a história de Evangelion não parece muito complexa. Aparentemente é apenas um anime do gênero mecha onde adolescentes pilotam robôs gigantes e lutam contra extraterrestres. Não era para ser nada de muito espetacular.... Acontece que Evangelion vai muito além disso. O anime explora as experiências pessoais, emoções e pensamentos dos pilotos e membros da NERV. A série também possuí simbolismos e temas religiosos, incluindo imagens que remetem à Cabala, ao Cristianismo, ao Judaísmo e ao Xintoísmo.

    Num todo, o anime é muito mais complexo do que se espera. Claro que muita gente já ouviu falar de Eva, eu ouço falar de Eva desde que me entendo por gente, mas nunca imaginei que fosse tão louco quanto é. Eu precisei comprovar com meus próprios olhos o quão instigante, confuso e interessante Evangelion pode ser. Toda a questão psicológica dos personagens explorada na série é, para mim, o que torna o anime tão interessante. Afinal, Evangelion consegue abordar essas questões sem deixar de lado a ação, o humor... O anime tem lutinhas, tem cenas engraçadas, tem garotas que gritam...  E tem uma questão psicológica que reflete o tempo todo em seu desenrolar.  Motivo é o que não falta para se apaixonar pela obra.

    Os personagens também são muito legais. A maioria deles é bem construída e as vezes você não sabe se gosta ou desgosta da personagem. E isso incluí as pessoas que criticam a Asuka por dizerem que ela "grita demais".

    E por falar em Asuka, a garota é um dos pilotos das Unidades Eva. Asuka pilota a Unidade 02 e é, sem dúvida, a personagem mais escandalosa de todo o anime. A Asuka é muito metida, por assim dizer. Em um primeiro momento você pensa que ela é muito segura de si, excessivamente segura de si, mas não se deixe enganar, não há um só piloto de Eva sem complexo psicológico.

    Já que falei da Asuka acho importante falar da Rei. Rei é a primeira criança, responsável por pilotar a Unidade 00; ela segue ordens com muita facilidade e não consegue ver muito valor em sua própria vida. No começo ela soa bem apática, mas todo aquele jeitão meio entediante dela a torna uma personagem bem legal.

   O piloto da Unidade 01 é Ikari Shinji, ele é o personagem que mais chega perto de ser o protagonista da história. O Shinji é cheio dos problemas, principalmente consigo mesmo e com o pai. Apesar de ser o protagonista ele não é o herói, em si, da narrativa. Entretanto, de todos os pilotos Shinji acaba sendo o que mais comete atos de coragem, por assim dizer.

    Uma coisa interessante em Evangelion é que nenhum personagem pode ser chamado de herói propriamente dito. O próprio autor da série em mangá da qual o anime foi adaptado descreve Shinji e Misato como extremamente "fracos, fraquinhos e fracotes". Traduzindo, o pessoal tem muitos problemas mesmo. Eles são inseguros, indecisos, acham que a vida não tem valor.... Basicamente, eles poderiam ser personagens de algum romance do Charles Bukowski! Entretanto, é justamente essa vibe depressiva, problemática e louca que torna a série tão boa.

     Além dos 26 episódios em anime, Evangelion possui seis filmes produzidos, sendo que alguns deles ajudam bastante na hora de entender todo o quebra-cabeça da série. Enfim, depois de dois dias maratonando o anime deu para perceber porque Evangelion é um clássico. Ele verdadeiramente entra na sua cabeça, você fica dias pensando no desfecho da história. Já ouvi muitas pessoas falarem bem de Evangelion e sabem de uma coisa? Ele merece todos esses elogios e muito mais!

      

Resenha: Homem-Formiga


   Sim, eu fui assistir Homem-Formiga! Já faz um bom tempo que tem muita gente falando desse filme, antes mesmo de ele estar em cartaz, então, eu pensei "por que não assistir?" Ignorando o fato de que na maioria das vezes eu sou "cem por cento nem aí” para filmes de heróis e o nome nada convencional, deveras engraçado e "brega" do herói, comprei meu ingresso e fui. Depois de, praticamente, duas horas de filme só posso dizer que, surpreendentemente, eu gostei. Homem-Formiga é um filme legal. 

