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Resenha: One Punch Man


   E chegou a vez do "Homem de Um Soco Só", o indivíduo mais forte da Terra, aquele que rendeu mais piadas ruins do que qualquer um poderia desejar: One Punch Man! 

    De longe um dos animes mais aguardados da temporada de outubro, One Punch Man tinha nas costas muita expectativa. A história gira em torno de Saitama, um assalariado residente na cidade Z, que resolve se tornar um herói por hobby. Acontece, que o cara se esforça tanto, e treina tanto que se torna o homem mais forte do mundo, e ainda perde o cabelo no processo. Saitama é capaz de vencer qualquer oponente com um único soco.

    Certo, quando todo mundo começou a comentar sobre One Punch Man eu estava completamente desinteressada. Eu não gosto de heróis em geral. A ideia de um super-herói nunca me agradou muito. Só que todo mundo falava de One Punch Man! Sobre como era legal, divertido, engraçado e tudo o mais. Então, de tanto ouvir as pessoas comentando e super hypados para assistir o anime, e após uma amiga que lia o mangá dizer que era mesmo legal, resolvi dar uma chance. Fiz bem.

    Normalmente, quando muitas pessoas falam muito de uma obra, as vezes eu acabo não gostando. Não porque a obra seja ruim, mas porque, geralmente, ela é só algo bem comum e eu vou cheia de expectativas que não são atendidas nem levemente. Mas, com um One Punch Man aconteceu o contrário. É completamente diferente do que eu imaginava. É legal.

  


Ouvindo falar de One Punch Man pela primeira vez, talvez tudo passe uma ideia muito boba. É bobo. E One Punch Man só é legal porque tem um lado bem bobo. O importante da história é que a narrativa reúne um bando de clichês das histórias de super-herói e brinca com isso. One Punch Man mostra o quão frustrante pode ser a rotina de um super-herói, mais do que isso, o quão frustrante é a vida do cara mais forte do mundo. Imagina só? Você vence qualquer oponente com um soco, você nem se diverte lutando porque não existe no mundo todo nenhum oponente à sua altura! É frustrante... E hilário.

    Eu vejo One Punch Man como um anime de humor, muito mais do que como um anime de batalha; embora o segundo gênero sempre tenha humor também. Apesar de existirem cenas de batalhas boas e emocionantes, elas sempre são quebradas ou terminam com alguma situação bem cômica. E a graça da história está toda aí. Os heróis são clichês, os vilões são clichês e então temos o Saitama que é o protagonista mais esquisitamente engraçado que eu já me deparei. Quando está lutando ele assume uma expressão séria, as feições fortes e decididas pra logo depois ter a maior cara de pastel que eu já vi. Esse jogo de expressões é algo muito legal e muito claramente perceptível, dá um toque bem interessante à história e ao personagem.

One Punch Man se saiu muito melhor do que eu esperava. Foi muito mais divertido, me apresentou um conceito interessante, me mostrou uma ideia interessante. Eu o consideraria inovador, de uma certa forma. Se formos pensar em toda a questão de retratar o dia-a-dia de um herói, inserido numa comunidade de heróis, numa sociedade onde se sabe da existência desses heróis, tendo de salvar o dia e conviver com o julgamento das pessoas.... É algo interessante, dá vontade de assistir ou ler. Basicamente, o foco é muito mais na vida do herói em si e em como ele se relaciona com o seu entorno do que nos vilões que ele vai derrotar. 


    Resumindo: depois de doze episódios mais um OVA, preciso dizer que One Punch Man é mesmo legal. É divertido, engraçado, tem lutinhas, um protagonista legal e personagens coadjuvantes legais também. De fato, a série está fazendo um sucesso muito estrondoso, então, talvez bata aquele receio, porém vale a pena dar uma chance. O mangá vai ser lançado no Brasil pela Panini, então quem tem "dinheiros" e gosta de colecionar a chance está aí.

Resenha: Sakurako-san no Ashimoto ni wa Shitai ga Umatteiru


"Quando você encara o abismo, ele te encara de volta"

   Um estudante comum do colegial. Uma bela garota apaixonada por ossos. Esses são os protagonistas da série de light novel de mistério intitulada Sakurako-san no Ashimoto ni wa Shitai ga Umatteiru escrita por Shiori Ota e ilustrada por Tetsuo. A adaptação em anime, pertencente à temporada de outubro, conta com doze episódios e foi uma surpresa muito agradável nessa temporada. 

