Menu

Mostrando postagens com marcador filmes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador filmes. Mostrar todas as postagens

A filha da loja de mochi: Tamako Market e Tamako Love Story (resenha)

Tamako Market (série)


    Um distrito comercial. Um pássaro muito convencido. Garotinhas fofinhas. Muito, mas muito mochi. Você consegue imaginar um anime que sintetize tudo isso? Pois bem, esse anime é Tamako Market. 

    A história gira em torno de Tamako, uma colegial que ama mochi — um bolinho feito de arroz glutinoso — e reside no distrito comercial de Usagiyama onde sua família tem uma loja de mochi, a Tamaya.  A garota vive sua vida se dividindo entre suas atividades escolares junto com suas amigas do clube de bastão, Kanna e Midori, e o trabalho na loja de mochi de sua família.

      Tamako Market é um anime muito levinho e divertido. Num primeiro olhar ele não tem nada de mais e talvez, analisando bem, a obra não tem nada de mais mesmo. São apenas garotinhas fofinhas sendo fofinhas, várias piadinhas e mochi para tudo que é lado. Entretanto, apesar da simplicidade do enredo de Tamako Market, é muito gostoso acompanhar o anime. A série, do ano de 2013, é composta de 12 episódios bem engraçadinhos e tem um elenco incrível. Metade, ou talvez todo o carisma de Tamako Market reside em seus personagens.

    Começando pela protagonista, Kitashirakawa Tamako, a filha da loja de mochi. Ela é uma garota meio lerdinha e, em alguns momentos, até mesmo desastrada. Tamako é completamente apaixonada por mochi; ela ama mochi e tudo que tem relação com essa iguaria da culinária japonesa. A garota também se dedica bastante, tanto na loja de sua família, quanto no clube de bastão do qual faz parte juntamente com Midori e Kanna.

      Tokiwa Midori é uma colega de classe e também uma amiga de infância de Tamako. Midori é muito bonita e por isso é popular em seu colégio tanto com os meninos, quanto com as meninas; o avô dela tem uma loja de brinquedos no mesmo distrito comercial em que se encontra a loja de mochi da família de Tamako.  

    Makino Kanna, por sua vez, é filha de um carpinteiro. A garota tem aptidão para a carpintaria e sempre que vê algo quebrado sente uma vontade gigantesca de consertar o objeto em questão. Ela diz se negar a segurar algo que seja mais leve que um martelo e gosta de ângulos retos. Por conta de tudo isso, Kanna é uma das personagens mais engraçadas de todo o elenco. Ela também tem um lado meio perverso e adora provocar o pássaro Dera.

Mochimazzi Dera é um pássaro de uma ilha distante que está em uma jornada para encontrar uma noiva para o príncipe ao qual serve. Entretanto, ele acaba indo parar no distrito comercial e sendo “adotado” pela família de Tamako. Ele é um pássaro muito convencido e seus comentários são, por muitas vezes, inconvenientes. De tanto comer mochi Dera engorda terrivelmente, ficando até mesmo com dificuldades para voar. No meio disso tudo ele acaba conhecendo uma garota chamada Shiori e se apaixonando por ela. As tentativas de Dera de conquistar ou se exibir para Shiori apenas aumentam as doses de humor do anime.


      Asagiri Shiori é membro do clube de badminton. Ela é muito tímida, tem um ar frio e não tem muita facilidade em se aproximar das pessoas. Ainda assim, ela consegue ficar amiga de Tamako. Graças a isso ela acaba frequentando bastante a loja de mochi e tendo de lidar com os constantes galanteios de Dera. Porém, as coisas melhoram um pouco para ela nesse campo com a chegada de Choi. 

Mochimazzi Choi é uma profetisa da mesma ilha de onde veio Dera. Assim como o pássaro, ela serve ao príncipe da família Mochimazzi. Choi é extremamente fiel ao seu príncipe, Mochimazzi Meccha, e é a única capaz de colocar Dera na linha. 



    Com relação aos personagens que compõe o distrito comercial, há uma infinidade deles. Cada um com sua peculiaridade, todos bastante carismáticos e engraçados. Entretanto, é necessário destacar dois deles em especial.

      Kitarashikawa Anko é o primeiro personagem do distrito a merecer um destaque especial. Ela é a irmã caçula de Tamako e ainda está no ensino fundamental. Diferente de Tamako, Anko não gosta tanto assim de mochi. Ela também possui uma personalidade mais rebelde e é bem menos desligada que a irmã. 

 
Outro personagem do distrito que merece ser mencionado é Oji Mochizou. Assim como Tamako ele também é filho de uma loja de mochi. Na verdade, a loja de mochi da família de Mochizou se localiza, exatamente, em frente à loja de mochi da família de Tamako. Por serem ambos filhos de lojas de mochi e morarem de frente um para o outro, ele e Tamako são amigos de infância. 
 
    A série de Tamako Market é muito divertida e levinha. O carisma do elenco é o suficiente para cativar o expectador, que assiste os doze episódios sem nem mesmo ver o tempo passar. É muito fofinho e bastante engraçado, com uma trilha sonora que combina bastante com a temática do anime e cola na sua cabeça.  Entretanto, se a série de anime já é uma graça, o filme consegue ser ainda melhor.

Tamako Love Story (filme)


      Intitulado Tamako Love Story, o filme se passa algum tempo depois dos acontecimentos que colocam fim à série de anime. Como o título sugere, o filme é uma história de amor focado no romance entre os personagens, pouco explorado na série de TV.  

    Em Tamako Love Story, Tamako e seus amigos estão no último ano do ensino médio e, portanto, devem decidir quais caminhos seguir a partir de agora. Mochizou, o amigo de infância de Tamako, resolve ir à uma universidade em Tóquio. Entretanto, antes de partir, ele decide confessar seus sentimentos à garota. Tamako tem, então, de aprender a lidar com a confissão e entender quais são os seus próprios sentimentos por Mochizou.