   Para quem não sabe, se é que alguém ainda não sabe, a história do filme é mais ou menos a seguinte: O Dr. Hank Pym, inventor da fórmula/traje que permite o encolhimento de quem o vestir, precisa impedir o ex-pupilo, Darren Cross, de replicar seu feito e vender a tecnologia para uma organização "do mal". É nessa que entra em cena Scott, um ex-condenado que tem como objetivo reconquistar o respeito da ex-mulher e da filha. Com dificuldades para encontrar um emprego honesto, Scott acaba aceitando participar de um golpe. O que ele não sabia é que o roubo era apenas um plano do Dr.Pym, que após observá-lo, o escolhe para vestir a roupa de Homem-Formiga.

   Inicialmente, eu não esperava muito do filme. Para ser sincera, eu não esperava é nada. Eu achava o nome do herói engraçado, nunca gostei muito de filmes de heróis e estava preparada para não gostar do filme. Na verdade, até minha amiga, que adora Marvel, estava preparada para duas horas bem entediantes. Acontece, senhores, que nós estávamos erradas, o negócio é legal. Provavelmente, não deve ser o melhor filme de herói já feito, mas é legal.

   O filme é engraçado. Sim, ele é divertido. Logo na primeira cena a minha amiga já estava dando risada. Tem várias cenas engraçadas ao longo do filme e isso é muito bom porque quebra aquela coisa da tensão ou da seriedade do filme e tudo o mais. E o Homem-Formiga, ele convence. O Scott é legal. Não sei, mas toda essa história dele querer ganhar o respeito da filhinha dele me convenceu bastante.

   Não vou dizer que o filme é imprevisível, porque não é. Tem uma cena no final muito previsível. Na verdade, desde o momento que um determinado fato é citado você já pensa: Já vi tudo, vai acontecer esse negócio aí de novo... E acontece mesmo. Mas você também sabe que vai dar tudo certo porque acontece com o protagonista então, as coisas têm de dar certo no final.


   Resumindo tudo, o filme me surpreendeu. Surpreendeu minha amiga também. A gente não esperava nada e saímos do cinema com um saldo positivo. Valeu o meu ingresso. É bom quando isso acontece, você sai satisfeito e pensando "Okay, valeu pagar X para assistir esse filme". Valeu. Foi engraçado, foi um bom entretenimento.... Para quem gosta de filme de super-herói, com certeza é uma pedida e tanto. É divertido, tem coisa explodindo, o herói convence... Homem-Formiga é oito de dez!

Resenha: O Apanhador no Campo de Centeio



"[...] fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto - quer dizer, ninguém grande - a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer."

     O livro da vez é O Apanhador no Campo de Centeio. De autoria do americano J.D.Salinger, o livro conta um fim de semana na vida de Holden Caulfield. O garoto tem 16 anos e é membro de uma família abastada de Nova Iorque; após ser reprovado em três das quatro matérias que cursava em seu colégio interno, Holden é expulso da escola. Então, ele decide retornar mais cedo para Nova Iorque; entretanto, resolve adiar o confronto com a família e começa a "zanzar" pela cidade. Durante seu preambulo pela cidade Holden reflete sua vida, sua visão de mundo e seu futuro. Antes de enfrentar os pais o garoto procura um professor, uma antiga namorada e sua irmãzinha enquanto tenta explicar e entender a confusão que se passa em sua cabeça. 

    Apesar de ser um livro inicialmente dedicado ao público adulto, O Apanhador no Campo de Centeio se tornou muito popular dentre os jovens e adolescentes. O protagonista anti-herói, Holden, se tornou símbolo da rebelião adolescente por tratar de temas tipicamente adolescentes como angústia, alienação, linguagem e rebelião.

    Eu poderia dizer que, num todo, o livro é "uma brisa do rato", mas acho que a expressão não se adequaria à temática do livro. Quando eu terminei O Apanhador no Campo de Centeio, eu fiquei com aquela sensação de que a minha vida não fazia mais sentido. Devo ter ficado uns três dias pensando no livro, na verdade, ainda existem muitas coisas que eu estou absorvendo. O livro te suga bastante, eu diria.
   