    A história gira em torno de Tatewaki Shoutarou, o estudante do colegial, e Kujou Sakurako, a osteologista completamente apaixonada por ossos. Shoutarou leva uma vida tediosa até conhecer Sakurako; e se a paixão por ossos advinda de uma garota tão jovem já não era motivo de estranheza suficiente, tudo se torna de fato intrigante quando o garoto percebe que sempre que está com a moça eles acabam por encontrar cadáveres.

Sakurako-san foi, para mim, um dos melhores animes da temporada. Desde o início ele teve uma premissa muito boa e se manteve assim até o final. Apesar de um pouco "parado", não acontecem muitas coisas em todos os episódios, a forma como a narrativa foi conduzida fez com que a experiência não se tornasse entediante. Logo que essa temporada começou, percebi que a grande salvação estaria no gênero mistério e afins. Nada me chamava muito a atenção, mas a sinopse de Sakurako-san fez com que eu parasse e pensasse "Okay, isso pode ser bom". E foi.

    Ao meu ver esse foi um anime bem completo. É importante ter em mente que nenhuma obra é cem por cento perfeita e que alguém sempre vai encontrar alguma coisa para criticar, mas algumas vezes nos deparamos com algo bem completo. Eu considero o anime de Sakurako-san um anime bem completo. A animação foi boa, a trilha sonora foi boa (tanto abertura, quanto encerramento, passando pela trilha dos episódios), o visual dos personagens, a narrativa, a história, a maneira como a trama se desenvolveu.... Eu fui muito capturada por Sakurako-san, foi uma experiência agradável.

    Pensando nos personagens, considero-os carismáticos. O Shoutarou é um fofo. Ele tem uma carinha de bom menino, meio ingênuo, meio neném... E eu sinto vindo dele uma vontade de impressionar a Sakurako, de se provar mais maduro, de se tornar digno de ser chamado por ela pelo próprio nome. Afinal, a garota dos ossos só se refere à ele como "shounen". Ao mesmo tempo, apesar de Shoutarou ser mais jovem, existem alguns momentos que ele usa uma espécie de autoridade sobre a Sakurako, meio que colocando ela na linha. Apesar de possuir uma carinha meio de bobo, o Tatewaki é mais do que isso. É um personagem a se considerar.

     Já quando olhamos para Sakurako estamos diante de todo o motivo, de todo o brilho, a autoridade da narrativa em si. Primeiramente, ela é uma pessoa meio excêntrica. Como é osteologista e adora ossos, a casa de Sakurako é cheia de espécimes que ela remontou à mão. Sim, ela têm um monte de esqueletos de animais espalhados por toda a casa. Isso somado ao grande imã que ela tem para sempre estar num lugar onde tem algum corpo enterrado e à capacidade que ela tem de ser absurdamente assustadora e madura num momento, e no outro agir como uma garotinha de dez anos, a tornam um personagem muito interessante. Não digo que ela é o personagem mais fascinante da temporada, porque esse título deixo pra Magata de Subete ga F ni Naru, mas Sakurako é uma das personagens mais fascinantes da temporada. Ela é linda, inteligente, misteriosa, complexa... E ela tem um ar tão atraente, uma coisa que te dá vontade de descobrir mais sobre ela.  

    E por falar em "ar" e "coisa", o clima do anime é muito bom. As cenas tinham um tom bem agradável. Ás vezes a cena começava com um tom leve e ia gradativamente se tornando mais tenso. Não era algo brusco, era gradativo... E nos momentos que eles tinham de resolver algum caso e a Sakurako pensava, a musiquinha de fundo fazia com que o expectador sentisse o cérebro dela trabalhando mais rápido. A música quase fazia seu próprio cérebro também começar a trabalhar mais rápido. Isso configurava à cena e ao anime um tom um tanto Hyouka, que por sua vez me remetia levemente ao tom de Sherlock.

