E
o Filosofando Nada está de volta. Como sempre, o texto a seguir não tem nenhum
objetivo concreto e são apenas pensamentos e questões que perpassaram minha mente. Antes de mais nada gostaria de dizer que nesse texto não vou me
aprofundar em questões sobre feminismo e suas correntes nem nada do tipo porque
acho que ainda preciso estudar muito sobre o assunto antes de falar
profundamente dele, o que eu quero tratar é um assunto mais abrangente do que a
conotação negativa ou positiva que a palavra “feminismo” é capaz de acarretar. Porém,
antes que alguém me pergunte, sim, eu posso dizer que me considero feminista. Se
alguém quiser saber o porquê têm uma explicação bem rápida nesse vídeo da Gabbie Fadel e nesse da Lully, acho que elas explicam a ideia geral que eu sempre
concebi de feminismo de uma maneira bem didática.
O
que eu queria mesmo falar hoje é sobre uma coisa que já venho reparando a um
tempo, mas que recentemente acabou saltando aos meus olhos. Percebi, e isso me
deixou bem triste, que, infelizmente, as mulheres têm uma capacidade muito
grande de “odiarem” ou “desgostarem” uma das outras muito mais do que os
homens. Isso pode parecer mentira, mas não é, querem ver só?
Quando,
num relacionamento heterossexual e monogâmico, a mulher é traída a culpa é sempre
da amante, que é taxada de vadia, ou da própria mulher traída, mas nem sempre atribuem
a devida culpa ao homem. Okay, você pode dizer que hoje em dia não é mais tão
assim. Verdade, graças a Deus hoje em dia vivemos num mundo que homem não tá
liberado pra trair a esposa ou namorada, amém, porém em algumas situações,
vindo de algumas pessoas mais conservadoras, não acho a culpa tão bem
distribuída assim. Não quero entrar no assunto traição porque isso geraria um
outro texto e tudo mais, porém, numa situação dessas, o homem e a amante têm
EXATAMENTE, A MESMA QUANTIDADE, de culpa. Não têm colher de chá pra nenhum dos
dois lados não. Não importa quem deu o primeiro passo pro troço acontecer, a
culpa é dos dois, tão errados os dois. A mina tá errada em sair com homem
comprometido, o cara tá errado em ser comprometido e sair com outra mina, e a
mulher que foi traída não tem culpa nenhuma porque nada justifica, fim. Graças
a Madoka faz muito tempo que eu não ouço o famoso “ele traiu porque a esposa
não soube segurar o marido”, porque, francamente, sei que ainda rola uns
pensamentos desses e cruzes! Porém, eu NUNCA vi, ninguém falar que “ELA traiu
porque o MARIDO não soube segurar a ESPOSA”, nunca. Se uma mulher traí ela é a
errada da história e fim. E o louco é que O amante nem sempre é colocado na
roleta da culpa embora ele esteja errado também.
Tá,
tudo bem, você pode me dizer assim: mas, Andreza, o exemplo que você usou aí em
cima, hoje em dia, é um caso raro. Hoje todo mundo culpa a pessoa que traiu
independente do sexo. Sim, argumento válido, o caso que eu citei é exceção sim,
mas o caso que eu vou falar agora não é exceção!
Todo
mundo, alguma vez na vida, sofreu o famoso amor não correspondido que,
atualmente, se tornou a famosa “friendzone”. Seja homem, seja mulher, todo
mundo já passou ou vai passar por uma dessas, sério. Porém, uma coisa que
sempre aconteceu, e isso desde os meus tempo de colégio, é o seguinte: a fulana
gosta do fulano; o fulano não gosta da fulana (ele pode ser um babaca que dá em
cima pra causar discórdia ou pode ser um cara legal, tanto faz); então, o
fulano é amigo de uma cicrana ou começa a namorar com uma beltrana; a cicrana ou
beltrana da situação não é amiga da fulana, não sabe que a fulana gosta do
fulano, em suma, ela não tem culpa da fulana gostar do fulano e o fulano não
corresponder, mas, ela vai ser odiada! E eu não tô falando de sentir ciúmes,
porque isso é normal, é perfeitamente aceitável, mas ela vai ser chamada de
quenga, vadia e escambau!
MAS MANO, ELA NÃO TEM CULPA DO BOY NÃO TE DAR VALOR, MIGA, SÉRIO. Eu achava que isso não acontecia sempre, MAS ACONTECE! E sabe como eu percebi que acontece? LITERATURA, BITCHES! Vocês já repararam como TODO MUNDO odeia a Cho Chang? Mas, a maioria das pessoas que não gostam dela, não deixam de gostar dela pela personalidade da personagem (embora ela seja bem sem sal) mas sim PORQUE ELA TIROU O BV DO HARRY! Aí todo mundo chama ela de puta e de vadia e tal. E eu não vou nem entrar no assunto de chamarem a Gina de quenga porque ela teve dois, fucking, namorados antes do Harry... Voltando. Vamos relembrar a historinha de amor romântico que percorre Harry Potter? Vamos! A Cho não conhecia a Gina, ela não falava com a Gina, ela não era amiga da Gina, ela não tava furando os olhos da Gina, o Harry que gostava dela desde HP3 então, porque cargas d’água, A CHINESA É CHAMADA DE QUENGA ASIÁTICA MESMO? Ah, porque ela teve um pseudo-namoro com aquele retardado, magricela, ocludo do Harry Potter que demorou seis, fucking, livros pra notar a existência da Gina! A mesma coisa acontece com a Lilá. Todo mundo odeia ela porque ela namorou o Rony, mas, gente, o menino era livre e desimpedido, ela também, qual é o problema? E O RONY AINDA SACANEOU ELA NO FINAL! Nunca vou engolir a covardia dele de não ter terminado com ela devidamente, sério. Tudo bem que ela era melosa e grudenta, mas a Lilá merecia mais consideração, sério.