A coisa mais interessante, do livro todo, é o Holden. O garoto é, assim, insano. No começo, quando você vê ele chamando todo mundo de "falsos" e "mascarados" (em inglês a palavra que ele utiliza é "phony") é até engraçado. Têm-se aquela impressão de: poxa, que cara chato, ninguém é bom para ele! É bem aquela coisa de adolescente rebelde sem causa, sabe? Chega a ser engraçado, a revolta dele é quase cômica. Ele está com raiva o tempo todo, brigando o tempo todo.... É um pouco assustador, mas, inicialmente, é só uma coisa de um adolescente. Entretanto, conforme a narrativa vai se desenrolando, isso começa a se tornar preocupante. Holden sente tanta raiva, todo tempo... E ele não tem nenhum objetivo. Ele não gosta de nada, nada está bom, ele não se esforça para nada, ele não quer nada.... De um pouco assustador, se torna muito assustador. Então, se torna desesperante.

   Chega um momento do livro que você não sabe mais se o que está sendo narrado aconteceu mesmo ou é delírio do Holden. A narrativa é em primeira pessoa, então, vemos tudo da perspectiva de Holden que, claramente, não está bem das ideias. Ele sofre. Sofre porque não entende um monte de coisas, porque tem medo de um monte de coisas e porque não entende ele mesmo. O Holden meio que teme crescer. Ele teme o amadurecimento e todas as responsabilidades que isso implica. Simplificando, "ele tem medo de crescer", mas não é algo assim tão simples. 

   Outra coisa que eu gostei foi a linguagem do livro. Ela é bem direta, é jovem e leve. É simples, sem muita coisa rebuscada. Entretanto, o livro é antigo então o palavreado jovem do livro nem sempre é o palavreado jovem de agora. Na tradução que eu li são recorrentes expressões como "fora de brincadeira", "eu me esbaldo", "eu me acabo"... E a palavra "pequena" para designar as garotas foi o ponto alto das gírias presentes no livro. Mesmo assim, não é como se você não fosse capaz de entender o livro. Mesmo essas expressões mais antigas são bem fáceis de entender pelo contexto e tudo o mais. Portanto, não tem desculpa de adolescente dizer "Ai, mas não vou ler O Apanhador porque não gosto de livro de linguagem antiga porque eu sinto que eu não entendo" porque você vai entender sim, colega. 

   Ainda voltado para a questão do público jovem e tudo o mais, um amigo meu que fez intercâmbio para os EUA disse que O Apanhador no Campo de Centeio é um dos poucos livros que os adolescentes leem para a escola e gostam.

   Resumindo tudo, o livro é muito bom. É fácil de ler, mas te faz pensar em muitas coisas. Mas não como certos livros onde você sente o autor se esforçando para fazer você pensar; a narrativa toda te leva a isso. A forma como ela é feita, a maneira que é conduzida, a linguagem, os fatos que ocorrem.... Tudo converge para um final que te deixa deitado na cama olhando para o teto e pensando... pensando muito.

   Para finalizar, basicamente, se você gostou de As Vantagens de Ser Invisível ou qualquer outro livro com adolescentes passando por problemas de aceitação, revolta ou coisa do gênero, leia O Apanhador no Campo de Centeio. É bom, é legal, é insano e por que não dizer? Filosófico!

"A gente nunca devia contar nada a ninguém. Mal acaba de contar, a gente começa a sentir saudade de todo mundo."


   

Resenha: Extraordinário


“Todo mundo devia ser aplaudido de pé pelo menos uma vez na vida, pois todos nós vencemos o mundo.”

   E o livro da vez é Extraordinário. Livro de estreia da escritora R.J. Palacio, Extraordinário conta a história de August, um garoto de dez anos que possuí uma anomalia facial. Na loteria da genética, August ganhou uma síndrome genética que causa deformação facial, o que o obrigou a passar por várias cirurgias plásticas durante toda a sua vida. O garoto nunca tinha frequentado a escola, até agora. Nesse ano, August vai frequentar a escola pela primeira vez e tem a missão de mostrar aos seus colegas que, apesar do rosto incomum, é um garoto como qualquer outro. 