Se o anime já era fofo, o filme é fofo ao quadrado. Tamako Love Story é, simplesmente, uma das histórias de amor mais bonitinhas que você vai assistir na vida. Os sentimentos do Mochizou, a importante decisão de, enfim, se declarar, a forma como ele trata tudo isso.... É tão bonitinho! Mais do que isso, causa identificação. Os dilemas dele convencem, o expectador acaba torcendo muito para que tudo dê certo para o garoto.

    Do lado da Tamako as coisas não são diferentes. A forma como ela reage à confissão, a busca dela por entender os próprios sentimentos... tudo também é muito bonitinho. E engraçado, muito engraçado! Além de tudo, também é perfeitamente compreensível, afinal, o Mochizou é o amigo de infância dela, ele sempre esteve lá. Toda essa questão causa uma expectativa gigantesca; você fica lá, assistindo e torcendo, esperando para ver a decisão de Tamako e qual rumo a história irá tomar.
   
    Para além do romance, temos a presença dos demais personagens que ajudam a tornar tudo ainda mais engraçado. A Kanna, então, se supera, sendo dona de algumas das melhores frases do filme todo.  

    O filme é ainda melhor que o anime. Extremamente divertido, fofo, bonitinho e até mesmo um pouquinho dramático. É quase uma hora e meia de uma história bem levinha, bem gostosa de acompanhar. O visual é muito bonito, há algumas cenas com umas cores fantásticas, e a trilha sonora é muito boa também. Vale a pena assistir, o filme ao menos vale.

    Tamako Market e Tamako Love Story são algumas daquelas histórias bem bobinhas, mas também bem balsâmicas, que em alguns momentos chega até mesmo a bater lá no fundo do coração. São um bom exemplo de que há momentos em que o moe erra, mas quando ele acerta, acerta em cheio.



Resenha: Into the Woods


Into the woods,
It's time to go,
I hate to leave,
I have to, though


    Com o título de Caminhos da Floresta, na versão brasileira, Into the Woods é um filme musical da Disney. Baseado no músical homônimo de Stephen Sondheim, Into the Woods é dirigido por Rob Marshell e têm no elenco Meryl Streep, Johnny Depp, Emily Blunt e outros.  A história gira em torno de um casal sem filhos, o padeiro e sua mulher, que precisam acabar com a maldição colocada sobre eles por uma bruxa vingativa. Para pôr um fim na maldição eles têm de adentrar a floresta e lá seus caminhos se cruzam com personagens de contos de fadas como Chapeuzinho Vermelho, Cinderela e Rapunzel... 

    Okay, talvez a ideia assim, por cima não pareça tão boa, mas é uma coisa muito legal. A trilha sonora é boa, as cores são bonitas, a história te prende.... Foi muito divertido assistir ao filme, muito divertido mesmo. Existem tantas reviravoltas.... Quando você pensa que a história está acabando, que está tudo bem, acontece umas coisas muito loucas e tudo se transforma, é fantástico! Isso sem contar que tem a Meryl Streep e o Johnny Depp no elenco, ou seja, dá para ter expectativas, sim!

     Depois de toda a questão musical do filme e de todas as reviravoltas, a outra coisa que me fez gostar bastante do filme foi que, pela primeira vez, alguém representou a Chapeuzinho Vermelho do jeito que eu imagino. Diferente de todos os meus amigos, acho, eu sempre imaginei a Chapeuzinho morena. Não, cara, eu não imagino ela loira, me desculpem! E a garota é tão amor, tão amor... E a maneira como representam a personalidade dela é tão boa.... Na verdade, a maneira como constroem a personalidade de todos os personagens é muito boa. Desde os conflitos da Cinderella, passando pela ingenuidade e ambição do João, até o lado não tão negro assim da Bruxa, foi tudo bem feito.

     É muito interessante ver personagens tão conhecidos interagindo todos juntos e pensando seus próprios conflitos internos. Diferente de nos contos de fadas, eles são bem humanos, bem vívidos. Não são só tipos, não são só os personagens que líamos nos livros infantis. Eles estão profundos, eles confrontam os outros e a si próprios. Verdadeiramente legal de ser ver.

    A mensagem e acena final também são bem impactantes. Depois de todas as reviravoltas o desfecho foi bem surpreendente. É uma coisa que não se espera de um final de nada que tenha relações com contos de fadas. O que eu estou querendo dizer é que, apesar de conversar com contos de fadas, o filme tem umas coisas sérias. E as coisas sérias se manifestam justamente pelo fato de existirem no filme a questão dos contos de fadas.

    Depois de terminar de assistir eu fiquei com aquele gostinho de magia. Sabem aquilo que você sente depois de terminar de ver Nárnia ou alguns dos primeiros filmes do Harry Potter, ou Desventuras em Série e coisas nesse nível? Então, é meio que a mesma coisa, só que com uma "seriedade" maior. Dá quase para sentir o cheio de magia. E a trilha sonora vai ficar na sua cabeça por dias a fio.... Na verdade, eu estou até agora apaixonada por ela e pego cantando sem parar.... Agrada muito em quesitos sonoros. Isso sem contar que encaixam super bem na cena em questão.... É bem bonito mesmo.

    Em suma, mesmo eu não sendo louca por contos de fadas nem por Disney em geral, foi muito divertido. O filme é bem feito, tem um elenco bom, cativa, diverte.... Foi uma experiência interessante e eu até mesmo poderia arriscar dizer, maravilhosa!

Careful the things you say

Children will listen...

Resenha: Homem-Formiga


   Sim, eu fui assistir Homem-Formiga! Já faz um bom tempo que tem muita gente falando desse filme, antes mesmo de ele estar em cartaz, então, eu pensei "por que não assistir?" Ignorando o fato de que na maioria das vezes eu sou "cem por cento nem aí” para filmes de heróis e o nome nada convencional, deveras engraçado e "brega" do herói, comprei meu ingresso e fui. Depois de, praticamente, duas horas de filme só posso dizer que, surpreendentemente, eu gostei. Homem-Formiga é um filme legal. 

