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Resenha: Morte Súbita



   E enfim eu consegui terminar de ler Morte Súbita. Morte Súbita ou, The Casual Vacancy no original em inglês, é o primeiro livro adulto escrito por J.K.Rowling. Eu me lembro de quando Rowling postou sobre o livro no twitter, avisando que ele estava em processo de publicação e que seria um livro para o público adulto. Muito se especulou sobre a editora que lançaria o livro no Brasil e a Nova Fronteira levou a melhor. Editora escolhida, arte da capa divulgada, nome da tradução divulgado, livro lançado e eu não consegui ler. Porém, antes tarde do que nunca. É por esse motivo que eu estou vindo aqui, em plena madrugada, pra resenhar o livro. 

   Certo, vamos começar. Morte Súbita trata da morte súbita de Barry Fairbrother e como essa morte afeta os moradores da pequena cidade de Pagford. Barry morre de um aneurisma no dia de seu aniversário de casamento, deixando vaga uma cadeira no Conselho de Pagford, criando assim uma vacância (por isso o original em inglês é The Casual Vacancy). A partir daí a história se desenrola. O livro narra as diferentes reações dos moradores à morte de Barry, a "luta" para descobrir quem ficaria no seu lugar como conselheiro e também a vida dos moradores de Pagford. Segredos são descobertos, acontecimentos inesperados sucedem e o final é indescritível. Eu poderia dizer que o fim de Morte Súbita é surpreendente, entretanto, a palavra surpreendente é incapaz de expressar tudo que eu senti ao ler o final. Você verdadeiramente não imagina que vai acontecer aquilo, consegue ser ainda mais imprevisível do que O Chamado do Cuco, embora eu prefira o enredo do outro livro.

   Vários amigos meus leram o livro antes de mim. Um deles falou super mal do livro então, eu queria muito ler para tirar minhas próprias conclusões. Jeff, amigo querido, o livro não é ruim. Obviamente, Morte Súbita não uma narrativa que te envolva rapidamente, você demora a pegar o ritmo, isso é um fato. Também é necessário levar em consideração que o livro narra diversos pontos de vistas de diversos personagens diferentes, o que também contribui para algumas "quebras de clima". Entretanto, tudo isso tornou o livro muito interessante pra mim. Foi uma experiência e tanto.

   Com dezenas de personagens o livro mantém uma grande característica de Rowling, algo presente em todas as suas obras. Seus personagens dificilmente são cem por cento bons ou cem por cento maus, porém, são todos falhos. Eu tenho uma frase que expressa tudo o que eu sinto em relação aos personagens de Morte Súbita durante grande parte da história. "Reputação: diversas páginas para construí-la, uma frase para destruí-la". De fato, até mais ou menos 1/4 do livro eu me sentia assim.

   Inicialmente eu não gostei de nenhum personagem, mas aos poucos eu fui simpatizando com vários deles. O primeiro que eu gostei foi a Krystal. Ela é uma garota bem rebelde, com uma família totalmente desestruturada, mas apesar do que pensam e dizem dela, ela é uma boa garota, de verdade. Depois eu também comecei a gostar do Andrew Price, da Gaia Bawden, da Sukhvinder Jawanda, da Parminder (mãe da Sukhvinder), da Kay (mãe da Gaia), do Gavin... No fim das contas eu comecei até a gostar do Bola e simpatizei levemente com a Samantha Mollison. Entretanto, o grande herói, o grande exemplo, o mártir, o único personagem que eu simplesmente amei do início até o fim foi o protagonista. Sim, senhoras e senhores, o morto, Barry Fairbrother!

   Uma das coisas que muito comentaram sobre o livro foram as partes picantes, ou em português claro, as putarias. Eu li prepara pra ver uma coisa horripilante, digna de hentai e coisas do gênero, mas é bem suave. O livro tem uma linguagem meio "pesada" as vezes. Tem palavrões, tem cenas de sexo, insinuações e sexuais e coisas do tipo, mas nada que seja realmente ofensivo ou pesado em demasia. O que eu sinto em relação a isso é que as pessoas não confiavam em Rowling. Por ela ter ficado conhecida escrevendo Potter, algumas pessoas não a julgavam capaz de escrever um livro para adultos, com uma linguagem diferente, tratando assuntos que não fossem pertinentes a crianças, então, quando viram que ela era capaz de fazer isso ficaram chocados. Eu não achei nada chocante, sempre acreditei no talento de Rowling, ela só fez provar pro mundo algo que eu já sabia existir há muito tempo, seu brilhantismo e genialidade. Se Morte Súbita não te convencer da maravilhosa autora que Rowling é leia O Chamado do Cuco, ele é a prova viva da versatilidade e qualidade das obras de Joanne.

   Voltando a Morte Súbita, eu consegui enfim entender a capa. Eu sou uma pessoa meio lesada, então eu não compreendi logo de cara a ilustração da capa, só depois de ler que tudo foi fazer sentido pra mim. É uma cédula de votação! Apesar de tratar de temas adultos como drogas, política e problemas sociais, o estilo de escrita de Rowling é aquilo que fez eu me apaixonar por ela, emocionante. Sempre que eu leio algo de Rowling eu tenho uma facilidade muito grande de mergulhar na história e me conectar com os acontecimentos do livro no momento e os personagens. Quando você lê o Jo escreveu você capta o sentimento colocado naquilo, o sentimento da situação ali descrita, essa é minha coisa favorita nas obras de Jo.

   Contrariando meu amigo, que alega que o livro fica chato e massante depois de um tempo, gostaria de registrar que pra mim é o contrário. Inicialmente ele pode parecer chato, mas conforme a história vai evoluindo ele vai ficando cada vez mais interessante. Nas últimas três partes é impossível parar de ler. Para os fãs de Potter e de Rowling ler esse livro é quase uma obrigação. Para aqueles que nunca leram nada dela e não gostam de infanto-juvenil é uma ótima oportunidade para conhecer as obras da autora. Pode não parecer, mas verdadeiramente vale a pena. Morte Súbita, um livro cujo título é um spoiler e o final é inacreditável.

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