Além de todas essas coisas, Sakurako-san teve uma das aberturas, quiçá a abertura, mais bonita da temporada. A música se encaixava perfeitamente bem com as cenas se desenrolando e as cores eram absurdamente lindas. As cores do anime todo eram muito bonitas, mas na abertura tinha um ar misterioso, místico, atiçava a curiosidade e envolvia. Foi minha abertura favorita nessa temporada de outubro. Outra coisa que achei bem interessante foi a maneira como os episódios eram apresentados, cada episódio era um osso o que se adéqua perfeitamente bem ao clima da trama.


    Resumindo tudo, acho que a palavra completo é o que melhor exemplifica Sakurako-san para mim. Talvez algumas pessoas reclamem do último episódio, mas eu gostei dele. Foi bonito. Deu um gostinho de quero mais. Isso somado a todo o desenvolvimento do anime me agradou bastante. Foi interessante, foi instigante, belo e misterioso como a própria Sakurako-san. 

"Reto e inflexível, igual a um fêmur, ele reprime a cidade e o coração de seus habitantes"

                                          



   
  


   

Resenha: Noragami Aragoto


    A tão esperada segunda temporada de Noragami, enfim, foi ao ar. Pertencente à temporada de Outubro e animada pelo estúdio Bones, a série contou com treze episódios que deram sequência à história da primeira temporada. 

    Desde o começo eu estava bem empolgada com Noragami, eu gostei muito da primeira temporada, então, quando fiquei sabendo que haveria uma sequência não pude deixar de me animar. Posso dizer que não me decepcionei. Diferente do que aconteceu com a segunda temporada de outro anime que eu também gostava bastante (por Deus, o que foi Tokyo Ghoul?), a sequência de Noragami foi, ao meu ver, bem conduzida. Embora, assim como a primeira temporada, houveram fillers. Ou pelo menos fui isso que eu ouvi dizer (li) por aí nas internets. 

   O arco do mangá que Noragami Aragoto cobriu, foi um arco bem legal. Tinha muita treta, muita treta mesmo. Isso sem contar algumas respostas para certas perguntas que permaneceram da primeira temporada. Houveram momentos bem emocionantes. Acho que foi algo bom de se acompanhar. Assim como na série anterior, a abertura e o encerramento estavam muito bons. As músicas, as cores, tudo se encaixava bastante com o enredo e o desenrolar da trama. Gostei bastante, mesmo. A animação não estava 10/10, mas foi razoavelmente boa, embora tenha tido alguns escorregões.

    Em relação à trama em si e os personagens, foi mesmo algo interessante de se ver. As relações entre Bishamon e Kazuma, Yato e Nora, Yukine e Yato, entre outros, tiveram uma grande carga emocional. Falando do Yukine, ele amadureceu bastante; vindo dele, sinto uma transformação considerável: Yukine passa de um garoto mimado, para alguém muito mais maduro. Ele está mais forte, mais decidido, ele sabe o que quer. Mas ainda continua um fofo.

  

Quanto à Bishamon, a deusa marcou presença nessa temporada e se mostrou incrivelmente maravilhosa. Eu gosto da Bishamon. Ela é linda, poderosa, uma grande chefe de família, dedicada e justa. Ou, pelo menos, ela tem uma grande sede de justiça. Ao seu lado, sempre se encontra Kazuma, todo sério e cortês. Juntos eles têm uma sonoridade imbatível.

    Em relação à Hiyori não sei se tenho muito o que dizer. A ligação entre ela e Yato alcançou outros níveis. Essa relação, essa ligação entre eles, é algo muito importante. A Hiyori é "devota" ao Yato, ela se preocupa com ele, ela confia nele... Isso vai além do esperado por Yato. É uma interação muito importante que, como sempre, rende muitos escapes cômicos.

    Sim, os escapes cômicos. Apesar dessa segunda temporada possuir uma carga mais séria, Noragami não é Noragami sem o Yato fazendo palhaçada. Ou sem Kofuku e Daikoku que são outra dupla muito boa e engraçada. Meu Deus, eles são muito engraçados. Só a presença da Kofuku já o suficiente para causar uma atmosfera cômica.

