O detetive Philip Marlowe é contrato por um rico executivo do ramo dos
perfumes para encontrar a esposa deste, Crystal Kingsley. As pistas levam
Marlowe até Bay City e, em seguida, Puma Point onde ele acaba se pondo no
rastro de outra misteriosa mulher, Muriel Chess. Aos poucos a trama,
aparentemente simples, se desenvolve envolvendo médicos inescrupulosos e
policiais corruptos.
O livro foi escrito durante a Segunda Guerra Mundial, mas diferente das
outras histórias que li da época, A Dama do Lago não se foca na guerra. O
cenário mundial é citado algumas vezes, mas não é nada que interfira
diretamente no enredo.
A Dama do Lago tem dois pontos que me chamaram bastante atenção:
primeiramente, o mistério, em si, é mesmo muito bom. Porém a narração.... Vou
começar pelo ponto que eu poderia chamar de negativo, a narração. O livro não é
mal escrito, mas a quantidade de vezes que expressões como "e eu
disse" ou "e ele (a) disse" aparecem me incomodou bastante.
Muitas vezes a narração estava super fluindo, a história super se desenrolando
aí BAM vinha uma dessas frases e rolava aquela quebra sabe? Talvez eu esteja
acostumada com outros tipos de livros, livros onde as falas são introduzidas de
forma um pouco mais natural.... Não sei, o fato é que isso me incomodou. Outro
ponto incomodo, ainda no quesito narração, é que o livro é narrado em primeira
pessoa. Porém, algumas vezes, eu tinha a impressão de que o narrador meio que
se perdia e soava mais como um narrador de terceira pessoa. Então, eu ficava
meio confusa e tinha de reler. Por conta disso, eu não gostei tanto do livro
quanto poderia ter gostado.
Entretanto, nem só de narração vivem livros de mistério; na verdade,
livros de mistério vivem muito da trama em si e essa merece elogios. A Dama do
Lago é o tipo de livro no qual você consegue prever alguns poucos elementos.
Por conta disso você começa a pensar que vai prever também a resolução do caso.
Quando o livro chega na metade, o leitor acha que já sabe como tudo vai acabar,
mas não sabe. O autor usa um recurso bem interessante que é fingir revelar o
culpado de tudo, mas, no fim, dar a cartada final e mostrar que as coisas não
eram bem assim. Gostei muito dessa forma de apresentar os fatos. No penúltimo
capítulo eu achava que já sabia de tudo e só estava lendo porque faltava pouco
mesmo. Eu já estava começando a me indignar e não acreditando que o desfecho
seria aquele, porém, no último capítulo percebi estar bem errada. Eu fui feita
de boba pelo autor e isso, num livro de mistério, é ótimo. Livros com casos a
serem solucionados devem ser assim mesmo, fazer não só os personagens, mas o
próprio leitor de bobo. Enganar todo mundo, pelo menos de forma parcial e A
Dama do Lago faz isso de uma forma muito boa e elegante. Já li outros livros do
gênero antes e me arrisco a dizer que este, em quesito desenvolvimento dos
fatos, é o que mais possui reviravoltas. Foi mesmo prazeroso resolver esse
mistério ao lado de Marlowe.
Num panorama geral o livro é bom. Exceto o que comentei quanto à
narração, não achei nada de muito negativo. Acho que a resolução do caso
compensa os pontos fracos da narração. Considero A Dama do Lago uma boa opção
para aqueles que gostam de um romance policial, uma narrativa de mistério,
cenas com tiros e uma ambientação entre os anos trinta e quarenta.
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