   Para quem não sabe, se é que alguém ainda não sabe, a história do filme é mais ou menos a seguinte: O Dr. Hank Pym, inventor da fórmula/traje que permite o encolhimento de quem o vestir, precisa impedir o ex-pupilo, Darren Cross, de replicar seu feito e vender a tecnologia para uma organização "do mal". É nessa que entra em cena Scott, um ex-condenado que tem como objetivo reconquistar o respeito da ex-mulher e da filha. Com dificuldades para encontrar um emprego honesto, Scott acaba aceitando participar de um golpe. O que ele não sabia é que o roubo era apenas um plano do Dr.Pym, que após observá-lo, o escolhe para vestir a roupa de Homem-Formiga.

   Inicialmente, eu não esperava muito do filme. Para ser sincera, eu não esperava é nada. Eu achava o nome do herói engraçado, nunca gostei muito de filmes de heróis e estava preparada para não gostar do filme. Na verdade, até minha amiga, que adora Marvel, estava preparada para duas horas bem entediantes. Acontece, senhores, que nós estávamos erradas, o negócio é legal. Provavelmente, não deve ser o melhor filme de herói já feito, mas é legal.

   O filme é engraçado. Sim, ele é divertido. Logo na primeira cena a minha amiga já estava dando risada. Tem várias cenas engraçadas ao longo do filme e isso é muito bom porque quebra aquela coisa da tensão ou da seriedade do filme e tudo o mais. E o Homem-Formiga, ele convence. O Scott é legal. Não sei, mas toda essa história dele querer ganhar o respeito da filhinha dele me convenceu bastante.

   Não vou dizer que o filme é imprevisível, porque não é. Tem uma cena no final muito previsível. Na verdade, desde o momento que um determinado fato é citado você já pensa: Já vi tudo, vai acontecer esse negócio aí de novo... E acontece mesmo. Mas você também sabe que vai dar tudo certo porque acontece com o protagonista então, as coisas têm de dar certo no final.


   Resumindo tudo, o filme me surpreendeu. Surpreendeu minha amiga também. A gente não esperava nada e saímos do cinema com um saldo positivo. Valeu o meu ingresso. É bom quando isso acontece, você sai satisfeito e pensando "Okay, valeu pagar X para assistir esse filme". Valeu. Foi engraçado, foi um bom entretenimento.... Para quem gosta de filme de super-herói, com certeza é uma pedida e tanto. É divertido, tem coisa explodindo, o herói convence... Homem-Formiga é oito de dez!

Resenha: Fronteiras do Universo (série)


    E enfim, depois de quatro anos de espera, eu terminei de ler a trilogia Fronteiras do Universo. De autoria de Philip Pullman, a série é composta pelos livros A Bússola de Ouro, A Faca Sutil e A Luneta Âmbar. Pullman é um premiado autor britânico de livros dedicados ao público infanto-juvenil e, nessa série, ele abala as estruturas. A trilogia não é assim tão conhecida, mas tem uma qualidade inegável. A resenha a seguir contará com alguns leves spoilers, afinal, depois de quatro anos esperando eu tenho meus direitos de comentar sobre o que li.

   O primeiro livro, A Bússola de Ouro, deu origem a um filme de mesmo nome e é o melhor livro de toda a trilogia. O clima presente na Bússola é muito gostoso, a história é envolvente e você lê muito rápido, muito rápido mesmo. No primeiro livro somos apresentados à protagonista, Lyra, uma garota de doze anos bem rebelde e moleca. Ela é criada por catedráticos na tranquila cidade universitária de Oxford, na Inglaterra. Entretanto, crianças começam a desaparecer pela região. Ao conhecer a linda e encantadora Sra. Coulter, Lyra deixa a Universidade Jordan para viver com a mulher. Antes que Lyra parta o Reitor da Jordan confia-lhe o aletiômetro, um misterioso objeto capaz de dizer a verdade através da interpretação de símbolos. Porém, ao descobrir que Coulter não é tão maravilhosa quanto parece Lyra foge e inicia sua viagem pelas terras do Norte ao lado dos gipsios, onde ela se verá diante de feiticeiras, ursos de armadura, aerostatas e muitos perigosos. 

    Como eu disse, o Bússola é o melhor, livro, sério. Ele fez eu me apaixonar por Lyra, Iorek Byrnison, Serafina Pekala e muitos outros personagens. O primeiro livro é menos "pesado" que os demais mas possui um clima muito gostoso. Tudo é uma descoberta; a narrativa é cheia de reviravoltas e o final é de tirar o fôlego. Isso sem contar o quão deslumbrada eu fiquei por conta do aletiômetro. 

    O segundo livro, A Faca Sutil, possui um ritmo frenético com dezenas de coisas acontecendo ao mesmo tempo. Em A Faca Sutil, Lyra conhece Will, um garoto de um mundo muito parecido, mas também muito diferente do dela. Will é um garoto de doze anos. Ele tem uma mãe doente e um pai que desapareceu misteriosamente doze anos atrás. Will começa o livro imerso em um grande problema e tudo só piora quando ele, acidentalmente, mata um homem. Preocupado com a mãe e atordoado pelo crime que cometeu, Will segue uma gata de rua por uma estranha janela no tempo, indo parar em um outro mundo onde conhece Lyra. A partir daí o destino dos dois se mostra entrelaçado e eles começam uma jornada juntos.
 
   A Faca Sutil é um livro onde acontece muitas coisas, muitas coisas mesmo. A história também se desenvolve bastante, alguns mistérios são revelados e outros novos surgem. Eu senti uma leve mudança em Lyra ao longo desse livro; a garota começa a amadurecer e se tornar menos "selvagem". Ainda assim, ela continua com aquele jeitinho todo Lyra de ser que me cativou no primeiro livro. Entretanto, no segundo volume da trilogia Pantaleimon tem uma participação um pouco menor, o que me fez sentir um pouco de falta do dimon brincalhão de Lyra. Também é nesse livro que o conjunto de personagens começa a ter suas maiores perdas.
 
