Menu

O que você está fazendo no fim do mundo? Está ocupado? Poderia nos salvar? - Sukasuka (resenha)

“Prometemos ficar juntos para sempre.
E esse voto me trouxe felicidade.
Eu percebi o quanto o amava
E essa realização me trouxe felicidade.
Ele me disse que me faria feliz.
E aquelas palavras me trouxeram felicidade.
Ele trouxe uma quantidade incrível de felicidade
e alegria para minha vida.
É por isso que posso dizer com toda certeza,
e ninguém pode me convencer do contrário,
que eu sou a garota mais feliz do mundo agora. ”

      A ficção possuí centenas de histórias de amor. A ficção também possuí dezenas de histórias de guerra. Não são raras, ainda, as narrativas de um futuro pós-apocalíptico onde nem a Terra, nem os humanos são mais os mesmos. Entretanto, talvez, seja um pouco menos corriqueiro o surgimento de histórias que consigam unir todos esses elementos. 

    Shûmatsu Nani Shitemasuka? Isogashii desu ka? Sukutte Moratte Ii desu ka? (O que você está fazendo no fim do mundo? Você está ocupado? Poderia nos salvar?, em tradução livre para o português), mais comumente conhecido como Sukasuka é uma narrativa que combina todos os ingredientes citados acima. A obra, uma série de light novel roteirizada por Akira Kareno e ilustrada por Ue, foi adaptada para anime durante a temporada de abril desse ano e conta com doze episódios.

   A história de Sukasuka se passa num futuro distante, quinhentos anos após a extinção dos humanos pelas mãos de terríveis Bestas. As raças sobreviventes agora residem em ilhas flutuantes no céu, fora do alcance de todos. Apenas um pequeno grupo de garotas, as Leprechauns, são aptas a utilizar as armas antigas necessárias para afastar as Bestas, garantindo a segurança da população. Essas meninas vivem uma vida instável e passageira, onde um chamado para a morte pode ocorrer a qualquer momento. No meio disso tudo surge um personagem improvável: um jovem que perdeu tudo em sua batalha final quinhentos anos atrás, o último ser humano vivo que acaba de despertar de um longo sono congelado. O humano, Willem, irá se envolver com as Leprechauns e juntos eles irão compreender gradualmente o que significa família e procurar proteger suas vidas.

   Sukasuka é uma história que, logo nos primeiros cinco minutos de episódio já deixa bem claro a que veio. A narrativa inicia-se com uma espécie de prólogo, para então retroceder e começar a contar a história propriamente. Neste curto prólogo já é possível perceber que Sukasuka será uma história permeada por drama e pelo elemento da morte, perfeito para emocionar o expectador.

      Não é spoiler dizer que Sukasuka termina em tragédia, uma vez que desde o início o expectador já tem uma boa ideia de qual será o final da narrativa; na verdade, tragédia é uma palavra ótima para descrever a obra. Um dos elementos utilizados para classificar uma tragédia é a ideia de uma história que “começa bem e termina mal”, e pode-se dizer que, de uma certa forma, Sukasuka é um pouco assim. Um pouco, claro, afinal não se pode dizer que uma narrativa onde garotas adolescentes lutam contra bestas, podendo morrer a qualquer momento, comece “bem”. 

    Entretanto, deixando de lado a definição de tragédia, Sukasuka continua lindo e emocionante. Apesar da alta carga dramática, capaz de causar até mesmo uma espécie de tensão na narrativa, a obra não soa melodramática nem piegas. Não é um drama forçado, ou uma novela mexicana, a carga sentimental é inserida devagar, em doses quase homeopáticas, preparando o expectador para o que estar por vir. Mais do que isso, ainda que você saiba o que está por vir, em alguns momentos aparece um ou outro raio de esperança.

    Para além disso, existem ainda momentos cômicos que servem para aliviar a tensão e o romance existente entre os protagonistas, fio condutor de toda a narrativa, é muito bonito, fofo e convincente.

   Veja bem, têm-se um mundo onde os humanos não existem mais, as raças que sobraram vivem em ilhas suspensa e há bestas sanguinárias prontas para atacar a qualquer instante. As únicas capazes de garantir a segurança desse mundo são garotas absurdamente jovens. Junto de tudo isso, têm-se um casal que precisa ser desenvolvido de uma forma que torne o elemento trágico convincente, de uma forma que comova o expectador. E dá certo! O casal é convincente, a narrativa é convincente, os personagens e a mensagem que tentam passar, tudo convence.

