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Resenha: Re: Zero Kara Hajimeru Isekai Seikatsu


    Vez por outra, no maravilhoso (ou nem tanto) mundo do entretenimento, aparece alguma obra que causa uma grande comoção. Uma daquelas que dá, literalmente, muito o que falar. Esta obra pode ser um filme, um livro, uma música, uma banda ou um anime, por que não? De tempos em tempos aparece aquele anime que todo mundo comenta, que a grande maioria assiste e cujos comentários sobre são, em sua maioria, positivos. O famigerado anime que une todas as tribos. Esse é o caso de Re: Zero Kara Hajimeru Isekai Seikatsu. 

    Estreante da temporada de abril desse ano, Re Zero foi muito assistido e, obviamente, muito comentado. A história é originalmente uma série de light novel escrita por Tappei Nagatsuki e ilustrada por Shinichirou Otsuka; a série conta, atualmente, com oito volumes publicados. O enredo gira em torno de Natsuki Subaru, um jovem que é subitamente invocado para um mundo desconhecido. Sem ter a menor noção do que fazer ou para onde ir nesse misterioso local, Subaru acaba por conhecer uma jovem meio-elfa de cabelos prateados. Não muito tempo depois os dois são assassinados; então, Subaru acorda e descobre quem tem a habilidade de “retornar pela morte”. Sempre que morre o garoto acorda em um ponto anterior ao dos acontecimentos que lhe levaram ao trágico final, ele retém todas as suas lembranças até o momento que morreu, porém somente ele sabe das coisas que aconteceram e que ainda estão por vir. Após voltar no tempo pela primeira vez, Subaru decide que fará de tudo para salvar a garota de cabelos prateados.

    Num primeiro olhar Re: Zero não tem nada de mais; é um enredo que não foge muito de uma grande gama de coisas que encontramos por aí. Entretanto, desde já adianto que Re: Zero tem alguns toques especiais. Primeiramente, preciso deixar claro que é bem difícil para mim falar desse anime. Eu assisti os vinte e cinco episódios; durante e depois de assistir tudo refleti muito sobre minha opinião com relação à obra em si. Creio que, mesmo agora, ela ainda esteja se firmando. Cada vez que relembro toda a trajetória do anime e as sensações que ele me causou compreendo melhor o que penso sobre a obra.

Para começar, vou tentar fazer um balanço das minhas impressões sobre o enredo do anime. Um apanhado geral para depois discutir alguns outros pontos. Comecemos pelo começo, então. Quando fiz minha lista de animes da temporada de abril Re: Zero não estava entre eles. A sinopse não me chamou a atenção, eu já estava com muitos animes na lista, apenas passei por cima. Então, o anime estreou. Vi várias pessoas comentando sobre o primeiro episódio, em especial sobre a atitude do protagonista. Acabei ficando curiosa e fui conferir. A minha impressão do primeiro episódio foi: legal. Foi um episódio com uma boa animação, introduzindo a história da narrativa e um final com um gancho capaz de deixar o telespectador curioso. Quanto ao Subaru, também não tinha nenhuma opinião grandiosa. Ele parecia meio idiota, só. Em suma, era legal, mas nada espetacular.  Na semana seguinte assisti o segundo episódio, que não me empolgou nem metade do que o primeiro. Pensei “é, vai ficar só nessa dele morrendo e voltando para tentar salvar a garota mesmo...”; então, veio o terceiro episódio. Esse me empolgou. Teve ação, enfim uma batalha verdadeiramente boa, e a bela garota de cabelos prateados ganhou mais destaque deixando a posição passiva na qual, até então, estava sendo deixada. Fiquei feliz ao perceber que a história seria menos repetitiva do que eu havia pensado, eu estava enganada, ainda bem. Então, veio o episódio quatro e cinco e vi Subaru ficar preso num arco de repetição péssimo para ele. Entretanto, do quarto ao sexto episódio, a história não havia me tocado. Era tecnicamente bem executado, eu entendia o sofrimento do Subaru, mas faltava alguma coisa; talvez pelo fato de minha relação com Subaru ficar entre a indiferença e a antipatia. A chegada do episódio sete serviu para dar uma sacudida nas coisas; o final do sétimo episódio foi bom o suficiente para me deixar consideravelmente curiosa para o próximo. Os episódios seguintes também me agradaram, embora não alcançassem o mesmo impacto que o sétimo. Ainda assim, foram episódios nos quais não percebi o tempo passando. No episódio doze o anime entrou em uma nova fase e, é logo depois disso, que a história entra num patamar cujo adjetivo bom se torna, definitivamente, justo. Os episódios referentes à seleção real na capital não foram os meus favoritos, entretanto foi a partir deles que minha antipatia pelo protagonista aumentou. Mais do que isso, minha indiferença desapareceu e eu comecei a sentir raiva, de fato, do Subaru. Ele me irritava o tempo todo. Porém, é a partir do episódio quinze que as coisas dão uma guinada de vez, culminando no episódio dezoito que é genuinamente bom. Este episódio, o episódio de número dezoito, é inegavelmente bom. A trilha sonora, os diálogos, a emoção que é passada, a tensão.... Tudo é feito para tocar o expectador e consegue. Os episódios seguintes, apesar de não tão avassaladores, também são satisfatórias. Terminando sempre de uma forma que te deixa curioso para assistir o próximo. Nesse recurso, destaque para o episódio vinte e quatro que tem um plot twist que pode ser esperado, mas que causa um impacto quando acontece. Em resumo, a trajetória da narrativa de Re: Zero é evolutiva. Ainda que a história não seja a melhor do mundo, ela é evolutiva e tem recursos capazes de prender a atenção.

