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Resenha: Ansatsu Kyoushitsu (Assassination Classroom)

"Nós somos a classe E.... A classe do fim. Nosso alvo? Nosso professor!"

   A temporada de abril desse ano já está se despedindo e, com ela, vão-se os animes com os quais convivemos nos últimos três meses. A primeira série a dar adeus foi Ansatsu Kyoushitsu, também conhecido como Assassination Classroom, adaptada a partir do mangá de autoria de Yuusei Matsui. O enredo da história é um pouco simples, porém muito curioso. Uma criatura de espécie desconhecida explodiu quase a Lua toda e promete explodir a Terra também; porém, ele decide dar uma chance aos humanos de se livrarem desse destino. Para isso, ele se torna professor de uma classe do ensino fundamental e deixa clara a mensagem: seus alunos devem assassiná-lo até o dia da formatura. O aluno que conseguir matar o professor além de salvar o planeta ganha uma bolada em dinheiro.  Entretanto, obviamente matá-lo não é nada fácil, pois a criatura, metade alien, metade polvo, se move numa velocidade de Mach-20. 

   Quando eu vi que Ansatsu ia ser adaptado eu fiquei feliz e ao mesmo tempo bem curiosa. O anime foi 2-cour, o que significa que ele se iniciou não na temporada de abril, mas sim na de janeiro. Eu leio o mangá, (na verdade eu estou bem atrasada, mas ainda coleciono), então queria muito ver como ficariam os personagens numa animação. Assumo que gostei do resultado. Achei a adaptação bem boa. O traço me agradou bastante e os "gráficos" possuíam um efeito bem legal. Os personagens parecem, às vezes, ser tipo uma colagem no resto do cenário. Eu não sei explicar direito, mas é um efeito visual bem legal, e o traço é bem parecido com o do mangá.

   Em termos de adaptação de enredo, o que eu me lembrava de ter lido do mangá, também foi bem feito. Não aconteceram cortes muito grandes de coisas muito importantes, pelo menos não nos primeiros episódios do anime. A dublagem combinava bastante com a maioria dos personagens.... Em termos gerais foi uma boa adaptação, ao meu ver. Teve gente reclamando da abertura, dizendo que era sem noção e tudo o mais, só que o anime em si é sem noção. A única coisa que a abertura fez foi combinar perfeitamente com a história. A opening é colorida, animada, engraçada e muito wtf, bem ao estilo de Ansatsu mesmo.

   Falando do enredo, da história e tudo o mais, Ansatsu é bem engraçado. Ele não é sério, ele não tenta ser sério, ele é sem noção e, aparentemente, até que a história é bem boba, porém o conjunto todo é um entretenimento legal. Não é um daqueles mangás ou animes de fundir a cuca, ou de fazer você refletir ou chorar loucamente, mas é bom para passar o tempo. E rola uma ação de vez em quando, afinal ninguém é de ferro.

   Quanto aos personagens, precisamos dar destaque a três deles: Nagisa, Karma e Koro-sensei. O Nagisa é o protagonista do mangá, a bem dizer. Ele é o herói da história. Além de ter nome de menina, Nagisa tem cara de menina, jeito de menina.... Eu demorei dois volumes do mangá para me convencer que ele era garoto. Porque dúvidas não me faltavam sobre seu gênero. Inicialmente, ele parece ser um daqueles protagonistas chatos e inúteis, mas o Nagisa não é assim. De fato, ele é um personagem muito gentil, e seu porte físico não lhe concede muita força bruta, mas ele tem uma força interior, por assim dizer. O Nagisa tem um talento especial para o assassinato.

   O Karma... Bem... O Karma tem cabelo vermelho, acho que isso já diz muita coisa sobre ele. Veja bem, ele chama Karma, tem cabelo vermelho, é todo revoltadinho e tem um senso de humor um tanto quanto sádico. Ele é um garoto prodígio. Super inteligente, talentoso pra caramba.... Tanto que ele nem se esforça para praticamente nada, porque ele é meio que bom em tudo.