   Extraordinário é, sem dúvidas, um livro bonitinho. Não é o melhor livro que eu já li na vida, não é nada absurdamente inovador, mas é, à sua maneira, emocionante e um bom livro. Extraordinário é uma lição sobre gentileza e preconceito. No que ele se propõe a fazer, faz bem. Como eu disse, não é uma história super complexa com várias reviravoltas, não é uma história de uma super superação, mas é uma história legal. É tipo um slice of life, sabe? É a vida cotidiana do August que, por ser como é, não consegue ter uma vida completamente normal. Não por conta dele mesmo, mas por conta dos outros. Porque os outros não são capazes de compreender e perceber que ele, por mais incomum que pareça, é só mais um garotinho de dez anos.

   A história inteira gira em torno do August e de como as pessoas ao seu redor lidam, interagem e convivem com ele. A maneira como seus pais o veem, como sua irmã o vê, como seus colegas o veem... E também, como o próprio August se vê e como ele amadurece ao longo do livro. Porque ele amadurece, o August cresce! Existem passagens bem bonitinhas, outras bem emocionantes. Eu não cheguei a chorar, o livro não te faz chorar, esse não é o intuito do livro. A questão central é pensar como você vê, lida e trata as diferenças em geral. Como seria a sua reação ao ver o August? Você desviaria o olhar? O trataria diferente? Sentiria pena? Nojo? Medo? É uma questão a se pensar.

   Quando eu comecei a ler Extraordinário eu fiquei com medo. Fiquei com medo de ele ser um livro super dramático, no sentido ruim da coisa, de ir por um caminho super apelativo... Mas, graças a Deus, ele não é assim. Livro que trata de doença ou anomalia é sempre uma coisa perigosa; um passinho em falso e ele se torna um dramalhão tão apelativo e oportunista que pode colocar tudo a perder. Mas, Extraordinário não é um dramalhão oportunista.

   O livro é muito fácil de ler. Como eu disse, ele é um livro bonitinho. Ele não foi escrito e nem nasceu para revolucionar a história da literatura americana ou mundial. Ele foi escrito para tratar sobre a questão da gentileza e da aceitação de alguém diferente, é sobre isso que ele trata. Não é muito longo, e por ter uma linguagem simples você acaba lendo muito depressa. É um bom passatempo e ele te faz pensar em algumas questões interessantes.


   Extraordinário não é um livro que exala grandeza de maneira alguma. Ao contrário do nome, ele não é extraordinário. Ele é bonitinho, tocante, simples, singelo.... Exatamente como o próprio August!

Resenha: Hibike Euphonium


"Eu quero ser especial, especial de verdade. Mais e mais especial!"

    Sim, eu sei, estou atrasada para essa resenha, mas vejam bem, não está fácil para ninguém, amigos. 
  
    O anime da vez é o KyoAni da temporada, Hibike Euphonium. O anime conta a história de Kumiko, uma garota que toca eufônio desde o fundamental. Ao começar o ensino médio, Kumiko entra na banda da escola ao lado de Midori e Hazuki, suas novas amigas. Uma vez na banda, Kumiko dá de cara com Reina, sua ex-colega de banda do fundamental. As duas tiveram uma espécie de desentendimento no dia da apresentação da banda. A banda atual, da escola Kitauji, não é a melhor do mundo, mas decide mesmo assim tentar chegar às nacionais. A partir daí é narrado o caminho que a banda terá de percorrer até chegar às nacionais.

   Quando eu fui ler a descrição do anime, no começo da temporada ele me pareceu bem slice of life mesmo; entretanto, ouvi dizer que a KyoAni tinha garantido que ele seria um drama. De fato, o anime tem drama sim, mas está bem mais pra slice of life mesmo. Antes de começar a falar as coisas boas que eu achei no anime, vou falar uma coisa que eu, apesar de ter achado o anime legal, não posso negar. Na verdade, creio que ninguém possa negar. Hibike Euphonium é uma clara tentativa da KyoAni de tentar recriar o sucesso de K-On; porém, K-On continua sendo muito mais legal. K-On tem uma espécie de magia. Ele é a primazia do slice of life pelo slice of life sem deixar de ser fofo, moe, bonitinho e interessante. K-On é um daqueles animes que tem uma coisa bem inexplicável que te faz gostar dele. Euphonium é legal, mas não consegue configurar tudo que K-On configura.