   Muito provavelmente, parte dos créditos pelo bom funcionamento da história deve ir para os personagens, em especial os dois protagonistas e as Leprechauns. Willem Kmestch é o grande protagonista da história. Ele é o último humano vivo e acaba de acordar de um sono muito longo, porém possui vários arrependimentos por ter falhado várias vezes em proteger as coisas que amava. Sem ter o que fazer ou para onde ir, Willem acaba arranjando um emprego como gerente de um armazém onde se encontram armas especiais. É nesse trabalho que se encontra novamente com Chtolly, uma garota com quem ele já havia cruzado na cidade antes.

       Chtolly Nota Seniorious, por sua vez, é uma das Leprechauns. Sua função é lutar contra as Bestas e por isso sua vida pode acabar a qualquer instante. Ela é uma garota muito dedicada, que cuida muito bem das Leprechauns mais novas, além de ser absurdamente forte. Não é surpresa nenhuma ela se apaixonar por Willem após encontra-lo novamente. 

    No que diz respeito à demais Leprechauns, elas são várias, cada uma com sua peculiaridade. As mais novas são absurdamente fofas e as mais velhas possuem um grande senso de responsabilidade com relação ao trabalho que desempenham. Porém, o que as une de forma inquestionável é o pouco valor que dão às suas próprias vidas.

     No mundo em que estão inseridas as Leprechauns são armas vivas, sua função é simplesmente proteger as ilhas flutuantes. Elas sabem que podem sucumbir a batalha em qualquer momento e não hesitam em descartas suas vidas para derrotar um oponente que seja muito forte.

      Toda a questão do pouco valor que as jovens garotas dão a si mesmas, somado à ambientação da história, mais o desenvolvimento da relação entre o Willem e Chtolly dão base à narrativa de Sukasuka e tornam a obra tão atrativa. É bonito, dramático, triste e deveras sofrido, sem deixar de ser engraçado e aquecedor em vários momentos. As relações que as Leprechauns travam entre si e as transformações que o convívio entre elas e Willem realizam em ambos é algo muito bom de se acompanhar.

      Sukasuka é aquela história que desde o primeiro instante o expectador já sabe o que o aguarda, sem grandes surpresas. Aos poucos, a narrativa vai construindo o caminho que o levará para o derradeiro fim. E embora já se saiba o que esperar, cada passo da jornada é valioso e ao chegar ao destino têm-se uma espécie de sensação de dever cumprido, misturado com um aperto no peito de saudade e a certeza de que valeu a pena toda a trajetória.


“Prometemos que sempre ficaríamos juntos
E essa promessa me trouxe paz.
Percebi o quanto ela significava para mim.
E perceber isso me deixou alegre.
Eu disse a ela que a faria feliz.
E aquelas palavras me deram satisfação.
Ela me deu tantas coisas
que eu achei que nunca teria.
Mas eu...”





Alice, seus sonhos e seu País das Maravilhas - Alice to Zouroku (resenha)

“Quando Alice ficar adulta
ela com certeza contará histórias estranhas
para criancinhas que se parecem com ela.
E, nessas histórias, ela provavelmente
contará aquela...
A história de um mundo fantástico
com o qual sonhou há muito tempo. ”

     Alice é, com certeza, um nome deveras emblemático. Quando esse pequeno conjunto de letras é pronunciado, muito provavelmente, algo será evocado na memória de quem o ouve. Não é Alice o nome de uma das heroínas da Disney? Não é Alice o nome daquela garotinha do livro de Lewis Carrol? Uma menina esperta e muito curiosa que persegue um coelho atrasado, acabando por cair dentro de sua toca e lá no fundo descobrir um mundo de maravilhas... 

     O nome Alice e todo sentido e relações que ele carrega é frequentemente utilizado, ou reutilizado, na literatura, no cinema e nas demais mídias. Vários capítulos extras, episódios especiais e fillers de diversos títulos de mangá e anime já foram lançados utilizando-se de alguma forma da história de Carrol, seja através de um crossover ou de uma caricatura.