   Também não faltaram aparições daquela Nora já conhecida por todos. Toda misteriosa, vestida de branco, aquele ar sombrio, aquela carinha de anjo que possuí contrato com as trevas.... Ela emana uma áurea bem característica dela mesma. Quando Nora aparece todo o ambiente se transforma, a cena toda muda. Fica aquele jogo de tensão, você fica em alerta esperando alguma coisa acontecer. Porque algo VAI acontecer, e geralmente nunca é coisa boa. Entretanto, eu não consigo odiar ela. Eu a olho e vejo uma menina vestida de branco e aquela atmosfera toda misteriosa, mas raiva eu não consigo sentir. Pensando bem, tem algo nela que me remete à Kanna de InuYasha. 

     Enfim, resumindo tudo, eu gostei de acompanhar Noragami. Mesmo a animação tendo dado umas escorregadas e mesmo com os fillers. Como eu não leio o mangá, acho muito mais fácil para mim aceitar a existência dos fillers do que a galera que lê, ou talvez eu só tenha meio que aceitado isso como um mal comum a ser tolerado. Ou, ainda, eu goste o suficiente de Noragami de tolerar isso. Não vou saber dizer com certeza, o fato é, eu gostei de acompanhar Noragami Aragoto. Foi legal, foi bom, foi engraçado e foi emocionante. O anime me ganhou logo na abertura e no encerramento eu estava rendida. Sim, eu me vendo facilmente por aberturas e encerramentos, eu gosto de música e considero a questão trilha sonora e o que a envolve algo importante nas obras.


    Resumindo: foram treze episódios gostosos de acompanhar, mais um OVA hilário. Para aqueles que são muito curiosos e possuem tempo disponível fontes confiáveis recomendam ler o mangá porque tem muita coisa acontecendo.

Resenha: Subete ga F ni Naru - The Perfect Insider


   Subete ga F ni Naru, com o título alternativo The Perfect Insider, é uma light novel de mistério da autoria de Hiroshi Mori. O romance foi publicado pela editora Kodansha, no Japão, em 1996 e é o primeiro volume da série S&M (Professor Saikawa e sua Estudante Moe). Nove volumes complementares foram publicados entre 1996 e 1998. Subete ga F ni Naru foi adaptado para mangá em 2001, com arte de Tarao Asada. Em 2002 a obra também foi adaptada para visual novel. Entre outubro e dezembro do ano passado foi produzida uma série de drama contendo dez episódios. E este ano, foi exibida a adaptação em anime. 

    A história gira em torno de Saikawa Souhei, que vai para uma ilha junto com o seu grupo de pesquisa e Nishinosono Moe, filha de seu mentor. Lá eles encontram um cadáver e trabalham juntos para resolver o mistério. Olhando assim o enredo parece bem simples, porém, para falar sobre todas as minhas impressões do anime vou ter de revelar algumas coisas sobre a trama.

     Inicialmente, assistir Subete ga F ni Naru me pareceu uma boa ideia. A sinopse me chamou a atenção por ser um mistério. Eu costumo gostar de mistérios. Porém, depois de onze episódios, ainda estou pesando a quão satisfeita estou.

    A série possuí personagens interessantes. O Saiwaka é um personagem interessante, a Nishinosono é alguém importante e Magata é o grande mistério. A Magata não é só parte importante da trama por ser ela o corpo a ser encontrado por Saikawa e Moe. Na verdade, "ser encontrado" não define muito bem o que aconteceu. O corpo de Magata foi meio que exposto. Ele aparece sem os membros, num vestido de noiva, em cima de um carrinho. E, logo em seguida, o tio de Magata que havia acabado de chegar à ilha trazendo a irmã mais nova da cientista, também é assassinado.

   O mistério poderia ter se desenvolvido de uma forma muito boa. A ideia geral é muito interessante. Magata vivia trancada em seu quarto há quinze anos. A porta só abria por dentro. Ninguém havia entrado nem saído do quarto. Nenhum assassino era encontrado. Então, quem tinha matado Magata? Quem tinha matado seu tio? E como essa pessoa tinha conseguido driblar toda a segurança? A ideia é boa. O mistério é bom. Porém ele não se desenvolveu tão bem quanto podia, ou talvez eu só esteja absorvendo tudo o que aconteceu ainda.