   Voltando a Hibike Euphonium, o anime é legal sim. Ele é bem slice of life sim, mas tem um pouco de drama, de fato. A animação é boa, é bonita, afinal, é KyoAni, amigos. A música de abertura é bem contagiante, eu cheguei a ficar até bem viciada nela. O tema do encerramento é aceitável, mas para mim não foi nada super legal. O desenvolvimento da história é aceitável e tem uma cena bem bonita no final. Na verdade, o anime é até que bem recheado de cenas bem bonitas.

   Comecei a assistir Euphonium porque ele trabalha com música, uma temática da qual eu gosto muito. Não digo que me arrependi não. É bom anime para se divertir. Ele não é inovador, maravilhoso, fantástico.... Não é nada que funda a sua cuca. Não é nada que te deixe de queixo caído no final, mas dá para você perder boas horas da sua vida com ele. E tem alguns episódios capazes de te empolgar bastante, sim.

   Vou precisar dar spoiler e falar de uma coisa que todo mundo comentou durante toda a temporada. Existe um pseudo-yuri entre Kumiko e Reina na história, isso é nítido. É algo nítido, mas ao mesmo tempo é de super bom tom e algumas vezes é sutil. Digamos assim: está na cara que está rolando um yuri, mas se alguém quiser fingir que não viu pode arranjar argumentos para desconstruir o romance que está surgindo ali.

   Eu não shippei o casal do yuri, não shippei mesmo, mas ainda assim o negócio me envolveu e me agradou. Eu não costumo assistir yuri ou yaoi, não é uma temática que me chame a atenção; entretanto, ver um yuri aparecendo num anime cujo o tema central não é yuri, foi muito legal. As cenas da Reina com a Kumiko são muito loucas e bonitinhas. É meio wtf e engraçado. E você fica sempre se perguntando "O que é que está rolando ai, meu Deus?" Eu gostei, sério. Obviamente a KyoAni não desenvolve o casal, de fato, afinal ela nunca desenvolve. Free! está aí para provar isso, né, amigos? Rei e Nagisa é aquilo lá que todo mundo já sabe.... Enfim, eu só queria dizer que achei super válido o pseudo-yuri em Euphonium.

    Eu daria umas três estrelas pra Hibike Euphonium, se eu fosse avaliá-lo dessa forma. Não foi o melhor anime da temporada, mas foi legal de acompanhar. Não é um anime pelo qual eu estou torcendo ou doida por uma segunda temporada, embora eu gostasse de ver como a história vai se desenrolar a partir do ponto em que o anime terminou. Mas é só isso mesmo, curiosidade e tal.


   Enfim, Hibike Euphonium é legal. Não foi um grande estouro, mas também não foi nada que a gente vá jogar no lixo e dizer que foi terrível, porque não foi. Foi bom, ponto. E as partes em que a banda tocava foi bem legal, isso foi sim. Eu gosto muito de música, então, é só colocar música que eu fico meio abobada e fica fácil me conquistar. Enfim, Hibike Euphonium foi um anime que serviu sim para me divertir na temporada de abril. Não foi K-On, foi Euphonium e conseguiu ressoar à sua maneira!

Resenha: Plastic Memories


   E o anime da vez é: Plastic Memories! Porém, antes de começar essa resenha preciso dar uma notícia importante. Lembram que no meu último Filosofando Nada eu disse que ia tomar vergonha na cara e começar a assistir animes através de fansubs sérios ao invés de speedsub? Então, eu cumpri minha promessa; Plastic Memories foi assistido através de uma qualidade e tradução maravilhosos, sem risco de causa câncer no olho. 

   Voltando. Plastic Memories é uma obra original, ou seja, ele não é a adaptação de nenhum jogo, mangá ou light novel. O anime se passa em um futuro onde foram desenvolvidos androides conhecidos como giftias. Os giftias possuem a vida útil de nove anos; após esse tempo eles precisam ser reavidos e desligados antes que se tornem perigosos. Quando reavidos, as memórias dos giftias são apagadas. Tsukasa Mizukagi é um jovem que, após não conseguir passar no vestibular, arranja um emprego em dos departamentos que faz a coleta dos giftias cujas vidas úteis estão vencidas. Sua parceira no trabalho é a giftia Isla, uma garota um tanto distante e atrapalhada.