    Um dos animes da há pouco encerrada temporada de abril, faz mais ou menos a mesma coisa, porém, talvez dando um passo além. Alice to Zouroku é baseado em um mangá homônimo de autoria de Tetsuya Imai; a história foi serializada em 2012, no Japão, e compilada em sete volumes no formato tankôbon. Alice to Zouroku se apropria do nome “Alice”, como também da ideia e do conceito de “País das Maravilhas” criando algo novo, ao mesmo tempo que deixa mais do que evidente as referências e intertextualidades com a obra de Lewis Carrol.

       A história começa com um grupo de garotas que possuem um poder chamado “Sonhos de Alice”, habilidade que as torna capazes de fazer sua imaginação se tornar realidade. Essas meninas são tratadas como objeto de pesquisa em um determinado laboratório. Uma dessas garotas, Sana, cujo poder específico inclui a habilidade de ignorar as leis da física e manifestar qualquer coisa que ela seja capaz de imaginar, escapa do laboratório e encontra Zouroku, um velho levemente ranzinza que não gosta de interrupções em sua vida cotidiana. 

    Apesar do início “garotas presas em laboratório → uma delas foge → o laboratório passa a persegui-la” Alice to Zouroku não se mantém o tempo todo nessa linha. Na realidade, a história se trata muito mais de acompanhar o cotidiano de Sana após seu encontro com Zouroku e seu crescimento, do que uma corrida “dos caras maus” atrás da protagonista.

      O primeiro episódio do anime pode não agradar muito visualmente, já que a animação não é das melhores e, embora melhore um pouco nos próximos episódios, não sai muito do médio-regular, entretanto, a história compensa. Alice to Zouroku consegue reunir numa mesma narrativa uma parte inicial de fuga, batalhas, fortes emoções e descobertas, e uma parte seguinte de um slice of life cotidiano quase tão fofo quanto Amaama to Inazuma. No que diz respeito aos personagens, eles são em sua maioria muito carismáticos, inclusive o rabugento Zouroku. 

    Comecemos a falar dos personagens por Sana, a protagonista. Conhecida no laboratório como Rainha Vermelha, a garotinha é capaz de criar com seu poder absolutamente qualquer coisa que imaginar. Ela possui entre 8 e 10 anos e sua inocência causada pela idade e pelo desconhecimento que possuí com relação ao mundo exterior acaba, às vezes, lhe trazendo problemas. Ao fugir do laboratório encontra-se com Zouroku, àquele que irá acolhe-la e, ao seu lado, protagonizar cenas de imensa fofura.

   Zouroku, por sua vez, é um velho rabugento dono de uma floricultura. Inicialmente, ele tenta não se envolver de forma alguma com Sana, mas é incapaz de deixar uma garota tão jovem abandonada à própria sorte. Apesar de ser um tanto resmungão e ter uma cara um tanto fechada, Zouroku é um avô muito amoroso tanto para Sana quanto para sua neta biológica.

    Kashimura Sanae é a neta de Zouroku. Ela mora com o avô desde que seus pais morreram, há muitos anos atrás. Sanae aceita Sana com muita facilidade em sua casa, feliz por ter uma espécie de irmã mais nova. A garota demonstra ter um jeitinho um tanto desligado que acaba sendo um bom escape cômico.

    Além de Sana, existem outras garotas no laboratório, também possuidoras dos “Sonhos de Alice”. Dentre essas meninas estão Asahi e Yonaga, gêmeas idênticas cujas habilidades são, respectivamente, materializar qualquer arma conectada à uma corrente e invocar um arco. 

      Outro núcleo de personagens da narrativa são os encarregados do governo ocupados de investigar sobre os “Sonhos de Alice” e sua coexistência com os demais seres humanos. Fazem parte desse núcleo Naitô Ryû, um antigo amigo de Zouroku que deseja saber mais sobre os “Sonhos de Alice”; Yamada Noriko, uma especialista técnica que trabalha junto com Naitô, admiradora fervorosa de sua veterana; e Ichijo Shizuku, a assistente de Naitô capaz de invocar 666 armas diferentes. 

    Não é somente o carisma dos personagens, porém, que torna Alice to Zouroku uma narrativa prazerosa de ser acompanhada. No próprio enredo existem algumas sutilezas que devem ser levadas em consideração. Como, por exemplo, o fato de os “Sonhos de Alice” serem poderes que materializam e evocam coisas a partir da imaginação de suas usuárias, em sua maioria garotas muito jovens. Nesse detalhe tão simples, há uma espécie de valorização da imaginação infantil como uma força poderosa.