   O terceiro e último livro da série chama-se A Luneta Âmbar. É o maior dos três livros, mas foi o que eu menos gostei. Esse livro é o mais carregado de ideologia. É nele que mais percebemos certos posicionamentos do narrador da série e ele também o livro que mais faz com que o leitor se questione. A Luneta Âmbar é repleto de cenas lindas e fortes, batalhas ferozes, acontecimentos de tirar o fôlego, confusão, desespero e lágrimas dos personagens. O volume possui sequências de cenas muito marcantes. Nele, a série já está na reta final e tudo, ou quase tudo, é explicado. 

    Falando da trilogia num geral, eu achei muito boa, mesmo. Entretanto, vou ser sincera com vocês, a trilogia tem sim uma ideologia ateísta e isso influí na obra. Ninguém vai virar ateu por ler a série, claro, e é uma boa experiência a leitura. Dois tipos de pessoas talvez se sintam muito tocadas pela leitura dessa série: alguém que frequenta algum tipo de religião ou alguém que tem muitas dúvidas quantos suas próprias ideias em relação a esse assunto. Eu faço parte do primeiro caso, mas isso não me afetou muito com relação a leitura. Quero dizer, nada escrito ali me irritou ou incomodou. E foi, digamos, interessante, me ver diante de uma visão diferente de um assunto tão delicado como esse. Basicamente, se as coisas tivessem acontecido no nosso mundo da mesma maneira que aconteceram nos mundos onde a história se passa, bem, acho que eu entenderia o posicionamento de certas personagens da história. Também foi bom ver como algumas coisas, quando vistas por um certo olhar e tomadas de certa maneira podem ser ruins. Quando a gente se apropria de algum preceito, temos de tomar muito cuidado com a forma como vamos encarar aquele preceito. Uma interpretação ferrenha e errônea pode tornar algo bom uma coisa bem terrível. Em Fronteiras do Universo a Igreja Católica retratada age segundo os preceitos da Idade Média, então, é claro que ela era má e louca. Eu me vi dando graças a Deus por as coisas não serem mais assim, pelo menos nos locais que eu costumo frequentar. Uma coisa importante a se retratar é que a visão apresentada pelos personagens, nem sempre é, necessariamente, a visão de Pullman. Pode ser a visão do narrador, mas o narrador também é um personagem. Fronteiras do Universo é uma obra de ficção, não uma obra autobiográfica. Também é preciso ressaltar que a crítica de Pullman é sobre a opressão que a religião cristã é capaz de causar, não sobre a religião cristã em si ou sobre os cristãos da nossa realidade. A Autoridade retratada por Pullman era um tirano, ele exercia e incitava a tirania, em nenhum momento Pullman diz que o Deus cultuado em nosso mundo é um tirano. Na triologia o que ocorre é uma caricatura, por falta de palavra melhor, de Deus. A Autoridade é mais um personagem, nada tem de condizer com a realidade. Devo dizer que Pullman foi muito ousado ao fazer e, sim, isso é para soar elogioso.

   A maneira como Pullman trabalha com toda a questão ideológica, mais a questão da bíblia, mais a questão física, mais a questão filosófica e humana também é muito legal. A trilogia é um misto de diversas coisas salpicado com fantasia e, meu Deus, eu amo fantasia! Sempre achei e ainda acho Fronteiras do Universo uma série muito melhor do que muitas existentes no mercado literário atual e me deixa bem triste saber que poucas pessoas a conhecem. O final da trilogia é bem paradoxal. É triste, mas ao mesmo tempo esperançoso.



 Quanto à adaptação cinematografia de A Bússola de Ouro: em questão visual a produção mandou muito bem, já quanto o roteiro deixou um pouco a desejar. O filme não adaptou o primeiro livro inteiro o que é bem frustrante uma vez que você leia o livro. Ainda assim, eu gosto muito da escolha da atriz que interpreta Lyra. Dakota Blue Richards foi muito bem como a rebelde garota de doze anos. Ela conseguiu me passar aquele ar selvagem da Lyra, aquela rebeldia, aquela quase empáfia que a garota possui. Gosto particularmente das cenas em que Lyra utiliza um dos seus maiores talentos: mentir.

Nicole Kidman dá vida à sra. Coulter e eu também não seria capaz de imaginar outra mulher para o papel. Na pele de Marisa Coulter, Kidman exerce todo o seu encanto, sedução e maravilha.

Eu assisti ao filme antes de ler o livro e essas duas personagens ficaram muito gravadas na minha cabeça de modo que eu não consegui tirar a imagem das atrizes da minha mente. Quando eu leio o livro imagino Dakota como Lyra e Nicole como sra. Coulter. Entretanto, atualmente eu tenho uma outra imagem perfeita de Lyra em minha cabeça.


    Fronteiras do Universo é uma série ousada e grandiosa. Ela aborda temas grandiosos, ela tem ações grandiosas e ela tem um desfecho muito grandioso. É uma série que devia ser mais reconhecida, afinal, o trabalho de Pullman é, de fato, muito interessante. Já chegaram a colocá-lo no mesmo patamar de Tolkien e C.S Lewis e eu acho a comparação merecida. Apesar de não ser muito difundida, Fronteiras do Universo tem potencial para ser uma série de fantasia capaz de atravessar barreiras como a censura e o tempo.

Resenha: Matilda

"Matilda?! Eu devo ter assistido esse filme milhares de vezes!"









Tenho algumas dúvidas se posso confiar em pessoas que nunca assistiram Matilda na Sessão da Tarde! Eu devo ter assistido umas quinhentas vezes e assistiria mais quinhentas se me deixassem. Na verdade, se eu pudesse, eu traria Matilda à vida e faria dela minha melhor amiga...

Matilda foi um filme marco da infância de toda uma geração, mas a esperta garotinha saiu, inicialmente, de um livro. Sim, se alguém ainda não sabia, agora sabe, Matilda é uma adaptação literária. O livro, de mesmo nome, foi escrito por Roald Dahl, que também escreveu As Bruxas (que foi adaptado para o cinema no filme Convenção das Bruxas) e A Fantástica Fábrica de Chocolate (que deixou a imagem de Willy Wonka e seus Umpa Lumpas coladas em nossas retinas).