  O que aconteceu, é uma coisa que ocorre com várias outras histórias, demoraram demais para desenrolar o mistério. Tudo, bem talvez isso não seja um ponto tão negativo assim. Poder-se-ia alegar que o ritmo é lento porque visa muito mais o desenvolvimento do psicológico dos personagens, do que, de fato, do "mistério central" em si.  Ainda assim, nos primeiros episódios quase nada acontece. Embora, a ambientação seja algo bem positivo. O clima dos episódios é bom. O clima da história em si é bom.  Porém, mesmo durante a resolução do enredo não acontece muita coisa, o ritmo, o desenrolar da história é lento. Embora, como eu disse, isso não seja cem por cento negativo.  Afinal, temos os flashs sobre a vida de Magata antes de se tornar reclusa na ilha e isso sim é algo interessante. A construção da Magata é algo interessante. Ela é, de longe, a personagem mais interessante para mim. Mesmo assim, em alguns momentos, eu senti que um mistério que dava para ser legal, ficou meio chato. Porque você não sentia nada ser resolvido, nada de concreto. Claro, que juntar as peças sobre o passado de Magata era algo interessante, claro que saber mais sobre os motivos que levaram ela a ser quem é e tentar compreende-la era algo legal. Mas essa era a parte que eu mais gostava mesmo. Tudo bem, tudo bem, compreender o passado de Magata era importante para a resolução do mistério todo, mas eu senti um pouco falta de pistas mais concretas ali, na própria cena do crime. Okay, eu também poderia dizer que não deixar rastros é bom, porque isso mostra o quão competente é o assassino. Mas eu não consegui me conectar muito. Na verdade, eu me conectava e desconectava com a resolução do caso central o tempo todo. Aparecia a Magata, então, aquele ar dela, aquela ambientação, a tensão no ar me deixava empolgada. Mas, então, voltávamos para a linha temporal comum da história e eu meio que dava uma desconectada. Eu me sentia burra, o que era bom, num mistério, como eu disse, eu quero me sentir burra mesmo. Eu quero quebrar a cabeça para tentar resolvê-lo. Porém, eu não tinha nada a me apegar. Eu sentia que nem mesmo personagens tinham ao que se apegar. É como se, nas investigações, as coisas não acontecessem muito.  Então, nos últimos três episódios tudo é resolvido, as partes se encaixam todas com uma rapidez e você tem a resolução do caso. É a resolução é boa? Até que é algo plausível e talvez criativo. Acho que eu gostei. É, eu gostei. Me pareceu meio surreal no começo, foi quase difícil de aceitar. Mas eu acho que gostei do desfecho das coisas.  É inesperada? Pode-se dizer que sim, porque eu não pensaria naquilo. Sério, eu não pensaria mesmo naquilo. Eu podia pensar em qualquer coisa, até num espírito assassino. Naquilo não.  É emocionante? Não, muito. Até porque no episódio dez, que é onde as pontas se encaixam mais corretamente, as coisas são bem enrolativas. Para ser sincera, apesar do fato ocorrido ser algo interessante e uma resolução criativa, fica um pouco um sentimento de pontas soltas. Fica um pouco o sentimento de que, em alguns momentos, nada aconteceu. O desfecho é meio WHA THE FUCK! Mesmo.

    Entretanto, apesar desse meu sentimento de dualidade, eu não diria que o negócio é de todo ruim. Eu não diria que ele é, exatamente, ruim. Não de verdade.  Mas eu fiquei chateada com o andar das coisas, porque era uma série para qual eu tinha boas expectativas, embora eu tenha oscilado entre o andar de um episódio e outro.  Era uma série da qual eu gostava do visual dos personagens, uma série com uma trilha sonora boa, uma série cujo título de todos os capítulos têm relação com cores. Era para ser um quadro pintado aos pouquinhos. Mas eu não senti muito isso acontecer.