   Já o Koro-sensei, ele... Ele é hilário. Ele é um polvo, mas é dedicado aos seus alunos e às pessoas ao seu redor. Ele é um pervertido, é engraçado, é sem noção e faria qualquer coisa pelos seus alunos. Koro-sensei se move numa velocidade de Mach-20; balas comuns não têm efeito nele, então os alunos têm de utilizar uma munição especial. Todos os dias, a classe E o saúda com um tiroteio insano, do qual ele se desvia com facilidade enquanto faz a chamada. O Koro-sensei é um anti-herói muito carismático, com alguns mistérios por trás de sua criação.

   Como a história se passa numa escola, existem outros trocentos estudantes e personagens. Porém, eu não vou falar de mais ninguém, se não vou ficar o dia todo só falando dos alunos e dos outros professores. Quem quiser conhecer mais, vai ter de assistir. Porém, já vou avisando que todos os personagens contidos nesse anime/mangá são malucos à sua maneira.


   Ansatsu Kyoushitsu é um grande show de piadas, ele é bem nonsense, mas é um passatempo bem legal. Obviamente, se você tiver procurando um anime mais sério, com um enredo mais sério, cheio de reviravoltas e que te encha de feels... Bem, Ansatsu não é a melhor pedida. Mas, para quem procura só uma coisa mais engraçada mesmo, ou até mesmo algo que não faça muito sentido, vale a pena dar uma chance. O anime tem 22 episódios e o mangá é publicado no Brasil pela Editora Panini.

Resenha: Matilda

"Matilda?! Eu devo ter assistido esse filme milhares de vezes!"









Tenho algumas dúvidas se posso confiar em pessoas que nunca assistiram Matilda na Sessão da Tarde! Eu devo ter assistido umas quinhentas vezes e assistiria mais quinhentas se me deixassem. Na verdade, se eu pudesse, eu traria Matilda à vida e faria dela minha melhor amiga...

Matilda foi um filme marco da infância de toda uma geração, mas a esperta garotinha saiu, inicialmente, de um livro. Sim, se alguém ainda não sabia, agora sabe, Matilda é uma adaptação literária. O livro, de mesmo nome, foi escrito por Roald Dahl, que também escreveu As Bruxas (que foi adaptado para o cinema no filme Convenção das Bruxas) e A Fantástica Fábrica de Chocolate (que deixou a imagem de Willy Wonka e seus Umpa Lumpas coladas em nossas retinas).

   Publicado pela primeira vez em 1988, Matilda, é um daqueles livros que você lê depois de adulto, suspira e pensa: "Que coisa mais bonitinha!" Engraçado e inegavelmente inteligente, o livro conta a história de uma garotinha prodígio membro de uma família incapaz de valorizá-la. Desde criancinha Matilda sempre demonstrou ser especial, falando como um adulto muito rapidamente e, aos três anos, aprendendo a ler sozinha. Quando começa a frequentar a escola ela se vê diante de uma diretora arbitrária, uma professora doce como mel e descobre ser ainda mais especial do que já era. 

   O livro e o filme são muito parecidos. Matilda foi absolutamente bem adaptado. A caracterização da Trunchbull, chamada no livro - segundo a tradução que eu li - de sra. Taurino, é muito boa. A Trunchbull que vemos no filme é incrivelmente correspondente à retratada no livro. E quanto à interprete da protagonista, eu não poderia imaginar outra pessoa dando vida à Matilda se não Mara Wilson.

     Com relação à trama em si, Matilda é aquela coisa maravilhosa que todos já conhecemos. É engraçado, bonitinho, divertido, leve e, por vezes, revelador. Precisamos admitir, existem citações fantásticas tanto no livro quanto no filme. E nossa criança prodígio é, deveras, cativante. Matilda, é um daqueles livros que você não se contenta em ler, tem de ter na estante. Tem de poder tocar na lombada, abrir, cheirar as páginas.... É a mistura exata de nostalgia e paixão nos colocando em um estado de maravilha. Ao mesmo tempo que você relembra a sua própria infância é capaz de enxergar esta ou aquela coisa de modo completamente novo. Aos que leem ou assistem pela primeira vez, se veem imersos em um grande sonho. Porque estar com Matilda é como estar mergulhada num maravilhoso sonho inexplicavelmente prazeroso.