   Publicado pela primeira vez em 1988, Matilda, é um daqueles livros que você lê depois de adulto, suspira e pensa: "Que coisa mais bonitinha!" Engraçado e inegavelmente inteligente, o livro conta a história de uma garotinha prodígio membro de uma família incapaz de valorizá-la. Desde criancinha Matilda sempre demonstrou ser especial, falando como um adulto muito rapidamente e, aos três anos, aprendendo a ler sozinha. Quando começa a frequentar a escola ela se vê diante de uma diretora arbitrária, uma professora doce como mel e descobre ser ainda mais especial do que já era. 

   O livro e o filme são muito parecidos. Matilda foi absolutamente bem adaptado. A caracterização da Trunchbull, chamada no livro - segundo a tradução que eu li - de sra. Taurino, é muito boa. A Trunchbull que vemos no filme é incrivelmente correspondente à retratada no livro. E quanto à interprete da protagonista, eu não poderia imaginar outra pessoa dando vida à Matilda se não Mara Wilson.

     Com relação à trama em si, Matilda é aquela coisa maravilhosa que todos já conhecemos. É engraçado, bonitinho, divertido, leve e, por vezes, revelador. Precisamos admitir, existem citações fantásticas tanto no livro quanto no filme. E nossa criança prodígio é, deveras, cativante. Matilda, é um daqueles livros que você não se contenta em ler, tem de ter na estante. Tem de poder tocar na lombada, abrir, cheirar as páginas.... É a mistura exata de nostalgia e paixão nos colocando em um estado de maravilha. Ao mesmo tempo que você relembra a sua própria infância é capaz de enxergar esta ou aquela coisa de modo completamente novo. Aos que leem ou assistem pela primeira vez, se veem imersos em um grande sonho. Porque estar com Matilda é como estar mergulhada num maravilhoso sonho inexplicavelmente prazeroso.

       Depois de algumas horas perdido nesse universo, você percebe uma coisa: se Matilda é capaz de derrotar seus vilões, você também é capaz de derrotar os vilões de sua vida. A coisa que eu mais gosto em Matilda é que ela é forte, corajosa e inteligente. E ela ama livros e aprende tudo nos livros e é nos livros que se concentram sua maior força. Ela aprende sobre o mundo com eles, aprende a ser forte com eles e foi através deles que ela percebeu que podia lutar à sua maneira. No filme, os adultos repetem o tempo todo para ela "Porque eu sou grande e você pequena, porque eu sou forte e você fraca, porque eu estou certo e você errada!" mas Matilda tinha algo que eles não tinham, sua esperteza e essa era uma coisa que nenhum deles jamais compreenderia ou poderia tirar dela.

      Matilda foi uma das heroínas de minha infância e foi uma companheira maravilhosa por muitas tardes de minha vida. Lendo o livro agora eu pude perceber o quão graciosa é esta história. Muito mais graciosa do que eu me lembrava, muito mais bonitinha. Matilda foi a primeira personagem a compreender inteiramente o meu amor pelos livros e a primeira a me mostrar que eu não estava errada em gostar tanto deles assim. Matilda é uma porta para se sonhar e, por que não, refletir? Afinal, quando terminamos de ler o livro ou assistir ao filme, uma única ideia paira sobre nossas cabeças: assim como Matilda, nós não estamos sozinhos!

                                     




    


   

Resenha: Toki wo Kakeru Shoujo (A Garota Que Saltava no Tempo)



   E se você pudesse saltar no tempo, voltar ao passado e refazer o mesmo percurso quantas vezes quisesse? Já imaginou como seria ter a chance de consertar aquele meio segundo de vacilo que ferrou com o seu dia todo? Essa garota pode! 

   Konno Makoto é uma estudante comum do ensino médio que vive correndo contra o tempo para não chegar atrasada no colégio. Ela se considera uma pessoa de sorte, que não é genial, porém não é nada burra, que não fica doente nem se machuca com frequência. Ao lado de Chiaki e Kousuke, Makoto forma um trio único vivendo a difícil fase de decidir qual profissão seguir após o ensino médio. Entretanto, no Nice Day, que ironicamente deveria ser o melhor dia do ano, Makoto se vê com a maior má sorte de sua vida. Após uma sequência de acontecimentos azarados no colégio, o freio de sua bicicleta quebra e ela teria morrido atropelada por um trem se não realizasse uma atividade incomum: saltar no tempo.

   Cara, que filme! Sério. O filme é uma animação japonesa que dura mais ou menos uma hora e quarenta minutos. O ano de lançamento de 2006. No geral, tudo é.... lindo. Eu fui muito envolvida pela história, então eu não reparei muito na animação, mas pelo que me lembro é boa. O estilo gráfico é mais adulto, me lembrou um pouco gekiga. Okay, ele não é exatamente gekiga, mas tem uma perspectiva mais adulta no traço, sim. Me lembrou Sakamichi no Apollon e Copellion também. Não o traço em si, mas a atmosfera à qual ele me remete, sabem? 

   Antes de falar mais sobre o filme, preciso abrir um parênteses. Eu assisti Toki wo Kakeru Shoujo ontem, porém, era para eu ter assistido na quinta-feira com meu amigo no CINUSP (uma mostra de filmes que rola sempre lá na faculdade); eu dei o bolo no meu amigo e achei mais do que justo compensar isso assistindo o filme. Desculpe pelo bolo, Gabs, espero que me perdoe, sério.

   Voltando. Eu gostei muito do filme, muito mesmo. Não só por ser uma animação japonesa, mas porque ele é bom mesmo. É envolvente e emocionante, a trilha sonora é bonita, tem um dilema muito legal presente na história... Veja bem, se você salta no tempo e muda o passado, ainda que minimamente, o futuro também será afetado. Será que ao mudar alguma coisa de seu passado, se safando desta ou daquela situação, você não está fazendo que outra pessoa sofra algo em seu lugar? Será que você não está vivendo às custas do sofrimento de alguém? Uma coisa a se pensar.