    Os personagens também não são nada ruins, sério. A Magata é uma personagem meio louca, com uns pensamentos meio doidos, ela é um gênio e têm suas próprias concepções de vida. Na verdade, ela é uma personagem incrível ao meu ver. Ela é meio insana, yandere, enlouquecida, psicopata.... Acho que eu poderia fazer um post falando só dela. E outro falando só da oposição entre ela e a Moe. Porém, apesar disso, eu não me senti tão empolgada para resolver o mistério com Saikawa e Nishinosono, embora, eu ficasse inegavelmente curiosa. Afinal, o quarto estava trancado, ele só abria por dentro, não tinha como alguém entrar lá. Pelo menos a premissa inicial é inegavelmente interessante. No começo, eu fiquei bem animada, mas depois eu comecei a oscilar as vezes, mais para o final isso meio que tinha se esvaído. Não por completo, claro, mas um pouco sim. 

  Como eu disse, eu não diria que o anime é ruim, gosto do visual dos personagens, gosto da trilha sonora, gosto da Magata. Só que essas coisas não foram suficientes para salvar totalmente a série para mim. Depois de tudo ainda sinto como se faltasse algo. Mesmo com aquele desfecho que me deixou bem descrente no início. Eu poderia mesmo classificá-lo como original, surpreendente e criativo, mas o desenvolvimento anterior conseguiu tirar um pouco do brilho da série para mim.

    Em suma, se alguém me perguntasse se Subete ga F ni Naru é legal eu diria sim é legal. Dá para assistir ele e curtir, sim. Tem uma premissa interessante, um clima de mistério gostoso, uma personagem muito chamativa, uma trilha sonora boa, um encerramento e uma abertura que eu considero muito bons. Enfim, é uma série legal. O lance é que eu sinto que não podia dizer muito mais que isso.  Não foi espetacular, não foi incrível, não alcançou as expectativas, faltou alguma coisa, creio.  Entretanto, pra quem gosta de mistério talvez seja interessante dar uma conferida só pela Magata e a resolução final mesmo. Que são de fato interessantes. Algumas pessoas disseram que o título do anime devia dizer Subete ga N ni Naru, porque tudo se torna NADA. Olhando pelo lado do ritmo lento de desenvolvimento de algumas coisas, eu concordo. Vendo de outra forma, poderíamos dizer que tudo se torna WHAT THE FUCK, MAGATA?! Enfim, resumindo. A série foi legal, ao mesmo tempo que um lado meu gostou de certas coisas, outro ficou meio insatisfeito com outras. Acho que esse é o saldo final mesmo, para mim, tudo se tornou esse sentimento de dualidade. 

   

   

    

Resenha: A Dama do Lago



   O detetive Philip Marlowe é contrato por um rico executivo do ramo dos perfumes para encontrar a esposa deste, Crystal Kingsley. As pistas levam Marlowe até Bay City e, em seguida, Puma Point onde ele acaba se pondo no rastro de outra misteriosa mulher, Muriel Chess. Aos poucos a trama, aparentemente simples, se desenvolve envolvendo médicos inescrupulosos e policiais corruptos. 

   O livro foi escrito durante a Segunda Guerra Mundial, mas diferente das outras histórias que li da época, A Dama do Lago não se foca na guerra. O cenário mundial é citado algumas vezes, mas não é nada que interfira diretamente no enredo.

    A Dama do Lago tem dois pontos que me chamaram bastante atenção: primeiramente, o mistério, em si, é mesmo muito bom. Porém a narração.... Vou começar pelo ponto que eu poderia chamar de negativo, a narração. O livro não é mal escrito, mas a quantidade de vezes que expressões como "e eu disse" ou "e ele (a) disse" aparecem me incomodou bastante. Muitas vezes a narração estava super fluindo, a história super se desenrolando aí BAM vinha uma dessas frases e rolava aquela quebra sabe? Talvez eu esteja acostumada com outros tipos de livros, livros onde as falas são introduzidas de forma um pouco mais natural.... Não sei, o fato é que isso me incomodou. Outro ponto incomodo, ainda no quesito narração, é que o livro é narrado em primeira pessoa. Porém, algumas vezes, eu tinha a impressão de que o narrador meio que se perdia e soava mais como um narrador de terceira pessoa. Então, eu ficava meio confusa e tinha de reler. Por conta disso, eu não gostei tanto do livro quanto poderia ter gostado.