       Depois de algumas horas perdido nesse universo, você percebe uma coisa: se Matilda é capaz de derrotar seus vilões, você também é capaz de derrotar os vilões de sua vida. A coisa que eu mais gosto em Matilda é que ela é forte, corajosa e inteligente. E ela ama livros e aprende tudo nos livros e é nos livros que se concentram sua maior força. Ela aprende sobre o mundo com eles, aprende a ser forte com eles e foi através deles que ela percebeu que podia lutar à sua maneira. No filme, os adultos repetem o tempo todo para ela "Porque eu sou grande e você pequena, porque eu sou forte e você fraca, porque eu estou certo e você errada!" mas Matilda tinha algo que eles não tinham, sua esperteza e essa era uma coisa que nenhum deles jamais compreenderia ou poderia tirar dela.

      Matilda foi uma das heroínas de minha infância e foi uma companheira maravilhosa por muitas tardes de minha vida. Lendo o livro agora eu pude perceber o quão graciosa é esta história. Muito mais graciosa do que eu me lembrava, muito mais bonitinha. Matilda foi a primeira personagem a compreender inteiramente o meu amor pelos livros e a primeira a me mostrar que eu não estava errada em gostar tanto deles assim. Matilda é uma porta para se sonhar e, por que não, refletir? Afinal, quando terminamos de ler o livro ou assistir ao filme, uma única ideia paira sobre nossas cabeças: assim como Matilda, nós não estamos sozinhos!

                                     




    


   

Resenha: O Bicho-da-Seda


"O bicho-da-seda é fervido para que se retire o casulo!"


   Joanne Rowling está de volta na pele de Robert Galbraith e traz consigo seu cativante detetive em mais um mistério eletrizante. O Bicho-da-Seda é o segundo livro da série de romances policiais de Robert Galbraith, pseudônimo de Jô, e traz de volta o detetive Cormoran Strike e sua parceira, Robin. Após solucionar o mistério do caso Lula Landry, os negócios de Strike melhoram significativamente. Ele está cuidando de sua vida de detetive e se encarregando de seguir esposas e maridos infiéis quando, um belo dia, Leonora Quine aparece em seu escritório e pede que ele encontre seu marido, Owen. Owen é um escritor não muito famoso que tem o costume de desaparecer; entretanto, dessa vez seu desaparecimento parece ter passado um pouco dos limites, o que leva Leonora a procurar Strike e pedir que este encontre o excêntrico Quine. Apesar da aparência desleixada e avoada da mulher e da clara impressão de que ela não pode pagar por seus serviços, Strike aceita o caso. O que inicialmente era um simples caso de desaparecimento acaba se desdobrando em algo muito maior, complexo, medonho e perigoso. Cormoran e Robin se veem diante de um mistério ainda mais intrigante do que a morte de Lula Landry. 

   Se eu já amava Joanne Rowling antes, o que não é segredo para ninguém, e já a considerava fantástica, agora tenho certeza de que ela pode ser cada vez melhor. O Bicho-da-Seda é um mistério instigante e ainda mais arrebatador do que seu antecessor, O Chamado do Cuco. O desenvolvimento da história das vidas pessoais de Strike e Robin se desenrolam em paralelo com a trama central do livro. Somos envolvidos em uma trama de mistério com doses homeopáticas de pessoalidade capazes de quebrar completamente uma determinada tensão, porém inserindo outra.