   Os personagens são muito cativantes, todos eles. A Makoto é bem humana, bem moleca, decidida, escandalosa.... Achei ela uma boa protagonista; O Chiaki é engraçado, descolado... Ele tem uma leveza no ser, um jeito bem maneiro de levar a vida; Sousuke é super inteligente e bom moço, sem deixar de ser descontraído quando necessário. Enfim, o trio "principal", por assim dizer, é muito bom. Eles me conquistaram facilmente, quando dei por mim já estava louca por todos eles.

   O final é muito bonito, embora ele tenha meio que enveredado para uma coisa mais amorzinho que não era o que eu esperava da história, sério. Mas ficou tão bonitinho que eu não liguei. Eu me rendi ao shoujo.... Ou quase. Mentira, gente, me rendi não. Mas foi tão bonitinho aquele final! Me surpreendeu, mesmo. Eu imaginava um final e aconteceu outra coisa. Logicamente não foi nada super imprevisível, mas eu pensei que fossem acontecer outras coisas, de um outro jeito e tudo o mais. Toki o Kakeru Shoujo merece, no mínimo quatro estrelas, eu daria pelo menos quatro e meia.

   Enfim, o filme foi lindo, eu gastei meu tempo super bem assistindo ele. Assistiria de novo, pelo menos mais umas três vezes. Chorei no final, me apaixonei pela história, pelos personagens.... Estou até agora imaginando o que eu faria se pudesse saltar no tempo igual a Makoto. Então, assistam Toki wo Kakeru Shoujo e me digam: o que fariam se tivessem a oportunidade de saltar no tempo?

Resenha: A Culpa É Das Estrelas (filme)



   E eu assisti A Culpa É Das Estrelas. O filme estreou mês passado e, assim como o livro, causou uma grande rebuliço. Todo mundo indo ao cinema, os leitores comentando, todo mundo chorando... Infelizmente eu não assisti no cinema, eu assisti em casa. Obrigado à você, pessoa que gravou o filme, você me ajudou muito. 

   A primeira coisa a causar uma grande confusão na internet foi a escolha dos protagonistas, mais precisamente a escolha do ator que interpretaria o Gus. Todo mundo aceitou muito bem a Shailene Woodley, a Tris de Divergente, como Hazel; porém, quando o Ansel Elgort foi anunciado como Augustus, o pessoal não gostou. Os leitores começaram a reclamar, falaram que o Gus tinha de ser lindo, que o Ansel tinha cara de tchongo, que o Gus tinha de ter olho azul... Enfim, uma porção de coisa. Eu não tinha lido o livro nessa época ainda, mas depois que eu li, a coisa que eu mais fiquei me perguntando é: Por que todo mundo reclama do olho azul mas não reclama do cabelo? O Gus era ruivo, ele tinha cabelo acaju, isso importa muito mais do que a cor dos olhos!!! Bom, Ansel Elgot não tem olhos azuis, não é ruivo, mas é um fofo e foi uma Augustus muito bom, obrigada.

   Passado todo o grande role do "Ansel não vai ser um bom Gus" saiu o subtítulo do filme, ai eu encrespei. "A Culpa É Das Estrelas - Doentes de Amor". Okay, isso é muito ridículo. Ri litros, achei o negócio muito feio, foi muito estranho, mas tudo bem.

   Fim das tretas com relação a elenco, subtítulo e tudo o mais, enfim, o filme estreou. Ai o negócio ficou bom. Para quem não sabe, se é que alguém ainda não sabe, A Culpa É das Estrelas, tanto livro quando filme, conta a história de Hazel Grace, uma garota com câncer. Ela conhece Augustus Waters em um grupo de apoio; o Gus é uma cara muito legal, eles vão se aproximando e acabam se apaixonando. Tem mais coisa no enredo, como o fato de eles lerem o livro Uma Aflição Imperial, mas não vou falar sobre isso porque foi uma das coisas mais legais do filme e do livro também.

   Eu achei a adaptação muito boa, de verdade. Faltaram poucas partes, houveram poucas liberdades artísticas, a maneira com a qual a figurinista trabalhou com as cores foi muito boa e o elenco não deixou a desejar. O Ansel foi o Gus, ele é o Gus, eu não consigo imaginar outro Gus. A Shailene foi uma Hazel muito convincente também. No começo do filme não é tão emocionante, mas conforme o filme vai passando eles evoluem bastante. Dá até uma impressão de que o filme foi gravado linearmente e que os atores foram mergulhando mais nos personagens conforme a evolução das filmagens. Ta aí uma coisa que eu queria saber: teria sido esse filme rodado em ordem? Uma cena após a outra igual na edição? Não sei, o fato é que o casal principal deu certo.

   Agora vem a grande bomba, eu não chorei. Eu não derramei uma única lágrima assistindo o filme. Com o livro, apesar de não ter chorado, no final eu me emocionei bastante... Só não chorei no livro porque a passagem do drama para uma coisa mais leve e quase engraçada ocorre muito rapidamente. Eu ri muito, muito mesmo. Praticamente tudo que eu ri no livro eu ri no filme. Só tiveram duas cenas muito engraçadas, duas frases na verdade, que me fizeram rir muito no livro e que não teve no filme. A amiga da Hazel sobre o Gus: "Eu montaria naquele pônei perneta e cavalgaria o estabulo todo!" e a própria Hazel sobre o Gus: "Caras com uma perna só são muito sexys". Tirando essas duas cenas não senti mais falta de nada, pelo menos nada muito importante.

   Como sempre, diferentemente de todas as outras pessoas, as cenas que mais me emocionaram e que eu achei mais bonitinhas foram as cenas da mãe da Hazel. A Laura Dern, que faz a sra. Lancaster, foi muito boa. Nas cenas em que ela chora, nas cenas em que ela fala com a filha... Foi muito bom, sério.

   A parte mais engraçada do filme é a parte dos ovos, acho genial. Acho genial no livro, acho genial no filme também. É engraçada, é animada, é feliz, por assim dizer. Na verdade, eu não entendo porque as pessoas choram tanto com A Culpa É Das Estrelas. Eu acho a história tão divertida, tem tanta coisa engraçada... Pra mim é um livro e um filme pra você rir, não pra você chorar. É claro que tem as partes triste, sim, têm, mas acho que o que fica é o fato de que a Hazel e o Gus viveram. Eles tiveram a história deles, eles se apaixonaram, isso é algo pra celebrar não pra chorar.