   A premissa de Plastic Memories é muito boa. Os PVs do anime já te deixam cheio de feels, os primeiros episódios também te deixam cheio feels. Porém, ao longo do seu desenvolvimento, o anime deixou um pouco a desejar. Não foi nada muito grande, não foi um anime horrível, mas acho que todos esperávamos um pouco mais do anime. Entretanto, foi legal. É um anime bem bonitinho. É fofo.

   Plastic Memories tem uma trilha sonora boa. A abertura, o encerramento, as músicas de fundo... São bem envolventes, mexem o coração.... Isso compensou a falha no desenrolar dos fatos e tudo o mais. E os personagens... bem, os personagens são bons. Só a Isla já é uma personagem e tanto. Ela é atrapalhada, engraçada, fofinha.... Ela faz umas caretas bizarras, assustadoras, engraçadas... O Tsukasa é o típico bom moço. Na verdade, "bom moço" é uma expressão que define exatamente o Tsukasa. Dedicado também é um adjetivo que faz parte da personalidade do cara.

   Os coadjuvantes também não ficam por menos. A Michiru é a típica tsundere, então ela é aquela garota que vai bater em alguém, ou em várias pessoas ao longo do anime. Mas ela também tem aquele lado doce e compreensivo, principalmente com a Isla. Na verdade, ela é a única capaz de lidar com a Isla com algum tipo de sensibilidade. Ela é muito chata, a Michiru é toda cheia dos mimimi, mas ela é tão chata, mas tão chata, que acaba sendo legal. O parceiro dela é o Zach, um giftia criança, apenas uma peste. O garotinho é tipo aqueles irmãos mais novos que vão fazer de tudo para te constranger, tudo mesmo. O Zach é muito engraçado. Eu sempre gosto daquelas crianças pestes dos animes.

   A  Kazuki é a chefona do departamento. O chefe oficial é outro, mas quem coloca todo mundo para trabalhar é ela. A Kazuki tem uns cabelos vermelhos maravilhosos e uma personalidade agressiva e durona. Isso piora quando ela se entope de saquê. Kazuki é ex-parceira da Isla e é louca pela garota, então, ela quer muito proteger a Isla e vive dando umas duras no Tsukasa. O parceiro da Kazuki é o Constance, um dos poucos com bom sendo naquele lugar.

   Em contraposição à Kazuki temos o Yasutaka, um veterano do departamento que é mais vagabundo do que sei lá o quê; Yasutaka é aquele personagem experiente, conquistador barato, quase bebum e quase um tarado. Ele é bem engraçado. A parceira dele é a Sherry, ela tem bom senso e ela sofre muito porque o Yasutaka deixa todo o trabalho para ela, coitada.

   E temos o chefe oficial do departamento, o Takao, um senhor cuja a autoridade é zero e que tem sérios problemas com sua filha. Ele está sempre falando de como a filha dele não o respeita mais, isso seria bem trágico se não fosse cômico.


   Num conjunto todo, Plastic Memories é um anime legal. Vale a pena perder algumas horas da sua vida com ele. Eu esperava mais, achei que ele fosse ser destruidor, só feels. Ao meu ver ele tinha potencial para um Ano Hana, um Angel Beats ou um K-On, mas ele não se desenvolveu dessa forma. Mas é um anime legal, não me arrependo de tê-lo assistido. Dos animes one cour ele foi um dos melhores, acho, e tiveram cenas bem bonitas, bem bonitas mesmo. Plastic Memories foi bonito. Podia ter sido lindo? Podia. Mas foi bonito, e eu até arriscaria dizer, tocante.

Resenha: Fronteiras do Universo (série)


    E enfim, depois de quatro anos de espera, eu terminei de ler a trilogia Fronteiras do Universo. De autoria de Philip Pullman, a série é composta pelos livros A Bússola de Ouro, A Faca Sutil e A Luneta Âmbar. Pullman é um premiado autor britânico de livros dedicados ao público infanto-juvenil e, nessa série, ele abala as estruturas. A trilogia não é assim tão conhecida, mas tem uma qualidade inegável. A resenha a seguir contará com alguns leves spoilers, afinal, depois de quatro anos esperando eu tenho meus direitos de comentar sobre o que li.