   O Bicho-da-Seda é uma trama inteligente, mas ao mesmo tempo medonha. Eu nunca pensei em Joanne escrevendo algo desse tipo, nunca pensei que ela fosse fazer um mistério em que determinados assuntos fossem envolvidos, mas ela fez. E fez muito bem! Talvez inicialmente o livro pareça um pouco mais parado do que O Chamado do Cuco, mas quando ele engata não tem para ninguém. A partir da metade você não consegue pensar em outra coisa a não ser em ler mais um capítulo e mais um capítulo e mais um capítulo.... Alguns leitores disseram que o final de O Chamado do Cuco foi um tanto previsível, mas não acho que esse venha a ser o caso de O Bicho-da-Seda. O livro te coloca uma única ideia fixa na cabeça: onde está Quine? Quem é o culpado?

   Uma coisa que me agradou muito foi que, dessa vez, um culpado te é apresentado. Um determinado personagem é "pego pra Cristo" e somente Strike acredita em sua inocência. Você, enquanto leitor, não sabe se confia em Strike e procura um novo culpado ou se parte do pressuposto de que dessa vez ele está errado e crucifica o personagem em questão. Isso sem contar o tanto de vezes que você fica: "foi fulana... não, ela não... foi beltrano... não, ele não... FOI ESSE, ESSE AQUI, TEM DE SER, CLARO!" Mas no fim era outra pessoa.

   Outro ponto positivo é que em um determinado momento da história Strike diz ter uma teoria, porém ela não é contada ao leitor. Então, cada vez que Strike se refere a "sua teoria" você vai recebendo dicas e fica tentando descobrir qual teoria é essa. Você tem dois mistérios a resolver: o mistério da trama e a teoria de Strike. Trabalho duplo, mas muito prazeroso. Se nós fossemos Sherlock Holmes descobriríamos com rapidez, porém somos apenas meros mortais, o que nos obriga a fundir a cuca um pouco.

   Ao terminar O Bicho-da-Seda, eu me vi sentada numa cadeira encarando o horizonte com um pedaço da minha alma surrupiada. Fazia tempo que eu não tinha minha alma roubada dessa forma, estou muito empolgada com esse livro. Claramente Joanne fez mesmo um pacto forte, por isso ela captura nossas almas seja com Potter, Morte Súbita, ou com seu detetive pugilista.

   Outra coisa que me agradou bastante: o desenvolvimento do relacionamento de Robin e Strike. Todos já sabem, espero, que Robin é meu xodó. Ela é uma garota inteligente, que gosta de mostrar serviço e interessada.... Seu único defeito é ser noiva de um completo babaca, mas fazer o que, ninguém é perfeito. Nesse livro Robin ganha mais destaque e tenho quase certeza de que ela só vai crescer mais e mais nos próximos livros. Robin é o Watson de Strike; e Robin é uma garota. É comum nas tramas de Jo o aparecimento de mulheres fortes e tão capazes quanto homens (o que é um fato óbvio embora nem sempre retratado na literatura). Alguém, talvez a própria Jo, chegou a afirmar certa vez que "quando o assunto é força física, as mulheres saem perdendo em comparação aos homens, porém quando elas têm uma varinha na mão os dois se equiparam. Bruxas são tão boas quanto bruxos, porque magia não envolve força bruta!" Bom, Robin não é uma bruxa, mas sua dedicação e cérebro têm compensado a falta de força física que venha a lhe atrapalhar em alguma situação. Quanto a Strike, bem, ele é o chefe, certo? Ele é inteligente, segue seus instintos e é bem ferrado em sua vida pessoal; mas é justamente isso que o torna tão carismático. Strike e Robin são uma dupla de detetives prontos para cativar você!


   Resumindo tudo: O Bicho-da-Seda me colocou numa vibe total de mistérios, coisa que só aconteceu quando eu assisti à série Sherlock da BBC. Para quem gosta de livros de mistério é uma ótima pedida. Para quem gosta das coisas de Rowling é uma leitura obrigatória: você precisa acompanhar o crescimento dessa autora que nos cativou desde a infância. Portanto, nesse feriado prolongado, nas férias, durante uma rotina atarefada, não importa, leia O Bicho-da-Seda. Você vai se ver envolto por esse mistério tal qual o próprio bicho-da-seda se vê envolto por seu casulo!