   Em suma, a adaptação é muito boa, tá muito fiel, tá muito bonita. A trilha é muito boa, só teve duas músicas que me desagradaram um pouco, elas foram muito pops, e o Augustus e a Hazel são hipstera, então... achei meio "paia", mas de resto tá tudo muito bom. As reflexões da história foram mantidas e tem suvinir de Harry Potter em cena, portanto, assistam que tá legal. Ah, lembrando que eu não acho o livro tudo aquilo que falam não, o filme é exatamente a mesma coisa. É bonitinho, é divertido, é fiel ao livro como tem de ser.

Resenha: Versos De Um Crime




   Ver filme polêmico do ídolo? Confere! 

   Com certeza, um dos filmes mais comentados dos últimos meses foi Versos De Um Crime (Kill Your Darlings, no original em inglês).  Tendo no papel do protagonista Daniel Radcliffe e contendo cenas de sexo gay, o filme polemizou no Brasil. Pelo menos polemizou nas páginas sobre cinema e fãs de Daniel no facebook. Eu não pude resistir e assisti o filme, agora vou (tentar) resenhá-lo pra vocês.

   Versos De Um Crime é um drama bibliográfico cujo o enredo é mais ou menos o seguinte. Allen Ginsberg vai para a universidade e acaba se apaixonando pelo seu colega Lucien. Quando David Kammerer, um homem na faixa dos 30 anos, também apaixonado por Lucien, é encontrado morto, Allen, Lucien e seus amigos Jack e William tornam-se os principais suspeitos. Esse poderia ser um enredo de um drama policial comum, se não fosse pelo fato dos envolvidos serem os criadores do movimento Beatinik.

   O filme é baseado numa história real (acho que isso é meio perceptível, afinal trata-se de um drama bibliográfico) e tem como principal protagonista Daniel Radcliffe na pele de Allen Ginsberg.  Eu ouvi falar muito do filme, ouvi falar sobre as críticas que a obra recebeu e também, é claro, ouvi falar sobre a tal cena de sexo gay. Se falou tanto nisso, mas tanto, que eu imaginei uma cena super romântica, ou super forte, gigante, com pelo menos uns 10 minutos. Ela não dura nem três minutos direito.

   Eu não sou muito de assistir filmes de drama, ou polêmicos, ou até mesmo baseados em histórias reais. Entretanto, de vez em quando a gente tem de assistir algo mais consistente, ou mais cultie, ou, simplificando, um filme mais dramático e adulto, só pra variar. Dizer se uma obra é boa ou ruim é complicado; dá uma impressão que falta argumentos ou qualidades pra se dar á obra em questão, mas eu não tenho um vocabulário muito vasto (acho), então, eu direi que sim, o filme é bom.

   Eu imaginava o enredo, o filme, a história, o desenrolar e o final totalmente diferentes do que verdadeiramente eles são. Quando você ouve muito falar de um filme, você acaba formando uma ideia inicial sobre ele e você vai assistir tal filme com essa ideia. De um modo geral isso é bom, pelo menos pra mim, porque quando eu vejo que é totalmente diferente do que eu imaginava eu fico super feliz. Foi o que aconteceu com Versos De Um Crime. Não era muito o que eu imaginava, era/ é, bem melhor.

   Uma das coisas que eu mais gostei foi a interpretação do Dane Dehaan (o Lucien) e do Daniel. Eu consegui ficar bem confusa sobre o Lucien, ele passava veracidade e, um pouco de, loucura talvez. Então, embora eu não entenda muito sobre interpretação e coisas assim, acho que o Dane foi bem. Quanto ao Daniel, ele conseguiu fazer eu não me lembrar de Harry Potter. Quero dizer, é claro que eu sei que ele fez o Harry, é claro que toda vez que eu olho pra ele eu lembro do Harry, mas eu consegui não pensar: "Ah, ele faz isso como Potter também!". Allen é bem diferente de qualquer outro personagem que Daniel tenha feito, e eu acho que ele verdadeiramente conseguiu fazê-lo. É claro que se ele foi ou não um bom Allen deve vir de uma pessoa que conhecia o verdadeiro Allen, mas ao meu ver ele conseguiu fazer um Allen, me mostrar um Allen e eu verdadeiramente gostei disso.

   A cena destaque, pra mim, é do assassinato do David. Aposto que vocês acharam que eu falar de alguma pegação né? Erraram. A cena do assassinato é incrível. Pareceu muito real, talvez eu tenha pesadelos essa noite... Okay, brincadeira, mas verdadeiramente pareceu bem real pra mim. Dane foi "mara". Fiquei tipo: "Meu Deus o cara tá morrendo e agora?"

   Assim que eu disse no twitter que assisti esse filme vieram me perguntar: o filme é foda? Bom, é. Sim o filme é foda. É dramático, intenso, confuso e mais um monte de outras coisas. Um outro ponto que eu também gostei muito, foram as cenas da Universidade. Eu sou meio louca por escolas e universidades e eu faço Letras, então, nas cenas de salas de aula ou na cenas em que se falava sobre poesia, autores e coisas assim eu ficava lembrando das minhas próprias aulas o tempo todo. Logicamente minhas aulas são completamente diferentes, mas em Introdução aos Estudo Literários, às vezes (quase sempre) discutimos textos deste ou daquele autor ou teórico da literatura. Isso é demais, porque nem sempre concordamos com o autor, me lembrei disso nas cenas em que eles questionam a poesia e a literatura que eles estudam em sala de aula.

   Pra concluir, Versos De Um Crime é um filme bem interessante. Pra quem é meio maluca por autores, como eu, é legal assistir algo como esse filme. Eu fiquei muito interessada na poesia de Allen agora, vou ver se pego o (único) livro dele que tem na minha unidade pra dar uma olhada nas poesias. Tô meio com medo disso, mas, vamos lá! O que me lembra que: Se você for da FFLCH trate de não tocar nesse livro, eu vou pegar ele! Enfim, se você já tiver assistido diz o que achou aqui nos comentários, vamos trocar impressões. Se você ainda não assistiu, assista e depois me diz o que achou, certo? Até a próxima, com um filme menos dramático (ou não).

