"Você pode
fazer um contrato comigo e se tornar uma Mahou Shoujo!"
Não é de hoje que se ouve falar de Madoka, a mahou shoujo, a deusa, a
carta trunfo da New Pop... Existem piadas e comentários sobre Madoka espalhados
por todos os lados da internet. Quem ouviu falar sobre e ainda não conhecia já
deve ter procurado e se visto diante duma linda garotinha moe de cabelos rosa. Entretanto,
eu ousaria dizer que Madoka é mais do que isso.
Mahou Shoujo Madoka Magica é um anime do ano de 2011 que, aparentemente,
não tem nada de especial. O título já denuncia: mais um anime de mahou shoujo,
ou é isso que deveria ser. A história gira em torno Madoka, uma estudante comum
que vive uma vida comum até se encontrar com uma criatura misteriosa chamada
Kyubey que lhe a faz uma proposta: ela deveria fazer um contrato com ele e se
tornar uma mahou shoujo. Entretanto, apesar de parecer simples, ser uma mahou
shoujo é uma tarefa muito mais árdua do que se tem ideia.
Eu vejo Madoka como um claro exemplo de desconstrução. A história
desconstrói o que se espera do gênero mahou shoujo. A primeira coisa que me
chamou atenção é justamente a expressão, o nome do gênero, ali, bem no título
"mahou shoujo". Já assisti outros animes desse tipo, mas o nome do
gênero não havia aparecido, até então, desta forma. Madoka, escancara, logo de
início o tema da série e isso é algo interessante de se deparar. Outra coisa
que eu gosto é como tudo em Madoka gira em torno, num plano mais superficial,
do mahou shoujo. O foco não é um grande vilão que elas precisam derrotar, não é
algum reino perdido, não é um bruxo misterioso, não é nada disso; o que importa
é o mahou shoujo. Por que se tornar uma mahou shoujo? Por que uma mahou shoujo
luta? Qual o sentido de ser uma mahou shoujo? Afinal, o que é ser uma mahou
shoujo? O que é, exatamente, a existência de uma mahou shoujo?
Madoka gira e se desenvolve em torno dessas questões e desse universo.
Porém, não é só isso. O anime é diferente do que se espera das histórias comuns
de garotas mágicas. Claro que as personagens são fofas, claro que elas lutam
com graciosidade, claro que tem situações moe, entretanto, em oposição à tudo
isso há uma grande carga sombria. Madoka tem uma carga de mistério e também uma
carga sentimental muito grande, e a carga sentimental de Madoka é dolorosa. Dor
é o que não falta em Madoka.
O anime tem apenas doze episódios, mas acredito que ele se realize muito
bem dentro desse espaço. Você tem uma proposta apresentada, você tem muitas
voltas e você têm, em suma, personagens bem interessantes sendo expostos aos
seus olhos. E esses personagens são importantes para a toda essa ideia de
desconstrução do gênero, mistérios a serem descobertos e tudo o mais que
envolve o anime.
A primeira mahou shoujo com quem Madoka se depara, a primeira que ela vê
atuando, é a Tomoe Mami. Ela é um ano mais velha que as demais personagens e
aparenta ser absurdamente madura. A Mami tem uma presença considerável e é
muito gentil. A garota acaba se tornando a mentora de Madoka e Sayaka após
salvá-las do labirinto de uma bruxa. A Mami é, de uma certa forma, o ponto de
partida para que o expectador comece a perceber que Madoka não é um anime comum
de garotas mágicas, a postura de Mami enquanto mahou shoujo já começa a dar
sinais disso.
Miki Sayaka é uma amiga de Madoka. Quando as duas salvam Kyubey ela
também recebe o convite para se tornar uma mahou shoujo. Vejo um pouco a Sayaka
como "a enfurecida". Ela não é a mais enfurecida, talvez, mas ela tem
uma fúria muito grande dentro dela e isso vai além do pavio curto que ela já
demonstra ter. A Sayaka é engraçada, é divertida e eu ousaria dizer que a vida
de mahou shoujo a quebra. Toda essa responsabilidade, tudo o que isso traz,
tudo o que isso é de verdade leva Sayaka a situações e atitudes nada saudáveis.
Ela sente raiva, muita raiva.
Sakura Kyoko é uma mahou shoujo que aparece na cidade para reclamar
território. Inicialmente ela soa egoísta e arrogante, mas tem muito mais por
trás dela. Kyoko come pra caramba e tem uma interessante relação de antagonismo
com a Sayaka. Apesar do ar todo empertigado a mahou shoujo tem muito mais a
oferecer.
Akemi Homura é, aos meus olhos, uma das melhores personagens, de longe.
Não digo isso só porque ela é minha favorita ou só porque ela é muito
importante para a maneira como os fatos acontecem e sua conclusão, mas sim
porque ela é uma personagem que tem coisas a oferecer. A Homura tem meio que
"cara de nada". Ela soa fria, calculista, misteriosa e sempre sabe de
tudo. Ela faz o que precisa ser feito não importa quais sejam as consequências,
não importa o que aconteça. Homura tem um objetivo, uma missão e sabe o que
quer. É por isso que ela luta e ela faz de tudo para alcançar esse objetivo. A
Homura torceria um universo todo para chegar até onde ela quer e fazer o final
que deseja.