     Pensando na narrativa enquanto enredo, como já disse, não é nada espetacular. Inclusive, tem algumas falhas visíveis, e não estou me referindo a coisas que ainda podem ser corrigidas nos volumes posteriores da série. Como exemplo é possível citar a personagem Felt. Ela aparece nos primeiros episódios, desaparece, retorna no episódio da seleção real e, mais uma vez, some sem deixar vestígios. Ainda no plano do sumiço temos o desaparecimento da personagem Rem, já nos últimos episódios, sem nenhuma explicação de para onde ela foi.

     Um outro aspecto que sempre me incomodou em Re: Zero é o fato do Subaru amar a Emilia, a garota de cabelos prateados, sem nenhum motivo aparente. Não adianta tentar justificar, no fim das contas a ideia passada é que ele a ama porque ela é bonita, nada além disso. A posição passiva em que Emilia é colocada também acaba me desagradando um pouco. A garota tem potencial, ela é capaz de cuidar de si mesma, mas acaba ficando sempre apagada, tendo grandes cenas em pouquíssimos momentos.

Pensando o enredo num todo, de uma certa forma, ele é uma grande salada. Tem elfos, tem empregadas, maldições, bruxa misteriosa, culto religioso... Tem de tudo para todos os gostos. Porém, talvez eles se conversem e se equilibrem de alguma forma.

Entretanto, se o enredo de Re: Zero não é um dos mais bem trabalhados do mundo, os personagens são um aspecto mais bem feito. Assim como a trajetória da história, os personagens de Re: Zero também são evolutivos. Eles se desenvolvem. Não todos, claro, mas alguns e isso já é algo bom o bastante. Pensemos, por exemplo, a Rem. A garota aparece logo na primeira metade da narrativa juntamente com sua irmã, Ram. Aos olhos de todos Rem não passava de uma personagem secundária, mas ela cresce de uma forma maravilhosa. A garota se torna mais densa, mais importante e conquista o público de uma forma incrível.

     Outro personagem que também se desenvolve é o próprio protagonista. Ele me fez passar do desinteresse para a implicância, então a raiva, e mesmo assim me fez torcer por ele. Particularmente, ainda não gosto muito do Subaru, mas ele é capaz de causar reações. As pessoas gostam ou desgostam dele, isso é bom. Causar reações e sensações no público significa que o personagem é mais complexo, é sinal de que ele é capaz de fazer o expectador pensar sobre ele e seu papel na narrativa. É uma das coisas que caracteriza um bom personagem.

   Em Re: Zero, nem todos os personagens são desenvolvidos, mas quando ocorre o desenvolvimento ele é bem feito. Esse é, para mim, um dos melhores pontos da narrativa. Foi isso que fez com que eu não abandonasse a história, mesmo quando não estava totalmente convencida por ela. 

    Outra coisa que eu gosto em Re: Zero é a grande quantidade de boas personagens femininas que a história possuí. Rem, a empregada da mansão que acaba por roubar a cena completamente; Emilia, a meio-elfa que apesar de parecer estar sempre meio apagadinha tem momentos que acentuam uma personalidade; Beatrice, a responsável pela biblioteca da mansão, com um humor nem sempre muito bom; Crusch, uma das candidatas à seleção real, com um semblante e atitudes duronas, mas uma pessoa fantástica... E por aí vai. São personagens femininas boas, elas não são apenas objeto decorativo. Pensando na imagem inicial que Re: Zero me passou, isso me soou, no mínimo, surpreendente.


     De uma forma geral, Re: Zero ganha o status que têm por conta, justamente, desse fato: a surpresa. Num primeiro olhar, não é comum se esperar muita coisa de Re: Zero. A obra é evolutiva. Evolutiva enquanto narrativa, evolutiva enquanto desenvolvimento de personagem, evolutiva com relação aos finais dos episódios... Depois do quinze, o fechamento do episódio sempre acaba te deixando ansioso para o próximo. Isso é ótimo para uma série que ainda está em lançamento. Dessa forma o anime ganha o público, as pessoas querem saber o que vai acontecer. Esse é um mérito que não se pode tirar de Re: Zero.

Tecnicamente, o anime também é bem executado. A animação é boa e linear; dá uma caidinha nos episódios mais para o final, mas só para deixar para fazer as coisas bem-feitas no último episódio. A trilha sonora também é legal e combina muito com as cenas. Esse é outro ponto positivo da obra, pensando nela como série de anime.

    Num todo, Re: Zero foi um bom anime. Não tem o enredo mais impecável do mundo, mas tem coisas positivas o suficiente para fazer ganhar a atenção e agradar ao público. De zero a dez, Re: Zero mereceria, a meu ver, uma nota entre sete e oito, dependendo do que você vai presar mais na hora de dar o veredito. Se eu recomendaria Re: Zero para as pessoas? Com certeza, a história tem elementos para todos os gostos, o que torna possível que agrade uma grande quantidade de pessoas.

    Em suma, foi divertido acompanhar Re: Zero. O anime me surpreendeu bastante, eu não esperava nada mesmo, e foi uma boa experiência aguardar os episódios, curiosa. Afinal, Re: Zero é isso mesmo: uma salada de várias coisas; um genuíno anime capaz de unir todas, ou ao menos várias, tribos.

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