Resenha: (500) Dias com Ela




   E depois de tanto protelar, prometer para os amigos e inventar desculpas, enfim, eu assisti (500) Dias com Ela. Com o título original de (500) Days of Summer, conta a história de Tom, um cara que trabalha escrevendo cartões. Um dia, durante uma reunião com seu chefe, Vance, ele é apresentado a Summer, a nova assistente do chefe dele. Nas próximas duas semanas ele tenta se aproximar da Summer de qualquer jeito, porém ele só consegue quando ele vai a um karaokê frequentado pelos colegas de trabalho. Eles acabam conversando e começando uma espécie de relacionamento. Agora não conto mais nada, até porque, todo mundo já deve saber o que acontece. 

   Eu nunca tinha assistido esse filme, nunca. Todo mundo me falava dele, que era lindo, que eu ia chorar, que era um clássico, só que eu sempre protelava. Hoje, eu resolvi tomar vergonha na cara, e fui assistir o filme. É bom, é legal, eu gostei muito. Ousaria dizer que ele foi promovido para meu filme favorito, depois de qualquer um do Harry Potter.

   O filme é muito "chorável", juro. Se alguém te falar: assiste, é lindo, você vai gostar, você vai chorar.... Acredite nessa pessoa, ela está falando a mais pura das verdades. Eu devo ter visto gifs do Tom e da Summer no tumblr desde que criei meu tumblr, isso foi em 2011, então, eu tinha uma ideia formada sobre o que seria o filme. Eu imaginava (500) Dias com Ela de uma maneira, e quebrei a cara. É diferente do que eu pensei, o final é ainda mais diferente. Eu tô apaixonada.

   Nunca gostei muito de comédias românticas, nunca. Em suma, eu só assistia comédia romântica com o Adam Sandler, porque ele me faz rir litros. Ou então assistia porque não tinha nada melhor passando na tv. Nunca fui o tipo de pessoa que gostasse de comédia romântica, é ilusório, me dá raiva e se eu chorar vou me depreciar por isso. No quesito comédia romântica, a única coisa que eu gosto é mangá/anime shoujo. Porque quando eu vou ler um shoujo faço questão de ler aquele que menos se parece com um romance colegial americano. Eu vou direto naquela história que o menino é esquisito, agressivo, com problemas familiares... Nunca leio shoujo onde o carinha é o mais popular do colégio ou coisa assim, porque já tem muito disso em filmes americanos no mercado. Por conta disso, eu sempre fiquei com o pé atrás de assistir (500) Dias com Ela. Eu ficava pensando que ia ser um romance super meloso, cheio de conflitos e desencontros e com um final super previsível. Não é assim.

   Eu devia ter assistido antes, juro. Devia ter assistido no dia que vi o primeiro gif desse filme no tumblr. Eu chorei, e pela primeira vez na vida não tô com vergonha de falar que chorei com um filme de romance. Eu chorei, o filme acabou comigo chorando, eu tô com vontade de ouvir The Smiths, eu não sei o que fazer da minha vida. É tudo tão lindo, sério. Acho que metade da minha vontade de assistir (500) Dias com Ela se devia às paisagens, as coisas que eu via no tumblr, os prédios, o parque... É tudo tão lindo, que dá vontade de ignorar a história central e assistir só por isso. O filme conseguiu despertar a "mulherzinha" que existe no meu ser, coisa que só acontece com os dois mangás shoujo que eu leio e com InuYasha. Eu tô apaixonada pelo filme, pela história, pelo Tom, eu tô apaixonada até pela Summer.

   Dizer que um filme vale ou não a pena é um tanto complicado. Varia muito de opinião, varia muito do conceito de "valer a pena", mas é um filme que eu recomendo. Como ele não é muito mulherzinha, você pode assistir mesmo sendo um homem. Na verdade, se você for um homem assista mesmo. Ser homem é mais um motivo pra assistir (500) Dias com Ela. Ser mulher é um motivo, existir é um motivo, respirar é um motivo. Se você consegue piscar já é um motivo!

   Eu só tô falando da parte do romance e tô esquecendo de uma coisa muito importante, o filme é engraçado. Eu dei altas risadas em várias cenas. Eu fiquei com vontade de fazer muitas das palhaçadas que o Tom e a Summer fizeram, juro. Eu sou uma pessoa que morro de vontade de fazer uma coisa muito idiota em público. Não necessariamente ao idiota, mas algo que as pessoas normalmente não fazem. Como falar com alguém sobre outra realidade como se isso foi real, cantar uma música a plenos pulmões, dançar no meio da rua, correr sem rumo enquanto toca uma música de fundo... Eu preciso fizer um clipe ou aturar (nem que seja como figurante) em um filme antes de morrer, se não, creio que nunca serei plenamente feliz. (500) Dias com Ela redespertou esse meu lado. Fez eu me lembrar como acho essas esquisitices legais, divertidas, engraçadas; como dá vontade de fazer coisas sem sentido sem se importar com o que os outros vão pensar. Acho isso demais.

   Em suma o filme é muito bom, eu adorei. A Zooey Deschanel foi incrível como Summer. Eu sou meio louca pela Zooey, desde que eu a vi em Ponte para Terabítia que, normalmente, gosto dos trabalhos dela. Gosto das personagens que ela faz e de como ela as faz. Já o Joseph Gordon-Levitt, o intérprete do (agora) meu querido Tom, não sei o que dizer sobre ele. Digamos que ele me convenceu muito, muito mesmo, como Tom. Nas cenas engraçadas principalmente, nas clássicas cenas do elevador... Acho eu passaria a tarde toda tecendo elogios ao filme, juro.

   Traduzindo tudo o que eu falei, assista o filme. Eu recomendo, eu sugiro, que você assista (500) Dias com Ela. O motivo? Bom, ele fala sobre uma história assim: Um cara conhece uma garota. Ele se apaixona. Ela não.