  Essa ideia é consideravelmente explorada na narrativa, principalmente no que diz respeito à Sana. A protagonista é uma criança tão jovem e tão pura quanto a ideia que, de fato, se faria da Alice de Carrol. Sua curiosidade e inocência, características tão genuinamente infantis, combinadas com seu poder criam uma protagonista que desperta simpatia no público e servem para dar um clima leve, um tanto aconchegante, quase inserindo nostalgia, à trama.

     Outro ponto sutil, mas interessante da narrativa é o próprio “País das Maravilhas”. Ele aparece na história como um fenômeno sem explicação de onde nasce Sana, um lugar onde tudo parece ser possível e onde a palavra “maravilhas” pode exercer todos os seus sentidos amplamente. Não é apenas uma referência, é mais do que isso. Ocorre uma espécie de ressignificação ou talvez uma acentuação de significado. O País das Maravilhas tem fome de conhecimento do mundo humano, ele quer aprender tal qual uma criança curiosa. 

    Ainda no campo das sutilezas, vale a pena citar a abertura e o encerramento que combinam maravilhosamente com a narrativa tanto em temática quanto em clima. São absurdamente lindos e bem sacados, principalmente, no que diz respeito às músicas escolhidas. 

    Alice to Zouroku não é uma obra prepotente, nem possuí grandes ambições. É uma história bonitinha, engraçada e leve, com alguns toques de drama e batalhas, nada muito além disso. Uma narrativa singela e carismática como sua protagonista, que acaba por explorar, propositalmente ou não, alguns aspectos da criança e da infância. No anime, ecoa a Alice de Lewis Carrol de uma forma que vai além das referências e intertextualidades, quase como se uma essência tivesse sido captada. A essência de Alice, que não é apenas uma, mas várias: as muitas Alices que por aí existem, crianças curiosas, ingênuas, mas espertas, imaginativas o suficiente para criarem seu próprio País das Maravilhas, que não só ouvem como também vivem histórias, aventuras que um dia contarão para outras crianças tão curiosas, imaginativas e sonhadoras quanto elas.


“Esta é....
... a história de uma garota....
...que continua procurando a ‘si mesma’,
para que vire seu ‘eu’”.


Criando uma heroína chata - Saenai Heroine no Sodatekata Flat (resenha)

“Blessing Software não desaparecerá”

      “Quando um otaku dá tudo de si, é melhor abrir caminho”, essa foi a mensagem que ficou ao final da primeira temporada de Saenai Heroine no Sodatekata. Pouco mais de um ano depois, o anime retorna para uma segunda temporada, Saenai Heroine no Sodatekata Flat, fazendo o que já era bom ficar melhor ainda. 

     Para quem, infelizmente, não conhece convém explicar um pouco do enredo:  Saenai Heroine no Sodatekata, mais popularmente conhecido como Saekano, é baseado em uma light novel escrita por Fumiaki Maruto e ilustrada por Kurehito Misaki. O enredo gira em torno do protagonista Aki Tomoya, um otaku que após um impressionante encontro com uma garota numa ladeira, resolve fazer um galge moldando sua heroína na garota que avistou no fatídico dia. Para conseguir realizar o jogo, Tomoya conta com o apoio de Kasumigaoka Utaha, Sawamura Eriri, Hyodo Michiru e Kato Megumi, a garota com quem ele teve o “encontro predestinado”. Juntos, eles formam a equipe de doujin, Blessing Software.

      Nesta temporada, todos os personagens já tão conhecidos e amados pelo público que acompanha Saekano retornam ainda melhores. Dessa vez, o anime teve uma maior carga emocional e aprofundou melhor as personalidades e relações entre alguns personagens. Foi uma narrativa mais profunda e impactante do que a primeira temporada, isso sem deixar o humor de lado e sem perder a mão. 

      Os destaques do arco foram, com certeza: o desenvolvimento da personalidade da Kato, o relacionamento entre Kato e Tomoya, e o relacionamento entre Utaha e Eriri. A primeira temporada foi um pouco mais focada na representação do Tomoya e em mostrar o tipo de pessoa que ele é, otaku profissional, por assim dizer. Aki Tomoya é um cara que não tem vergonha de ser quem é de verdade, um otaku muito bom em ser otaku, e essa é uma das suas maiores qualidades. A temporada anterior também apresentou as personalidades das heroínas, dando um pouco mais de destaque para Eriri e Utaha.