Mas,
aí você diz: poxa, Andreza, tu já leu HP faz tempo, tem de levantar essa
questão agora? Tem! Tem porque eu (MOMENTO CONFISSÃO) escrevi uma fanfic nas
férias. Era hinny shipper, era clichê e bobinha, no final foi bem ruim, mas me
diverti. Enfim, nessa história eu inseri uma personagem que eu mesma criei, ela
chamava Mari. O protagonista da fanfic teve uma crush na Mari, a Mari
correspondeu a crush dele, E GERAL DAS LEITORAS CHAMARAM ELA DE VADIA POR ISSO!
Porém, a Mari não era uma vilã. Ela não era egoísta, soberba, não maltratava a
mocinha, não armava pra separar o casal, ela nem sabia que a mocinha existia e
ela foi odiada e xingada SÓ porque O protagonista tinha uma crush nela. Se, ao
invés do protagonista ter uma crush nela, ela fosse outra personagem secundária
aleatória, ninguém ia ter nada contra. Vocês percebem como isso é insano ou só
eu?
A
partir disso eu comecei a pensar que talvez, só talvez, nós mulheres sejamos
induzidas a nos odiarmos. A sociedade, a mídia, a família tradicional brasileira
(oi?), whatever, joga, constantemente, uma mulher contra a outra. A gente tem
de se arrumar pra ficar MAIS BONITA PRA OUTRA TER INVEJA, e não PRA EU ME OLHAR
NO ESPELHO E ME ACHAR MAIS BONITA! As divas pop são sempre colocadas umas
contra as outras: quem tem a melhor voz, o melhor cabelo, a mais bonita, o
melhor peito, a melhor bunda... A quantidade de votações online pra decidir
isso é imensa, mas eu quase nunca vejo fazerem isso com relação aos homens. A
quantidade de intrigas que os tabloides criam entre nomes como Taylor Swift e
Ariana Grande é muito maior do que entre Justine Bieber e Joe Jonas. É como se
houvesse uma pressão para que as mulheres competisse por tudo: roupa, cabelo,
maquiagem, beleza e HOMEM! Já ouvi várias vezes pessoas dizendo que as
mulheres, em suma, se odeiam. Eu já morei numa casa com mais um bando de mulher e sempre que nós dizíamos o quanto nos amávamos e nos dávamos bem ninguém acreditava. "Sério que vocês se dão bem? Sério que vocês não se odeiam? Vocês não se mataram ainda? Como?", era esse o tipo de coisa que eu costumava ouvir.
Mas
tem de ser assim? É assim? A gente acha mesmo essas coisas todas, essas
competições todas, tão importantes? Em contrapartida, sinto que os homens são
mais induzidos a serem companheiros uns dos outros. ELES SÃO INDUZIDOS ATÉ A
ACOBERTAREM AS COISAS ERRADAS QUE UM E OUTRO FAZEM! Tá, tudo bem, isso não é
regra, nenhum dos casos acima citados são regra, e as coisas estão mesmo
mudando, espero, mas... Vocês entendem como é assustador o fato? Como nós somos
induzidas a isso?
Se
o seu namorado te traiu, a culpa não só da outra mina que “é uma vadia”, é dele
também. É delE e é delA. Se o cara que você gosta arranjou uma namorada, que não
era sua amiga e tá te dando facada nas costas, ela não é puta, nem tem culpa de
nada. O cara simplesmente não gosta de você, assim você também não gosta de
outros caras. Tudo bem sentir ciúmes, sério, qualquer um sentiria, mas você não
precisa odiar a garota assim, de graça. E não tá liberado odiar as personagens
da literatura ou dos animus pelo mesmo motivo. Enfim, não vale a pena odiar
ninguém gratuitamente. Também não tá liberado odiar o OUTRO CARA só porque A MINA
QUE TU GOSTA não tá nem aí pra você e GOSTA dele. Nem sempre ele é um babaca,
okay? (Achei importante acrescentar essa última frase).
Em
suma, nós, mulheres, não devíamos nos odiar gratuitamente por nenhuma espécie
de conceito, imposição, ou construção social ou cultural. A gente não precisa competir o tempo todo, muito pelo contrário, nós devíamos nos unir, certo? E os homens também não
devem odiar uns aos outros. Nem os homens e as mulheres deveriam se
odiar mutuamente. Ninguém deveria se odiar de graça. Tem tanto amor por aí, o
que tá faltando mesmo (e não é de hoje não) é amar!
Boa tarde...
ResponderExcluirAchei o seu blog por meio de uma resenha e achei ele bastante interessante e gostaria de sabe aonde você posta as suas fanfic ( acho é que assim que se escreve kk).
Hey, man. Primeiramente, obrigada. Em segundo lugar: eu posto no Nyah! Mas elas são péssimas, não vá ler não kkk.
ExcluirMeninas Malvadas sempre com umas frases para se pensar, como as que tu colocou ali, apesar de muitas pessoas considerarem o filme totalmente fútil, eu discordo. E essa coisa toda da Cho, só verdades!
ResponderExcluirMeninas Malvadas é um filme adolescente bem bobinho, mas ele levanta umas questões importantes. Não é nada muito denso, mas é um bom gancho pra fazer adolescentes pensarem em certas coisas. Eu gosto dessas duas frases e acho o filme divertido.
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