Então, temos Kaname Madoka, aquela
que dá nome ao anime, aquela por quem tudo acontece, aquela ao redor do que
tudo gira. A Madoka é minha segunda favorita, na verdade ela e a Homura são
meus grandes amores nesse anime, e ela é tão linda. Ela é fofa, gentil,
delicada, altruísta, pensa nos outros e sobre as coisas. Eu gosto da Madoka.
Nem sempre eu gosto das protagonistas de mahou shoujo, mas da Madoka eu gosto.
Tudo é construído de uma forma que não consigo não gostar dela. Ela é
importante e não é chata. Talvez não pareça, mas a Madoka é uma garota e tanto.
Preciso, ainda, falar do Kyubey. Ah, não se deixem enganar por essa
aparência fofinha. Esses olhos vermelhos, foquem nesses olhos vermelhos e
lembrem-se que as aparências enganam, e muito. O Kyubey é bem misterioso, em
alguns momentos você não sabe muito bem o que, afinal, ele planeja. Ele não é
mau, segundo seus próprios valores e objetivos, mas segundo os valores humanos
ele é mau. O tempo todo você sente que tem algo por trás dele, o tempo todo
você sente que ele não está se mostrando como é de verdade. Kyubey é um enigma
que vai se desvendando aos poucos, mas desde o início percebe-se que, nem de
longe, é o que parece ser.
Juntando todos os elementos de Madoka, posso dizer que gostei bastante
do anime. Eu gostei das músicas, do clima, do enredo. O final é satisfatório,
compreensível, tem um pouco aquela sensação de "tem de ser assim". Ao
longo do desenrolar da história também é possível notar algumas cenas com
menções ao sagrado e ao santo. Não digo isso num sentido cristão, embora,
algumas coisas sejam possíveis de se relacionar; mas, desde o início, em
determinados momentos eu senti um pouco que podia haver essa ou aquela ligação
com algo divino. Eu digo isso porque, no final, é algo muito escancarado e
aparente, talvez pareça um pouco surpreendente (não o final em si, mas a clara
relação com o divino), porém desde o início já se tem uma leve preparação para
isso.
Além do anime, Madoka tem três filmes e adaptação para mangá. Os
primeiros dois filmes são um resumão do anime, já o terceiro é uma espécie de
continuação, uma coisa a mais. Confesso que gosto mais da maneira que o anime
termina do que o terceiro filme. Não que o filme seja ruim, não. É legal, é
bom, é emocionante e eu chorei duas vezes mais com ele do que com o anime. Eu
desidratei com o filme, porém, em alguma coisa ele me incomoda. Talvez eu ainda
esteja digerindo, acho que deve ser isso. Quanto ao mangá existem várias
adaptações, dentre elas: uma que adapta diretamente o anime para mangá, tem
três volumes e o mesmo nome do anime; Puella Magi Kazumi Magica: The Innocente
Malice e ainda, Puella Magi Oriko Magica. Nos dois últimos mangás o enredo não
tem a ver, diretamente, com o enredo do anime.
Assistir Madoka foi uma experiência e tanto para mim. Eu entendi porque
tanta gente gosta do que parece ser apenas mais um mahou shoujo, eu vi uma
desconstrução de todo um gênero e fui completamente envolvida pela história.
Quem gosta de mahou shoujo deveria assistir Madoka, mas quem não gosta deveria
MESMO assistir, verdadeiramente tem um conceito bacana, me agradou bastante. À
primeira vista pode parecer apenas mais um anime de garotinhas mágicas se
transformando, pulando e agindo de forma fofa, mas não é nada disso e a mágica
de Madoka Magica é, exatamente, esta!
"Não se
esqueça. Sempre, em algum lugar, alguém está lutando por você. Enquanto se
lembrar dela, você não estará sozinho."
E temos aqui um dos melhores animes já lançados. Assisti pouco tempo depois do lançamento, então ainda não tinha essa mídia toda por volta do anime e eu assisti sem nem ter ideia do que esperar, e no final fiquei uns bons dias refletindo sobre ele, sobre essa questão de valores, certo e errado, bem e mal, etc. Enfim, mais uma ótima resenha (apesar de eu ter sentido um pequeno spoiler na parte do maldito do Kyubey). Que Madoka abençoe esse blg.
ResponderExcluirMadoka é um destruidor do paradigma do mahou shoujo, sim! Essa é a coisa mais legal dele. Obrigada por ler e, sim, eu sei que spoilei o Kyuubey, mas não dá pra deixar as pessoas caírem na dele e... Não, é que eu sempre soube que ele era um capeta e isso só me instigava a ver ainda mais o anime. Que Madoka me abençoe, por favor, e ouça nossas preces hoje e sempre!
ExcluirMULHER EU MORRO DE MEDO DAQUELE KYUBEY
ResponderExcluirDesde que comecei a ver o anime fiquei naquela de: Ihhhhhhh, tem caroço nesse angu
Adorei sua resenha e me ajudou a pôr em ordem os pensamentos sobre o anime, inclusive sobre esse Kyubey q eu sabia q tinha motivos pra não gostar tanto dele.
Eu até gostava mais dele no começo, mas qnd foi se desenvolvendo o anime... JESUS CRISTO EU TENHO PESADELO COM ESSE THEMONIO
Mas tudo bem né, fzr o q