Vamos dar uma pausa na série de resenhas dos animes da temporada e falar
de livros? Sim, eu estou interrompendo o fluxo de resenhas sobre animes para
vir aqui falar de um livro e não sei se fico feliz com isso não. Vocês devem
estar acostumados a me ver falar sobre como eu amei este ou aquele livro, mas
hoje a resenha não vai ser muito positiva e até me dói fazer isso. Acontece que
eu comprei o livro, eu li e eu preciso falar sobre ele, então, vou resenha-lo
embora eu não vá dizer coisas muito agradáveis.
O livro da vez é A Ordem Perdida, de autoria de Gabriel Schmidt; eu o
comprei na Bienal e, bem, sinto dizer que não foi a melhor compra que eu fiz. O
livro é da Novo Século, da série Novos Talentos da Literatura Brasileira (mesmo
selo que publica a Renata Ventura), e tem como tema central a fantasia. Levando
em consideração esses fatos, era-se de esperar que eu amasse o livro, mas não
foi isso que aconteceu.
A Ordem Perdida mistura várias mitologias, dentre elas a grega, e uma
mitologia criada pelo próprio autor. O foco central são deuses e semideuses; a
história se passa em São Paulo. O livro é narrado em primeira pessoa e não
possuí um protagonista de fato; a ideia de fazer um livro assim é ótima, embora
complicada. Teria sido uma jogada e tanto se não fosse pelo fato de quase todos
os personagens terem a mesma voz. A Ordem Perdida, é o primeiro livro de uma
série de sete, e narra as aventuras de semideuses, dentre eles jovens de treze
anos que estudam numa escola só para mestiços. A ideia geral é boa, a maneira
como ele justifica o nascimento das crianças, a mitologia que ele cria... Tudo
podia ser muito legal se não fosse a maneira como o autor escreve.
Céus, a narrativa me incomodou tanto! Quando eu comecei a ler, achei que
só tinha me sentido incomodada porque havia acabado de terminar ACC e ainda
estava na vibe da Renata Ventura; esperei alguns dias, recomecei a ler o livro,
continuei incomodada, o problema não era comigo! Geralmente, eu não sou muito
chata com narrativas; não gosto de coisas muito arcaicas, gosto de narrativas
leves, tolero algumas coisas mais simples, entretanto... Gente, a narrativa é
simples ao extremo, eu poderia dizer quase pobre. Como aspirante a autora eu
tento não julgar escritores, porque eu sei como é difícil ter uma ideia e
redigi-la, mas cara... Eu não sou muito exigente, vejam como eu escrevo aqui,
totalmente informal; quando escrevo meus contos e afins a narrativa é
diferente, claro, mas não sou nenhuma Clarice Lispector, Machado de Assis ou
Joanne Rowling! Ainda assim, A Ordem Perdida me incomodou tanto.
Toda vez que o narrador mudava eu ficava esperando uma nova voz, uma
nova personalidade... Era um personagem diferente, então, é normal esperar
essas coisas... Nada veio. A voz narrativa era a mesma. O jeito de pensar, de
agir... Embora os personagens tomassem atitudes diferentes, a forma de narrar e
como a cabeça deles funcionava era deveras semelhante. A redação era boa, mas
tão simplória... Tudo tão seco, o tempo todo; sem sentimento, sem emoção... Me
sinto mal de dizer isso, mas foi assim que me senti enquanto lia. Por mais que
ache a temática interessante, a narração me impedia de me conectar com o
universo e eu não tinha vontade de ler. Li forçando, cara, e o livro é tão
pequeno! Com uma narrativa diferenciada eu poderia tê-lo lido em dois dias.
Gostaria de levar em consideração que o autor é muito jovem, ele é um
ano mais novo que eu! Obviamente, isso não é uma desculpa, mas podemos dar um
desconto. Pode ser que a escrita dele amadureça nos outros livros e eu espero
muito que isso aconteça. Talvez eu leia a continuação só parre se a escrita
dele amadureceu. Ai, dói tanto falar “mal” de um livro.
A história tem pontos positivos também; como eu disse, Gabriel é
criativo, a ideia geral é boa, a maneira como ele pensa no enredo é boa, o
problema é narração em si. Ele escreve certo, gramaticalmente falando, mas no
âmbito literal me incomodou um pouco. Outra coisa que me deixou P foram os
erros. Poxa, Novo Século, você fez AAE e ACC, dois livrões com pouquíssimos
erros e foram comer bola logo em A Ordem Perdida que é um livro pequeno?
Caramba, assim a beleza da capa não consegue compensar tudo!
Tem um ponto positivo muito grande em A Ordem Perdida, o autor é muito
simpático. Quando eu estava no estande da Novo Século na Bienal, esperando a
Renata, ele e o pai vieram falar comigo. Foi por isso que comprei o livro,
achei a ideia interessante e resolvi dar uma chance... Bom, não atingiu minhas
expectativas. Enfim, me dói dizer, mas eu não recomendaria o livro. Se você
gostar de deuses e quiser ler, leia, a ideia central é legal e talvez você
consiga desvincular a narração do enredo. Eu, infelizmente, não consegui. Acho
que a Letras tá me deixando muito chata com relação a isso, tenho de ser menos
exigente...
Houveram partes que me decepcionaram muito. Em vários momentos eu fiquei
esperando emoções que não vieram; e, numa parte que poderia ter sido muito bem
explorada, o autor fez tudo muito rápido. Tem um capítulo em que era para
acontecer uma luta. O capítulo finaliza e no seguinte é mostrado outro plano
narrativo. Até aí tudo bem, mas quando retornam ao plano narrativo anterior
explicam a luta de qualquer jeito sem nem ao menos narrar. A batalha que
poderia ter sido super bem explorada e aproveitada. Triste de mais!
Saldo final: ideia boa, narração incomoda pra gente exigente; vale ler
pelo enredo, não pela escrita. Me dói muito dizer isso mas A Ordem Perdida, ao
meu ver, deixou muito a desejar!
Gosto muito de livros, muito mesmo, principalmente os de fantasia. Gosto de capas bonitas e folhas cheirosas. Sou apaixonada por mangás e animes, posso ficar horas discutindo sobre eles. Me vicio facilmente em séries. Gosto de assistir filmes, principalmente adaptações literárias. Amo ouvir música, quase qualquer música, diferentes tipos de música. Sou doida pra conhecer a Inglaterra e o Japão. Tagarelo muito sobre as coisas que gosto, e me empolgo, muito. Não sou tão boa, mas me arrisco a escrever.

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