    Entretanto, nem só de narração vivem livros de mistério; na verdade, livros de mistério vivem muito da trama em si e essa merece elogios. A Dama do Lago é o tipo de livro no qual você consegue prever alguns poucos elementos. Por conta disso você começa a pensar que vai prever também a resolução do caso. Quando o livro chega na metade, o leitor acha que já sabe como tudo vai acabar, mas não sabe. O autor usa um recurso bem interessante que é fingir revelar o culpado de tudo, mas, no fim, dar a cartada final e mostrar que as coisas não eram bem assim. Gostei muito dessa forma de apresentar os fatos. No penúltimo capítulo eu achava que já sabia de tudo e só estava lendo porque faltava pouco mesmo. Eu já estava começando a me indignar e não acreditando que o desfecho seria aquele, porém, no último capítulo percebi estar bem errada. Eu fui feita de boba pelo autor e isso, num livro de mistério, é ótimo. Livros com casos a serem solucionados devem ser assim mesmo, fazer não só os personagens, mas o próprio leitor de bobo. Enganar todo mundo, pelo menos de forma parcial e A Dama do Lago faz isso de uma forma muito boa e elegante. Já li outros livros do gênero antes e me arrisco a dizer que este, em quesito desenvolvimento dos fatos, é o que mais possui reviravoltas. Foi mesmo prazeroso resolver esse mistério ao lado de Marlowe.


    Num panorama geral o livro é bom. Exceto o que comentei quanto à narração, não achei nada de muito negativo. Acho que a resolução do caso compensa os pontos fracos da narração. Considero A Dama do Lago uma boa opção para aqueles que gostam de um romance policial, uma narrativa de mistério, cenas com tiros e uma ambientação entre os anos trinta e quarenta.

Resenha: Até O Dia Em Que O Cão Morreu



   Após se formar na faculdade, um cara de vinte e cinco anos aluga um apartamento no centro de Porto Alegre e passa todos os dias olhando o movimento pela janela, bebendo cerveja e caminhando pelas ruas da cidade. Até que aparecem em sua vida uma modelo chamada Marcela e um cão. A partir daí o protagonista se vê num impasse, se questionando sobre qual o melhor modo de viver: persistir num quotidiano de privações, mas sem riscos emocionais, ou se deixar levar pelas possibilidades dos afetos. 

    Esse é o enredo de Até O Dia Em Que O Cão Morreu, livro do brasileiro Daniel Galera. Apesar de aparentemente a história ser monótona, a narrativa abrange questões bem legais. O livro tem um ar um pouco deprimente, ou melhor, melancólico, mas essa é, justamente, uma das coisas mais interessantes da obra.

    O protagonista é formado em Letras, então, eu meio que me conectei com ele logo de cara. Digamos que eu o compreendi.... Digamos que bateu aquele desespero de se formar e acabar se vendo na mesma situação que o protagonista. Porém, após o momento "Ó, meu Deus, poderia ser eu", consegui curtir bastante o livro.

   Pensando nos livros brasileiros atuais que eu andei lendo, esse tem uma temática um pouco diferente, e eu gostei bastante. Gostei desse negócio do autor ter um livro com uma proposta questionadora. Entretanto, o que o narrador questiona não é, exatamente, a sociedade e coisas assim; é mais uma coisa existencialista. São as próprias relações humanas, o modo de vida das pessoas, não só no coletivo, mas de maneira individual. Fazia tempo que eu não lia um livro assim, que não fosse canônico, a ideia me fisgou.

   Me agradou o modo como foram desenvolvidas as relações dele com Marcela e com o cão. Também gostei de como foram desenvolvidas as relações de Marcela com seu trabalho e as coisas que a rodeiam. A Marcela, na verdade, foi um personagem que me intrigou bastante. Compreendê-la era uma tarefa interessante, eu gostei de tentar entendê-la. Acho que me conectei muito mais facilmente com o protagonista do que com Marcela, talvez porque eu a visse pelos olhos dele. Enfim, foi uma experiência e tanto ler o livro.