   O primeiro livro, A Bússola de Ouro, deu origem a um filme de mesmo nome e é o melhor livro de toda a trilogia. O clima presente na Bússola é muito gostoso, a história é envolvente e você lê muito rápido, muito rápido mesmo. No primeiro livro somos apresentados à protagonista, Lyra, uma garota de doze anos bem rebelde e moleca. Ela é criada por catedráticos na tranquila cidade universitária de Oxford, na Inglaterra. Entretanto, crianças começam a desaparecer pela região. Ao conhecer a linda e encantadora Sra. Coulter, Lyra deixa a Universidade Jordan para viver com a mulher. Antes que Lyra parta o Reitor da Jordan confia-lhe o aletiômetro, um misterioso objeto capaz de dizer a verdade através da interpretação de símbolos. Porém, ao descobrir que Coulter não é tão maravilhosa quanto parece Lyra foge e inicia sua viagem pelas terras do Norte ao lado dos gipsios, onde ela se verá diante de feiticeiras, ursos de armadura, aerostatas e muitos perigosos. 

    Como eu disse, o Bússola é o melhor, livro, sério. Ele fez eu me apaixonar por Lyra, Iorek Byrnison, Serafina Pekala e muitos outros personagens. O primeiro livro é menos "pesado" que os demais mas possui um clima muito gostoso. Tudo é uma descoberta; a narrativa é cheia de reviravoltas e o final é de tirar o fôlego. Isso sem contar o quão deslumbrada eu fiquei por conta do aletiômetro. 

    O segundo livro, A Faca Sutil, possui um ritmo frenético com dezenas de coisas acontecendo ao mesmo tempo. Em A Faca Sutil, Lyra conhece Will, um garoto de um mundo muito parecido, mas também muito diferente do dela. Will é um garoto de doze anos. Ele tem uma mãe doente e um pai que desapareceu misteriosamente doze anos atrás. Will começa o livro imerso em um grande problema e tudo só piora quando ele, acidentalmente, mata um homem. Preocupado com a mãe e atordoado pelo crime que cometeu, Will segue uma gata de rua por uma estranha janela no tempo, indo parar em um outro mundo onde conhece Lyra. A partir daí o destino dos dois se mostra entrelaçado e eles começam uma jornada juntos.
 
   A Faca Sutil é um livro onde acontece muitas coisas, muitas coisas mesmo. A história também se desenvolve bastante, alguns mistérios são revelados e outros novos surgem. Eu senti uma leve mudança em Lyra ao longo desse livro; a garota começa a amadurecer e se tornar menos "selvagem". Ainda assim, ela continua com aquele jeitinho todo Lyra de ser que me cativou no primeiro livro. Entretanto, no segundo volume da trilogia Pantaleimon tem uma participação um pouco menor, o que me fez sentir um pouco de falta do dimon brincalhão de Lyra. Também é nesse livro que o conjunto de personagens começa a ter suas maiores perdas.
 
   O terceiro e último livro da série chama-se A Luneta Âmbar. É o maior dos três livros, mas foi o que eu menos gostei. Esse livro é o mais carregado de ideologia. É nele que mais percebemos certos posicionamentos do narrador da série e ele também o livro que mais faz com que o leitor se questione. A Luneta Âmbar é repleto de cenas lindas e fortes, batalhas ferozes, acontecimentos de tirar o fôlego, confusão, desespero e lágrimas dos personagens. O volume possui sequências de cenas muito marcantes. Nele, a série já está na reta final e tudo, ou quase tudo, é explicado. 