        Nessa segunda temporada, entretanto, foi a vez de Kato brilhar. Kato Megumi é, como bem se sabe, a heroína do jogo; ela é a garota usada como molde para desenvolver a protagonista do jogo que a Blessing Software desenvolve. Para além disso, a palavra “boring” não seria capaz de descrever Megumi com exatidão. Na primeira temporada ela é mostrada como uma garota sem muitas emoções, o tédio em pessoa, a primazia da apatia... àquela que não se encaixa em nenhum estereótipo. Chamá-la de chata ou de personagem sem graça ainda seria um equívoco, pois a garota não se encaixa nem mesmo nesse tipo. Enfim, Kato foi a garota que encantou a todos por ser simplesmente ela mesma.

       Porém, essa Kato de Saekano Flat veio para desmontar todas as certezas que você tem sobre ela. Kato demonstra emoções, não uma, mas várias... O bastante para deixar Tomoya confuso e o espectador com o coração na mão. Da raiva à gentileza, Megumi trilha um caminho que a torna uma personagem cada vez mais interessante, fazendo-a cair de vez nas graças do público.

      Como consequência disso, sua relação com Tomoya vai se desenvolvendo pouco a pouco, enchendo tanto o protagonista, quando o público, de certezas e incertezas. Os dois protagonizaram cenas lindas nos mais variados sentidos. Sentimentais, emocionantes e, obviamente, absurdamente engraçadas. A química da dupla só fez aumentar nesses onze episódios, deixando o espectador curioso para saber o que mais vai acontecer nas próximas etapas da narrativa.


       Todavia, não só de Kato viveu Saekano Flat, embora ela tenha sido uma das estrelas, Utaha e Eriri também tiveram seus momentos. E que momentos! Essa temporada explanou um pouco melhor como iniciou-se a relação entre Utaha e Eriri e foi além, estreitando os laços entre as duas. Apesar das desavenças, as garotas se respeitam mutuamente como criadoras de conteúdo e as cenas que evidenciaram tal afirmação foram de encher os olhos, inclusive de lágrimas.

        Os onze episódios que compuseram essa segunda temporada foram, absurdamente, lindos. A carga sentimental era exata, as expectativas sempre superadas e a introdução de novos dilemas e dramas foi sútil, dando um ritmo gostoso de acompanhar à narrativa. Se na temporada anterior já não haviam motivos para tédio, nessa então, nem se fale. A cada episódio, a cada piscar de olhos, o expectador se via diante de algo que, se não era inesperado, era no mínimo cativante, talvez até extasiante.  

      O padrão técnico de qualidade foi mais ou menos o mesmo da temporada anterior. A animação é acima da média e linear, ganhando muito com relação às cores e à ambientação. A trilha sonora também foi bastante bonita; o conjunto música + animação, tanto da abertura, quanto do encerramento foi muito legal de se ver.

           Infelizmente, nessa temporada não houveram muitos momentos da Michiru nem da Izumi, de fato as duas desaparecem completamente na metade da temporada, em prol do desenvolvimento das personagens e relações citadas. Mas, em uma terceira temporada, elas podem vir a retornar com uma força maior.

       Saekano é uma daquelas obras que em um primeiro olhar não parece apresentar nada de novo sob o sol. É a história de um grupo de otakus desenvolvendo um jogo e possuí um protagonista e várias heroínas, um padrão harém. Porém, os personagens são ótimos e carismáticos, com um bom desenvolvimento, e a narrativa tem uma carga emocional muito interessante.

       Acompanhar Saekano é uma experiência muito agradável, cada episódio é interessante à sua maneira e te deixa empolgado pelo próximo. A narrativa é capaz de envolver o público, contendo momentos consideravelmente impactantes.

        Foi um dos animes mais gostosos de acompanhar da temporada de abril, um mix de emoções semanal, que deixou a todos com gostinho de quero mais. Engraçado, carismático e portador de fortes emoções, Saekano foi em 2015, e ainda é uma ótima pedida. Saekano Flat balançou não só as estruturas e as emoções de seus personagens, como também daqueles que assistiram ao anime, provando que o adjetivo “chato” do título (saenai) não serve para descrever a obra.


“Por favor, faça-me novamente uma heroína

Que todos ficarão com inveja”