   Até O Dia Em Que O Cão Morreu tem aquele climinha melancólico... Aquela coisa meio "dia-de-chuva, paz, pensamentos, um livro, um café e Marcelo Camelo tocando ao fundo", ou foi isso que me remeteu logo de início. Me fez pensar sobre algumas questões. Me fez pensar nessas questões não só através do viés dos personagens, pensando na vida e construção deles, mas também olhando um pouco mais para mim mesma. Posso dizer que considerei a experiência um tanto enriquecedora. E o final do livro é um pouco surpreendente. E nos deixa cheios de expectativas!

   A história de Galera não é um livro feliz. Ele é melancólico, questionador, às vezes triste, às vezes com um tom cansado, às vezes com um ar desacreditado. Entretanto, ainda assim, existem passagens engraçadas. Não é um humor leve e alto astral, é um humor dentro da própria melancolia... E o desfecho poderia ser caracterizado por um quase montanha-russa de sensações, ou talvez, por uma mudança brusca de clima e sentimentos. É um livro para o qual vale dar uma chance, embora, obviamente, o título já seja um spoiler. Para quem gosta de cinema e adaptações literárias, existe um filme sobre o livro chamado Cão Sem Dono.

   Até O Dia Em Que O Cão Morreu é uma daquelas histórias que, apesar de inicialmente, parecer só uma grande carga de melancolia, consegue se desdobrar em algo maior. É uma história que soa como um pedacinho da vida. Uma história que merece ser ouvida!
   

Resenha: Meu Pé de Laranja Lima



"Não espero nada, assim a gente não fica desapontado."

   Um livro é capaz de te conquistar no começo, no meio ou no fim... Meu Pé de Laranja Lima conquista na primeira palavra.  Escrito por José Mauro de Vasconcellos, o livro narra a história de Zezé, um garotinho muito sensível e muito pobre que têm de aprender a lidar com várias adversidades desde muito cedo. 

   Meu Pé de Laranja Lima é um livro muito famoso, mesmo quem não leu, geralmente, já ouviu falar por intermédio do pai, da mãe ou de algum professor. O título é um tanto curioso, qual e o quão forte é a relação de Zezé para que o título do livro seja "Meu Pé de Laranja Lima"? E afinal, como é esse garotinho Zezé?

    Zezé é mais do que eu esperava. Zezé é a essência viva de toda a narrativa. Uma criança sensível, inteligente, precoce, apaixonante e muito incompreendida. Inserido numa família muito pobre, num tempo em que surra era remédio para tudo, o garotinho passa por maus bocados. Zezé é uma criança um tanto traquinas, o que faz com que ouça aqueles impropérios que as famílias costumam dirigir às crianças "Você é filho do diabo mesmo!", e o garoto acredita. Entretanto, ele é de longe uma das crianças mais adoráveis que eu já conheci através da literatura, sério.

   Todo mundo me dizia que eu ia chorar MUITO com Meu Pé de Laranja Lima; não digo que chorei muito, chorei no final, assumo e me emocionei durante o livro todo. Logo no comecinho já li umas coisas que me travaram a garganta.

   Quanto à família de Zezé preciso dizer que a relação é complexa. Em muitos momentos eu senti muita raiva, muita raiva mesmo. Porém, de uma certa forma eu entendia o lado deles. A situação financeira, a época na qual se passa a história... Todo o aparato que os envolvia explicava suas posições em determinadas situações.

   Depois de ler Meu Pé de Laranja Lima, acho que entendi porque sempre ouvi falar dele e porque só a capa, só o nome, me dava uma sensação tão quentinha. O livro é envolto em muita ternura, Zezé é um personagem que exala muito ternura e carece de muita ternura também. Já a história tem um quê bem nacional. Não nacionalista, não regionalista, mas uma coisa que faz com que você perceba que bem, existiram muitas famílias como as de Zezé pelo Brasil, e ainda existem!

    Meu Pé de Laranja Lima é um livro muito bonito. É triste? Sim, é triste. É um daqueles livros que se assemelham à uma parte da vida sabe? E a vida de todo mundo tem umas partes meio tristes. Mas é muito bonito, emocionante e apaixonante. A história de Zezé é uma daquelas onde o livro fica na cabeceira, a narrativa gravada na cabeça e a história guardada no coração.


"Às vezes sou feliz na minha ternura, às vezes me engano, o que é mais comum."