    Falando da trilogia num geral, eu achei muito boa, mesmo. Entretanto, vou ser sincera com vocês, a trilogia tem sim uma ideologia ateísta e isso influí na obra. Ninguém vai virar ateu por ler a série, claro, e é uma boa experiência a leitura. Dois tipos de pessoas talvez se sintam muito tocadas pela leitura dessa série: alguém que frequenta algum tipo de religião ou alguém que tem muitas dúvidas quantos suas próprias ideias em relação a esse assunto. Eu faço parte do primeiro caso, mas isso não me afetou muito com relação a leitura. Quero dizer, nada escrito ali me irritou ou incomodou. E foi, digamos, interessante, me ver diante de uma visão diferente de um assunto tão delicado como esse. Basicamente, se as coisas tivessem acontecido no nosso mundo da mesma maneira que aconteceram nos mundos onde a história se passa, bem, acho que eu entenderia o posicionamento de certas personagens da história. Também foi bom ver como algumas coisas, quando vistas por um certo olhar e tomadas de certa maneira podem ser ruins. Quando a gente se apropria de algum preceito, temos de tomar muito cuidado com a forma como vamos encarar aquele preceito. Uma interpretação ferrenha e errônea pode tornar algo bom uma coisa bem terrível. Em Fronteiras do Universo a Igreja Católica retratada age segundo os preceitos da Idade Média, então, é claro que ela era má e louca. Eu me vi dando graças a Deus por as coisas não serem mais assim, pelo menos nos locais que eu costumo frequentar. Uma coisa importante a se retratar é que a visão apresentada pelos personagens, nem sempre é, necessariamente, a visão de Pullman. Pode ser a visão do narrador, mas o narrador também é um personagem. Fronteiras do Universo é uma obra de ficção, não uma obra autobiográfica. Também é preciso ressaltar que a crítica de Pullman é sobre a opressão que a religião cristã é capaz de causar, não sobre a religião cristã em si ou sobre os cristãos da nossa realidade. A Autoridade retratada por Pullman era um tirano, ele exercia e incitava a tirania, em nenhum momento Pullman diz que o Deus cultuado em nosso mundo é um tirano. Na triologia o que ocorre é uma caricatura, por falta de palavra melhor, de Deus. A Autoridade é mais um personagem, nada tem de condizer com a realidade. Devo dizer que Pullman foi muito ousado ao fazer e, sim, isso é para soar elogioso.

   A maneira como Pullman trabalha com toda a questão ideológica, mais a questão da bíblia, mais a questão física, mais a questão filosófica e humana também é muito legal. A trilogia é um misto de diversas coisas salpicado com fantasia e, meu Deus, eu amo fantasia! Sempre achei e ainda acho Fronteiras do Universo uma série muito melhor do que muitas existentes no mercado literário atual e me deixa bem triste saber que poucas pessoas a conhecem. O final da trilogia é bem paradoxal. É triste, mas ao mesmo tempo esperançoso.



 Quanto à adaptação cinematografia de A Bússola de Ouro: em questão visual a produção mandou muito bem, já quanto o roteiro deixou um pouco a desejar. O filme não adaptou o primeiro livro inteiro o que é bem frustrante uma vez que você leia o livro. Ainda assim, eu gosto muito da escolha da atriz que interpreta Lyra. Dakota Blue Richards foi muito bem como a rebelde garota de doze anos. Ela conseguiu me passar aquele ar selvagem da Lyra, aquela rebeldia, aquela quase empáfia que a garota possui. Gosto particularmente das cenas em que Lyra utiliza um dos seus maiores talentos: mentir.

Nicole Kidman dá vida à sra. Coulter e eu também não seria capaz de imaginar outra mulher para o papel. Na pele de Marisa Coulter, Kidman exerce todo o seu encanto, sedução e maravilha.

Eu assisti ao filme antes de ler o livro e essas duas personagens ficaram muito gravadas na minha cabeça de modo que eu não consegui tirar a imagem das atrizes da minha mente. Quando eu leio o livro imagino Dakota como Lyra e Nicole como sra. Coulter. Entretanto, atualmente eu tenho uma outra imagem perfeita de Lyra em minha cabeça.


    Fronteiras do Universo é uma série ousada e grandiosa. Ela aborda temas grandiosos, ela tem ações grandiosas e ela tem um desfecho muito grandioso. É uma série que devia ser mais reconhecida, afinal, o trabalho de Pullman é, de fato, muito interessante. Já chegaram a colocá-lo no mesmo patamar de Tolkien e C.S Lewis e eu acho a comparação merecida. Apesar de não ser muito difundida, Fronteiras do Universo tem potencial para ser uma série de fantasia capaz de atravessar barreiras como a censura e o tempo.